Prestação de contas

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Niatre apresenta os resultados do trabalho realizado, durante dez meses, com os retornados do exterior 

Fotos Divulgação Niatre

Após enfrentar muitas dificuldades para se manter, o Núcleo de Informação e Apoio a Trabalhadores Retornados do Exterior (Niatre) – um convênio entre o Instituto de Solidariedade Educacional e Cultural (Isec) com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – apresenta os resultados dos dez meses de funcionamento da entidade, entre 10 de janeiro e 09 de outubro de 2011.

O Núcleo tem como principal objetivo oferecer serviços de orientação e encaminhamento para empregos aos trabalhadores que retornam do exterior, e nos últimos dez meses atendeu quase 1500 pessoas em várias modalidades, como trabalho e emprego, empreendedorismo e associativismo, saúde e previdência social, assuntos ligados a educação, jurídicos, imposto de renda e documentos. Sendo os mais procurados, a área de trabalho e emprego com quase 900 atendimentos, e orientação sobre documentação, mais de 200 retornados atendidos.

Se somados as participações nas palestras, oficinas e workshops realizados pela entidade ao longo do ano, o número chega a quase 2 mil atendimentos. Entre os eventos, destaque para a palestra sobre imposto de renda, e as realizadas durante o Festival do Japão; o curso de informática; e o encontro dos participantes do Programa “Time do Emprego”, projeto que orienta os participantes a elaborar o currículo, como se portar em entrevistas e também a identificar as melhores vagas para o seu perfil no mercado de trabalho.

Além dos atendimentos tradicionais, o Niatre “se deparou com situações diversas e fomos enfrentando e tentando resolvê-las na medida do possível”, explica o presidente da entidade, Reimei Yoshioka. Segundo ele, a instituição também auxiliou os dekasseguis que perderam tudo durante o tsunami que devastou o Japão no mês de março; ajudou os retornados que estavam internados em hospitais e até mesmo colaboraram na localização de familiares de um retornado falecido.

De acordo com Yoshioka, entre os atendidos durante os dez meses de trabalho, a maior parte é do sexo masculino, com idade entre 36 e 45 anos, que ficou cerca de 15 anos fora do Brasil, e a maioria retornou do Japão, mais de 900 pessoas. “A maior parte dos retornados viveem São Pauloou na Grande São Paulo e está desempregada”, revela.

Como a maioria dos atendidos, Ricardo Yuji Hirata, de 39 anos, passou muitos anos fora do Brasil, trabalhando no Japão, “foram 12 anos consecutivos de muita labuta, ansiedade e incertezas, mas também de muitas alegrias e aprendizado”, afirma. Mesmo com as dificuldades de adaptação que sofreu no início da estadia na terra do sol nascente, “como a longa e extenuante rotina de trabalho nas fábricas, que ultrapassava 12 horas diárias de trabalho, e a falta de compreensão do idioma japonês”, com o passar do tempo, Hirata já se considerava um cidadão nativo, totalmente adaptado a cultura, os costumes e a sociedade local, motivo pelo qual prorrogou tanto a volta às terras tupiniquins.

O ex-dekassegui voltou ao Brasil em agosto de 2009, e como muitos percebeu como estava desatualizado em relação ao mercado de trabalho brasileiro e a situações cotidianas, como o procedimento para adquirir e recarregar o bilhete único, necessário para utilizar o transporte público na capital paulista.

Desempregado, Hirata estava pesquisando oportunidades de trabalho na internet, quando conheceu o Niatre: “Compareci por várias vezes no escritório da entidade em busca de uma recolocação profissional no Brasil e sempre fui atendido com muita cordialidade e dedicação”, afirma. Em novembro de 2011 ele finalmente conseguiu o tão esperado emprego, por meio de uma indicação do Niatre, e atualmente atua na área administrativa de uma imobiliária.

“Além do trabalho, pelo Niatre participei de uma palestra sobre recolocação e posicionamento mais eficiente no mercado de trabalho brasileiro, e conheci os cursos gratuitos oferecidos por algumas entidades. Hoje, trabalho de segunda-feira a sábado, faço faculdade de Administração à noite e aos sábados à tarde participo do curso de informática do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Posso dizer com grande alegria e sem exageros que o Niatre me deixou muito ocupado”, conta animado.

Após anos vivendo no Japão e mesmo tendo se identificado muito com a cultura da terra do sol nascente, Hirata só pretende voltar ao arquipélago como turista, seu objetivo é fixar raízes em terras verde e amarela. “Acredito que, apesar de alguns aspectos preocupantes como a violência, o Brasil oferece muitas oportunidades boas para as pessoas”, finaliza.

Perspectivas 2012

Durante a oficina de avaliação, algumas ideias para melhorar e expandir o serviço do Niatre também foram divulgadas, entre elas, a de realizar atendimentos itinerantes em outras cidades do Estado de São Paulo em parceria com as entidades locais, com palestras e atendimento coletivo. E a criação do site do Niatre, para a realização de atendimentos online. Mas, segundo o presidente da entidade, as mudanças para 2012 só poderão ser definidas depois que o convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego for renovado.

O primeiro evento da entidade em 2012 será o 2° Encontro “Café com Diálogo”, uma palestra sobre empreendedorismo, voltada para as pessoas que retornaram do exterior, ministrada pela especialista em gestão de negócios sociais, Rosana Moraes. Em parceria com o Ciate (Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior), a primeira edição aconteceu em dezembro de 2011 e reuniu cerca de 25 pessoas. O encontro é gratuito e será realizado na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), no dia 21 de janeiro, às 14h. As inscrições devem ser feitas por meio do telefone 11.3203-1916 ou do e-mail: niatre.isec@gmail.com.