Tsunami coreano

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Tendo o K-pop como carro chefe, uma verdadeira onda de cultura coreana se espalha por todo o País

Cinthia Yumi / Fotos Mundo OK, reprodução e site nammiro.com.br

O sucesso do K-pop (gênero musical coreano que começou a se expandir na Ásia na década de 90 e ganhou força no Brasil há cerca de 3 anos) trouxe consigo uma verdadeira onda coreana, ou seja, a popularização da cultura  sul-coreana, em especial por causa do público jovem que idolatra as boy e girl bands coreanas.  Essa onda ou “hallyu” inclui ainda a música clássica, as novelas, o cinema, as artes plásticas, a moda e as danças coreanas.

De olhos bem abertos a essa difusão da cultura pop coreana na América Latina, em especial no Brasil, representantes daquele país estão estreitando contato com o nosso País para estudarem juntos, a possibilidade de maior intercâmbio entre ambos.  Prova disso, é a recente visita de representantes da Korean Foundation – entidade responsável pela divulgação da cultura coreana – à Embaixada Sul-Coreana, em Brasília. “O intercâmbio cultural é uma das grandes ferramentas para melhorar o conhecimento entre os países. O governo coreano aproveita o interesse pelo K-pop no exterior para a promoção da cultura coreana por meio do intercâmbio” diz o Embaixador Kyong Lim Choi.

Segundo ele, embora o K-pop seja o carro chefe da divulgação da cultura popular sul-coreana no Brasil, a política de incentivo do governo visa difundir outros aspectos culturais daquele país, como artes plásticas, novelas, gastronomia e cinema. “… Não se pode esquecer que a Coreia, como um país de 5 mil anos de história, possui um legado cultural bastante elaborado e diversificado, com sua tradição musical, de dança, literatura, belas artes e etc…”

Uma pequena mostra da criatividade sul-coreana acabou de ser exibida nos Centros Culturais do Banco do Brasil de Brasília e Rio de Janeiro, com a mostra “Recortes do Cinema da Coreia do Sul” . Os  11 longas de novos talentos e cinco do já renomado cineasta Im Kwon-taek enfatizam temas como terror, violência e um tanto sobre sexo. Entre as novidades do cinema sul-coreano estava o filme “Zona de Risco” (foto) , de Park Chan-wook (Coréia do Sul, 2000), que mostra a amizade entre dois soldados das duas Coreias.

Ainda para este semestre, provavelmente em maio, deverá ser celebrado o Dia da Cultura Coreana, no bairro do Bom Retiro,em São Paulo. Aindasem data definida, mas com a confirmação de dois dias de programação, o evento deverá receber um público de cerca de 20 mil pessoas ávidas por experimentar um pouquinho de tudo da cultura coreana. “No primeiro dia teremos uma amostra das várias vertentes culturais que integram o bairro do Bom Retiro. No dia seguinte, a ênfase será dada à cultura coreana, com exposições até comidas típicas”, explica Lisa Um, diretora do departamento cultural da Associação Coreana do Brasil. O evento contará com exposição de quadros e letras coreanas; demonstração de caligrafia; danças folclóricas; orquestra, gastronomia típica – com cerca de 40 barracas servindo as iguarias coreanas – e é claro, muito K-pop. “Por causa do K-pop os jovens brasileiros têm se interessado pela cultura coreana, sobretudo pelo idioma”, finaliza Lisa.

Segundo informações do departamento de Relações Públicas da Embaixada sul-coreana no Brasil, deverá haver, em Brasília, um grande festival gastronômico de pratos típicos daquele país, no segundo semestre do ano e, ainda alguns shows de K-pop. “Pessoalmente, espero que um dia os grupos  Super Junior ou Girls Generation também possam se apresentar no Brasil, a fim de agradecer aos fãs brasileiros o interesse pelo K-pop”, finaliza o Embaixador Choi.

Indústria musical

O K-Pop é um gênero musical coreano, POP é a música popular coreana, que teve início nos anos 1990. Nasceu na mesma época que os grupos de Pop americano, como BackStreet Boys e N’Sync. Na ocasião, as bandas de maior destaque eram H.O.T e G.O.D.. Até que no começo dos anos 2000 o K-Pop estourou no Japão, com o grupo D.B.E.S.

Os fãs de J-Pop, animes e mangás, passaram a gostar e a preferir o K-Pop. Mas, foi em 2010 que o K-Pop se espalhou pelo mundo, invadindo os Estados Unidos, Europa e América Latina. Nessa época também que o governo sul-coreano percebeu o poder do K-Pop e como ele estava forte não só na Coreia, como em vários países. Aí começou a investir no gênero, com programas, concursos, espalhando pelo mundo o Hallyu, a onda de K-Pop pelo mundo.

Quem dá a explicação acima é Natália Pak, 24 anos, estudante de Design Digital e criadora do site SaranlnGayo (www.saraningayo.com.br). Especializado em música coreana, o site leva no título a tradução literal para o português de  “amor pela música coreana”.

Nas ondas da web desde 2008, o site tem por missão difundir não só o K-pop, mas outros ritmos daquele país, desde baladas, passando por gospel e chegando ao rock. Especialista no assunto, Natália faz alguns comparativos desta música peculiar, que segundo ela, começou a “bombar” de fato no Brasil em 2011, quando as primeiras bandas começaram a fazer shows no País. “Assim como os pops americanos, os coreanos também têm a característica de serem “chicletes”, com refrões que grudam na cabeça. É um ritmo bem dançante, muito coreografado, danças bem animadas, a diferença para o pop americano está realmente na letra, as coreanas são mais inocentes e românticas”, diz.

Segundo ela, hoje o cenário musical coreano deve contar com cerca de 500 bandas do estilo e, praticamente todas, têm a mesma estrutura: talento, boa imagem, bom marketing. A estratégia é “aparecer” em comerciais de TV e programas de auditório. Mas, os shows mesmo só são feitos pelas maiores bandas pops.

Como característica marcante desses grupos, Natália destaca o fato de serem numerosos – geralmente contam com dez integrantes, todos de18 a25 anos, que foram previamente treinados para compor o grupo. “São bandas só de meninos ou só de meninas. As girl bands têm um lado mais apelativo e um lado mais meigo e romântico. Já os grupos de meninos apostam no moderno e tecnológico”, conta ela.

Com tanta fartura de bandas K-pop e o aumento do gosto dos brasileiros pelo gênero musical, Natália acredita que “2012 será o ano do K-pop no Brasil” e arrisca : “quem sabe um Big Bang não aparece para fazer um show por aqui?”. Aos fãs, resta torcer!

 

ZE:A no Brasil

Dois integrantes do grupo visitaram o Brasil pela primeira vez  e gravaram especial para TV coreana

Enquanto aguardam pela vinda dos ícones de k-pop ao Brasil, os fãs brasileiros puderam se deliciar com uma “amostra” do grupo ZE:A, realizado no fim de janeiro, no bairro do Bom Retiro,em São Paulo.  Naocasião, dois dos nove integrantes da boy band visitaram o País para gravar o “Star date with ZE:A”, um especial para a TV coreana, sobre o encontro de ídolos e fãs do K-pop.

Gravado pela primeira vez no Brasil, o programa mostra a seleção das duas vencedoras de um total de 28 garotas que tiveram de mostrar seu talento musical no palco. São elas, a mineira Naya Brasil, 16 anos, e a paulista Ana Carolina do Nascimento, 20 anos.

Como prêmio, elas ganharam CDs da banda e passaram dois dias com os ídolos Kevin e Jun Young. “Nossa, parece um sonho. Ainda não acredito que irei conhecê-los pessoalmente”, dizia uma entusiasmada Naya.

Antes do passeio com as meninas, Kevin e Jung Young deram uma amostra do talento musical e levaram uma plateia de cerca de 1 mil pessoas ao delírio no auditório da Igreja Católica Coreana,em São Paulo. Enquantoa dupla fazia suas coreografias ágeis e até sensuais, o que se ouvia  eram gritos aos montes  das fãs e até era possível presenciar lágrimas de uma emoção adolescente que não tem explicação. “Eles são lindos e como dançam bem!”, dizia uma das fãs enquanto gritava e tentava encontrar a melhor posição para clicar os garotos.

Depois do show, a dupla asiática não mediu palavras para agradecer ao carinho das fãs e também falou do que gostaria de conhecer no Brasil. “Conheço o futebol e também a fama do bom café brasileiro e da boa comida. Durante a estada por aqui quero experimentar o cafezinho”, disse Jun Young. “Dessa vez, só dois de nós pudemos vir ao Brasil, mas queremos retornar, num futuro próximo, com toda a banda”, finalizou Kevin.

 

Top 4

Quatro bandas coreanas que você não pode deixar de escutar

Para ilustrar um pouco esse universo do K-Pop, um dos estilos mais contagiantes do momento, a Mundo Ok, com a ajuda da Natália Pak, fã e criadora do site SaranInGayo, especializado em música coreana, montou uma seleção com as quatro bandas mais populares entre os fãs e que você precisa muito escutar. Confira!

Super Junior

Conhecida também por SuJu, o Super Junior foi um dos primeiros grupos a lançar uma “boy band” com vários integrantes, lançando uma tendência dentro do mundo do K-Pop. Inicialmente eram 13 – LeeTeuk, HeeChul, YeSung, KangIn, ShinDong, SiWon, HanGeng, SungMin, DongHae, EunHyuk, RyeoWook, KyuHyun e KiBum, atualmente contam com 10 integrantes. A banda nasceu em 2005 e até hoje acumula sucessos como os singles “U”, “Sorry, Sorry”, “Bonamana” e “Don’t Don”. Eles são tão famosos na Ásia, que tiveram que formar “sub-grupos” para apresentar diferentes estilos musicais e se focar em diferentes públicos. São quatro no total: Super Junior-K.R.Y, Super Junior-T, Super Junior-M e Super Junior-Happy.

Big Bang

Formada por G-Dragon, T.O.P, TaeYang, SeungRi e DaeSung, o Big Bang é considerado um dos maiores nomes do K-pop atual. Lançado em 2007, um dos primeiros sucessos do quinteto foram os hits “We Belong Together” e “La LaLa”. Com seu estilo hip-hop e as reboladas características, os garotos do Big Bang conquistaram o gosto do público, não só na Coreia, como em vários países. Quando lançaram o miniálbum “Always”, a “boy band” estourou nas paradas de sucesso com a música “Lies”. Eles também gravaram uma versão de “This Love”, sucesso do grupo Maroon 5, cantada por G-Dragon, como uma canção solo.

Girls’ Generation

Composta por nove garotas, o So Nyeo Shi DAE (SNSD), também conhecido como Girls’ Generation, é uma das “girl bands” preferidas dos fãs de K-pop. Com canções em coreano com pinceladas em inglês, refrões que “grudam” na cabeça e passos bem coreografados, TaeYeon, Jessica, YoonA, SeoHyun, SooYoung, Sunny, Tiffany, HyeoYeon e Yuri viraram febre na Coreia. O maior sucesso do grupo é “Gee”, que dominou as paradas de sucesso coreanas. Outros hits de destaque são “Tell Me Your Wish (Genie)”, “Oh!”, “Run Devil Run” e “Hoot”.

Wonder Girls

Sunye, YeEun, SoHee, YooBin e HyeLim formam atualmente a Wonder Girls, a “girl band” sucesso não só na Coreia como também nos Estados Unidos. Elas conquistaram os fãs com os hits “Tell Me”, “So Hot” – o MP3 da música obteve o maior número de downloads na Ásia, em 2008 – e “Nobody”, que com um visual inspirado nas cantoras dos anos 1950, impulsionou o grupo e abriu as portas para a carreira nos Estados Unidos. A versão em inglês da música debutou na Billboard Hot 100 (parada com as músicas mais vendidas dos EUA), fazendo com que a Wonder Girls se tornasse as primeiras coreanas a entrar nas paradas americanas.