Cooperação cultural entre Brasil e Japão

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Professora japonesa pretende usar experiência no Colégio Brasília para ajudar estudantes brasileiros no Japão

Texto: Cibele Hasegawa

Fotos: Divulgação

A professora de educação infantil Yoko Takamatsu não sabia quase nada sobre o Brasil, tampouco falava português. Mas a vontade de trabalhar fora do país e ajudar seus estudantes no Japão a motivou a atravessar oceanos. Takamatsu participa de um programa da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), que propõe maior compreensão e cooperação entre os dois países, enviando voluntários japoneses que contribuirão para o desenvolvimento da comunidade nipo-brasileira.

 

Aqui, Yoko dá aulas de língua e cultura japonesa no Colégio Brasília, que há oito anos recebe educadores do projeto. “Sempre quis trabalhar no exterior”, orgulha-se ao falar sobre a realização de um de seus objetivos. De forma lúdica, ela apresenta um universo de elementos tradicionais que educam e divertem os pequenos, como o origami, o kirigami e jogos típicos. “Parece só brincadeira, mas o intuito é ampliar a visão das crianças e despertar o interesse e a curiosidade pelo Japão e por outros países e culturas”, explica a professora.

 

Além de promover um conhecimento novo, as crianças são estimuladas a aprender mais e a dialogar sobre isso. Segundo Ayako Kuba Sakamoto, diretora e fundadora do Colégio Brasília, os pais relatam que os filhos chegam empolgados para contar o que aprenderam. “Isso cria oportunidades para conversas, aproxima a relação familiar, cria interesses em comum entre eles”, ressalta Sakamoto.

Além de beneficiar o Brasil, o programa oferece essa vivência aos educadores para que eles também possam auxiliar a comunidade brasileira no Japão – justamente uma das motivações que fizeram Yoko vir para cá. Ela atua em uma escola em Aichi, uma das províncias com maior concentração de brasileiros. “Onde eu trabalho há muitos brasileiros, mas ninguém lá sabe português. Então, se eu aprendesse, eu poderia ajudar muito mais os pais e os alunos”, explica a professora, revelando que a língua ainda é uma barreira para diversas famílias de lá.

 

Mas não é só o idioma que ela leva em sua bagagem. Após quase dois anos aqui, e às vésperas de voltar para seu país natal, a sensei afirma que se encantou com relação familiar e calorosa entre professores e alunos. É essa proximidade que ela pretende exportar para o arquipélago. Ainda que abraços e beijos não sejam permitidos, ela pretende driblar as barreiras por meio de gestos e palavras simples. E exemplifica: “no Japão não costumamos dizer o nome em uma saudação. Então, vou começar a cumprimentar dizendo o nome da pessoa: ‘Bom dia, Yoko!’”. Embora seja bastante sutil, são pequenos detalhes que fazem toda a diferença para formar esse elo amistoso e fazer o aluno se sentir especial.

“É muito generosa a intenção do governo japonês em proporcionar essa experiência tão rica e única aos professores, e que ainda ajuda tanto os brasileiros daqui como de lá”, elogia a fundadora do Colégio Brasília, que também mantém convênio de intercâmbio com a escola japonesa Okinawa Shougakko.

 

Para Yoko, a oportunidade valeu muito a pena. E quando perguntada o que ela mais gostou do Brasil, a resposta foi bem incisiva: “as pessoas”, exclama. “Os brasileiros são muito alegres, simpáticos, estão sempre rindo”.