Muito além da música: a influência do K-pop entre os jovens brasileiros
Texto: Cibele Hasegawa / Fotos: Daniel Yonamine
Por definição, K-pop é a abreviação de Korean pop, um gênero musical que mistura diversos estilos como rock, hip hop, música eletrônica, entre outros ritmos musicais. Mas o pop coreano vai muito além de sua batida, trazendo uma combinação de melodias viciantes, coreografias únicas, clipes bem formatados, figurinos icônicos e produção impecável. Nessa receita entram também artistas atraentes, que passam por anos de treinamento para cantar e dançar com perfeição e se tornarem verdadeiros ídolos.
Não é à toa que o K-pop se tornou um fenômeno global, chamado de “onda hallyu”. O termo foi criado pelos chineses em meados da década de 1990, quando o entretenimento coreano começava a conquistar a Ásia. Na atualidade, os hits atravessaram oceanos e arrebatam fãs mundo afora. Em terras tupiniquins, esse sucesso já chegou até mesmo nas rádios brasileiras. Na rádio Disney, por exemplo, o grupo coreano BTS chegou a ocupar o primeiro lugar entre as músicas mais tocadas.
E como se esse feito não fosse suficiente, a música pop coreana mostra uma força ainda maior, despertando o interesse pela dança e formando uma grande comunidade em que fãs encontram identificação e acolhimento. “O K-pop mostrou para as pessoas que elas conseguem dançar, que é acessível. Os grupos postam diversos vídeos de ensaios, o que facilita tentar fazer igual”, afirma o dançarino e coreógrafo Thiago Tang, professor de K-pop do Centro Cultural Coreano no Brasil.
À medida que a popularidade da música pop coreana cresce, aumenta também a procura pela dança. Para se ter uma ideia, em 2014, havia um total de 20 alunos nas duas turmas de aulas de dança do Centro Cultural Coreano no Brasil. Atualmente, esse número quadruplicou para 100 pessoas matriculadas, e ainda há uma grande lista de espera para as próximas turmas. Essa vontade de aprender as coreografias tem incentivado ainda a conhecer e treinar outros estilos, além de formar grupos covers, segundo Thiago.
Isso tem um efeito bastante positivo entre os jovens. Além de combater o sedentarismo, a dança e o k-pop beneficiam ainda outros aspectos, como a socialização, a coordenação motora e o aumento da autoestima. “Como havia acabado de me mudar para São Paulo, a dança me ajudou a conhecer mais pessoas com os mesmos gostos, fazer amigos, além de melhorar a minha memória”, conta a designer Ohana Norberto Santos, 26, que foi uma das primeiras alunas do CCCB e desde 2016 é dançarina do Countdown, grupo cover de K-pop.
A onda coreana também tem impulsionado e incentivado o conhecimento cultural. Para entender as letras das músicas e as séries, muitos admiradores passaram a aprender a língua, pesquisar sobre o país e conhecer mais as tradições. “A cultura e o K-pop fazem parte da minha vida”, afirma Ohana, que faz aulas de língua coreana e já viajou para a Coreia do Sul como bolsista do governo coreano.