Deu branco

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Nos concursos de karaokê, esquecer a letra da música não significa ‘ser vaiado’

Fotos Divulgação

Subir no palco, encarar o público e fazer bonito, após meses de treino. Tarefa das mais simples, na teoria. Entretanto, só quem está lá sabe o quanto é complicado controlar a emoção e superar a ansiedade. Imagine, então, quando vem aquele branco e, na hora H, o cantor esquece a letra. Pois é, situação totalmente inesperada, mas suscetível para quem convive com apresentações ao vivo.

Que o diga os cantores de karaokê que participam de concursos durante o ano. No último Paulistão, realizado em Suzano, alguns cantores tiveram a infelicidade de, na hora de cantar, esquecer a letra. Segundo alguns jurados, diversos fatores podem levar ao “branco” na hora de entoar a canção. Estresse, nervosismo e ansiedade lideram o ranking dos vilões dos cantores.

“Realmente é muito ruim você subir no palco e, naquela hora tão esperada, errar a letra. É uma sensação de fracasso e tristeza”, define o cantor Kazuyoshi Yassuda, que, durante a execução de sua música, errou a letra e teve de sair antecipadamente do palco. “Não sei o que houve. Me confundi e troquei as estrofes. Foi uma pena”, lamenta.

No caso de Yassuda, não foi a falta de treino e nem a dificuldade da letra – em japonês – que ocasionaram no erro, segundo ele. As causas, confirma, foram emocionais. “Por vezes, os cantores ficam nervosos. Aquele ambiente antes de entrar no palco é estressante, afinal, colocaremos à prova meses de treinamento, sem contar que dezenas de pessoas estão ali, avaliando. Quando acontece de esquecer a letra, sentimos vergonha, claro. Mas, em compensação, recebemos o carinho e solidariedade das pessoas. Isso vale a pena”, explica.

Tal solidariedade é vista com freqüência nos concursos. Por lá, o clima de união e harmonia entre os participantes ainda são mantidos – características essas que vêm da época da imigração, quando os japoneses realizavam festas e entoavam as canções de sua terra natal. Tradição essa que se mantém até os dias de hoje. Segundo Yassuda, essa sinergia traz tranqüilidade, por mais que alguém no palco erre a canção. “É reconfortante”, garante.

Para especialistas em canto e professores de karaokê, não é só o nervosismo pontual que afeta na apresentação, ocasionando, assim, o erro. O fato da música não ser na língua nativa traz diversas dificuldades, especialmente quando a técnica usada é a de decorar a letra, sem conhecer, realmente, o que está sendo cantado. “Realmente, quando entramos no palco, procuramos dar ênfase na técnica e, por estar tão preocupado com a vocalização, perdemos o foco. Aí, ocasionam erros como o meu”, avalia Yassuda.