A partir da metade dos anos 50 do século passado, jovens nisseis começaram a assimilar intensamente e cada vez mais, usos e costumes ocidentais. Nada de se vestir e se comportar como os velhos isseis. O rock de Elvis Presley, as baladas românticas de Paul Anka substituíam os enkas de Misora Hibari e Hashi Yukio. Calças jeans, topete nos cabelos, vestidos ousados, os jovens nisseis aderiram à onda dos jovens de todo o mundo ocidental e se afastavam um pouco do excesso de influência nipônica na rotina do dia a dia. As associações mantinham seus times de beisebol, suas equipes de judô e de atletismo, mas quando queriam se divertir mesmo, os jovens nikkeis gostavam mesmo era do futebol. Apesar dos fortes protestos dos mais velhos, os kaikans, antes usados somente para atividades sociais de cunho nipônico, agora recebiam as primeiras brincadeiras dançantes, inicialmente nas tardes de domingo e depois nos sábados à noite. O repertório desses eventos ia das big bandas americanas, destacando-se a do maestro Ray Connif, até os samba-canções de Maísa e Tito Madi, naturalmente passando pelo rock de Elvis e de Celly Campello. As vitrolas rodavam os bolachões (discos de vinil) e a cuba-livre elevava a temperatura e tornava os rapazes mais ousados em suas conquistas amorosas. Na capital, grupos de jovens montavam grupos de nikkeis que não tinham nada a ver com os velhos kaikans. Paratodos, Arelux, Mocidade, Coral e outros realizavam atividades esportivas e sociais sem a interferência dos velhos isseis.
Quando Beatles e a Jovem Guarda estouraram nas paradas de sucesso, as brincadeiras dançantes passaram para uma nova fase, a animação por conjuntos musicais, com muito barulho nas guitarras e baterias. Na segunda metade dos anos 60, aqueles grupos formados até então foram sendo substituídos por uma nova modalidade de organização dos jovens nikkeis sem muita organização formal, mas bastante ativos. Já não eram mais chamados de brincadeiras dançantes, agora eram bailinhos, que alegraram as noites de sábado e domingo dos jovens nikkeis dos anos 70. Grupo Universitário Estaca Zero, Arcent, Equipe Tigres organizavam bailinhos que aconteciam aos sábados nos grandes salões mais no centro (Clube de Portugal, Bunka, Clube Homs, Rachaia, Clube Atlético Ipiranga e outros) e aos domingos nos clubes da periferia (ACREC, ACEM da Vila Maria, Santos da Vila Prudente, kaikans de Vila Buenos Aires, Santo André, Santo Amaro, entre outros). Certamente esse foi o período de ouro das atividades sociais dos jovens nikkeis, basta citar que aconteciam bailes carnavalescos em dez salões. Nos anos 80, com o aparecimento do som que ficou conhecido como discoteca, os bailinhos japas começaram a perder força e começaram a ser substituídos pelas baladas, animadas cada vez mais pelas pelas músicas caracterizadas pela batida bate-estacas. Grupos de jovens disputavam concursos de danças nos salões dos clubes Ipê – Ibirapuera e Sírio da Indianópolis, nas baladas organizadas pela Apple Music, Mortos Vivos, Mega Festa, Friendz e outros. No século XXI as baladas começaram a perder fôlego e começaram a acontecer cada vez em intervalos maiores, mensais, bimensais e eventuais.
Há poucas semanas aconteceu a última balada organizada pelo Mortos Vivos, do meu amigo Tomas Yamamoto. É o fim de uma era. Eventos sociais para jovens nikkeis de participação individual e livre, dificilmente irão ressurgir no futuro. Na verdade, essas baladas sobreviveram graças à uma geração que hoje tem de 30 a 45 anos, que esticou a juventude e ainda não se casou. Mas mesmo eles cansaram dos eventos japa, a hora é das micaretas, blocos de carnaval, festas temáticas, baladas abertas, etc. Ainda que participem disso tudo em grupos de jovens nikkeis, porque a panela continua……!!!!