A febre dos doramas no Brasil
Texto Tamires Alês / Fotos Reprodução
Já ouviu falar em dorama? Já assistiu algum? Não? Pois, a Mundo Ok explica o que são e como essa febre ultrapassou as fronteiras asiáticas e invadiu as terras brasileiras. Também conhecidas como dramas, as produções televisivas (uma mistura de série e novela) de países como Japão, China, e principalmente, Coreia do Sul, caíram no gosto do público de diversos países, e arrebataram o coração dos brasileiros.
Os dramas são populares, especialmente, entre os jovens e estão presentes em serviços de streaming como o DramaFever e o Viki, especializados no gênero, e até a gigante americana Netflix embarcou na onda oriental, disponibilizando diversos doramas em seu catálogo e, inclusive, produzindo-os. Como “Atelier” – com enredo similar ao filme “O Diabo Veste Prada” –, uma série original do Netflix e primeiro drama produzido com a rubrica do maior site de streaming do mundo.
Se há alguns anos os doramas japoneses eram comuns nas casas da comunidade nipo-brasileira e movimentavam um comércio de venda de DVDs, a onda “hallyu” ou “onda coreana” – movimento de popularização da cultura sul-coreana que tem como maior expoente os grupos de k-pop e se espalhou pelo Brasil nos últimos anos – popularizou o k-drama, jogando luz sobre as produções asiáticas e ampliando os fãs para além das comunidades orientais presentes no Brasil.
Assim como as novelas brasileiras, os dramas são gravados localmente e exibidos na TV aberta dos países orientais, produzidos pelas grandes emissoras asiáticas, como “SBS”, “KBS”, “Fuji TV” e “GTV”. Mas, ao contrário dos folhetins tupiniquins, os doramas são mais curtos. “Uma média de 16 episódios para os dramas coreanos, em torno de 30 a 40 para os chineses, e os japoneses costumam ser mais curtos, cerca de 12”, conta a tradutora e intérprete do DramaFever, Sayuri Nagahama.
As histórias podem ser adaptação de mangás (os quadrinhos japoneses) ou um roteiro original com temas diversos: suspense, policial, de época, mais contemporâneo, do mundo corporativo, dramas médicos, tramas adolescentes, tem para todos os gostos.
“Mas, um tema que é presente em todos os gêneros são as histórias de amor. Na maioria dos dramas, o amor e o romance são bastante importantes para a trama”, explica a jornalista, escritora e youtuber, Gaby Brandalise. Em seu canal, Gaby fala sobre escritas, k-pop e k-drama, ela também é autora do livro “Pule, Kim Joo So”, romance inspirado em dramas coreanos, que mistura cultura brasileira e coreana. “O ritmo dos doramas, principalmente, os k-dramas é mais acelerado, a história corre de uma maneira alucinante. Não tem enrolação, em um episódio muita coisa acontece, os roteiristas coreanos são brilhantes, sabem criar histórias dinâmicas e muito ágeis”, detalha Gaby.
“Questões polêmicas, que muitas vezes são debatidas em novelas brasileiras, ainda permanecem um tabu na Ásia. Apenas um ou outro drama tem abordado esses temas”, revela Sayuri.
Como tudo começou
“As pessoas que cresceram em famílias asiáticas estavam acostumadas com os dramas desde crianças, já que nossos avós assistiam as novelinhas que passavam em emissoras como a japonesa NHK, mas era algo bem restrito as famílias orientais”, lembra Sayuri.
“Na época dos decasséguis, na década de 1990, era comum eles enviarem as fitas com as novelas japonesas para os parentes no Brasil”, conta a jornalista e historiadora, Célia Oi. “Atualmente, as novelas coreanas estão ganhando mais espaço por terem um ritmo mais rápido, com assuntos mais contemporâneos”, ressalta Celia.
Sayuri lembra que a febre global dos dramas coreanos começou por volta de 2002 com a novela “Winter Sonata”. A história de amor conquistou o público coreano e foi exportada para diversos países por meio dos fansubs – grupos de fãs que criam legendas e disponibilizam os episódios para download na internet. “Na época e por muito tempo, os fansubs foram a única forma de divulgação dos k-dramas no Brasil”, conta.
Sites oficiais como DramaFever são bem mais recentes. “O DramaFever foi lançado em 2009 e o primeiro drama a ser disponibilizado pela plataforma foi Coffee Prince que ainda continua fazendo um grande sucesso mesmo sendo antigo”, enaltece o gerente geral da DramaFever para América Latina, Air Filho. “Começamos a disponibilizar legendas em português em março de 2014. Hoje contamos com mais de 400 títulos traduzidos para o público brasileiro”, ressalta Filho.
“Até alguns anos atrás, o mercado dos dramas era restrito apenas ao público que ia a eventos de cultura japonesa. A ‘onda coreana’ popularizou as séries asiáticas, e o interesse por elas só tem crescido desde então”, esclarece Filho. “O Brasil é o segundo maior mercado em termos de assinantes e vídeos assistidos, perdendo só para os Estados Unidos e ganhando de países como Canadá e México”, afirma. Segundo ele, a plataforma tem 21 milhões de visitas mensais no desktop e o Brasil representa 9% dos acessos.
E no que depender de Luiza Sugimoto o número de acessos no Brasil só vai aumentar. A dona de casa de 57 anos é fã assumida dos dramas. “Comecei a acompanhar em 2008, adorei e não parei mais. Assisto mais as coreanas por serem mais curtas e terem temas mais contemporâneos. As chinesas estão ficando cada vez melhores também”, revela.
Atualmente Luiza coleciona mais de 500 DVDs em sua estante, além de assinar os três principais sites de streaming. “Nesses anos todos, com certeza já assisti mais de 1000 dramas orientais. E até hoje se gosto muito de um eu compro o DVD para ter na minha coleção”, confessa. “Eu converso com as minhas amigas e minha irmã sobre as novelas, trocamos indicações, além de assistirmos juntas. É muito legal”, completa Luiza.
O futuro dos doramas
E se este mercado ainda tem espaço para crescer no Brasil, a resposta é unânime: Sim! “Acho que o mercado está só começando a crescer em nosso país. Ainda tem muita gente que precisa conhecer as produções coreanas, ainda tem muita coisa para acontecer nesse mercado, a cultura coreana tem muito caminho para percorrer no Brasil ainda. Não acho que seja algo temporário, acredito que é algo que veio para ficar”, enfatiza Gaby.
Sayuri concorda e manifesta a sua vontade: “Espero que os dramas cresçam cada vez mais aqui no Brasil. Meu sonho é poder ver mais dramas chineses e tailandeses nos sites de streaming também”, deseja.
“As pessoas ainda têm um pouco de resistência pelo estilo narrativo dos dramas coreanos, acham que são piegas, melodramas. Mas, eu gostaria de convidar a todos para se jogarem nesse universo, se abram para essa experiência. Porque são histórias originais, muito bem contatas, lindas e inspiradoras, com certeza as pessoas vão se surpreender”, finaliza Gaby.
E aí? Aceita o desafio? A Mundo Ok preparou uma lista especial para quem quer conhecer o mundo dos dramas. Confira a seguir!
No universo dos dramas orientais
Se você, caro leitor, nunca assistiu a um drama oriental, a Mundo Ok separou as dicas de nossos entrevistados e montou uma lista com diversos sucessos para você adentrar neste mundo. Bom drama!
Ichi Rittoru no Namida
Drama japonês • 2005 • 11 episódios • romance
Também conhecido como 1 litro de lágrimas, o j-drama é inspirado na história real de Aya Kito, uma estudante de 15 anos que foi diagnosticada com degeneração espinocerebelar, e ao lado de sua família lutou com determinação para vencer a doença, sempre com um sorriso no rosto. Aya enfrentou a doença até seus 25 anos e registrava o que sentia e toda a sua luta em um diário, ela continuou a escrever até que não conseguisse mais segurar a caneta. Além do drama, a história de Aya foi contada também em livro, mangá e filme.
Itazura na Kiss: Love in Tokyo
Drama japonês • 2013 • 16 episódios • comédia romântica
Uma nova adaptação japonesa do eterno mangá Itazura na Kiss, de Kaoru Tada, estrelado por Honoka Miki e Yuki Furukawa. O j-drama conta a história de amor entre Aihara Kotoko e Irie Naoki. Após ser rejeitada por Naoki, o destino resolve unir os dois personagens novamente. Além de mangá, Itazura na Kiss também inspirou um animê e séries de outros países como o k-drama “Playful Kiss”, o drama taiwanês “It started with a kiss” e o tailandês “Kiss me”.
Hana Yori Dango
Drama japonês • 2005 • 09 episódios • comédia romântica
Um dos grandes doramas de sucesso com os adolescentes, o J-drama conta a história de Makino Tsukushi, uma garota de família pobre que consegue ser admitida em uma escola de alto padrão. Na Eitoku Gakuen um famoso grupo de quatro rapazes chamado de Flower Four ou F4 são os mais populares e dominam o colégio. Makino acaba se envolvendo em uma espécie de triângulo amoroso com dois dos membros do F4: o líder do grupo, Tsukasa Doumyouji, e o gentil Rui Hanazawa. O drama também ganhou uma versão coreana: “Boys Over Flowers”.
Descendants of the Sun
Drama coreano • 2016 • 19 episódios • romance
Será possível uma história de amor entre um capitão das forças especiais, Yoo Shi Jin, e uma talentosa cirurgiã, Kang Mo Yeon? Mesmo que cada um trabalhe com valores opostos: um soldado que tira vidas e uma médica que as salva? Esse é o enredo do k-drama “Descendentes of the sun”, megassucesso da aclamada dupla de diretor-roteirista, Lee Eung Bok e Kim Eun Sook – que também são responsáveis por “Goblin”.
Goblin: The Lonely and Great God
Drama coreano • 2016 • 18 episódios • fantasia
Um dos poucos dramas coreanos gravado no Canadá, “Goblin” apresenta um romance sobrenatural, que mostra que o amor pode superar tudo, incluindo a morte. Um lendário “goblin”, Kim Shin (Gong Yoo), cansado da sua vida imortal, resolve acabar com ela, mas para isso precisa arranjar uma noiva humana. Porém, as coisas se complicam quando ele começa a se apaixonar pela otimista estudante do ensino médio Ji Eun Tak (Kim Go Eun) e encontra motivos para permanecer vivo.
Iris
Drama coreano • 2009 • 20 episódios • ação
Ação, espionagem, aventuras e romance marcam este k-drama estrelado pelos agentes do Sistema de Segurança Nacional (NSS) Seung Hee (Kim Tae Hee) e Hyun Jun (Lee Byung Hun). Após uma missão na Hungria, Hyun Jun sai numa cruzada por vingança após saber da existência de uma organização terrorista conhecida como Iris.
The Master’s Sun
Drama coreano • 2013 • 17 episódios • comédia romântica com traços de terror
Escrita pelas irmãs Hong, The Master’s Sun é uma divertida comédia romântica, com traços de terror, que conta a história de um casal improvável. Ele, Joo Joong Won, um CEO egoísta, que só pensa em dinheiro. Ela, Tae Gong Sil, uma mulher que já teve uma vida brilhante, mas por causa de sua capacidade de ver e ouvir fantasmas, vive com medo até mesmo de dormir.
Tengoku no Kaidan
Drama coreano • 2003 • 20 episódios • romance
Também conhecido como “Escadas para o céu”, o drama coreano conta a história de amor em torno de Han Jeong-seo e Chan Song Joo, que se conhecem desde a adolescência. Ambos tiveram a perda familiar, e Jeong-seo tem de se adaptar à nova esposa de seu pai Han Soo Ha. Após se separarem por anos, só o amor de Song Jo, será capaz de fazer Jeong-seo recobrar sua memória, após um acidente.
Ode to Joy
Drama chinês • 2016 • 42 episódios • comédia romântica
Baseada no romance de Ah Nai, Ode to Joy é o drama contemporâneo mais visto na China. A história é um clássico moderno sobre o valor da amizade na correria da vida. Quando cinco mulheres extremamente diferentes compartilham o 22º andar do condomínio “Ode to Joy”, em Xangai, e apesar das diferenças se tornam companheiras e amigas para a vida, enfrentando os obstáculos como uma irmandade.