COMPORTAMENTO: Sem “chá de cadeira”

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Alegria das damas desacompanhadas, os personal dancers já viraram figurinhas carimbadas nas pistas paulistanas

Fotos Divulgação

Seja para driblar a escassez de parceiros “pés-de-valsa”, ou evitar o tão temido “chá de cadeira”, que muitas “habituées” da noite paulista passaram a recorrer aos personal dancers, figura cada vez mais presente nos bailes de dança de salão de São Paulo, e do Brasil.

Em geral, os também conhecidos como dançarinos de aluguel, são homens bem afeiçoados, educados, bem vestidos, e, o principal, bailam sem tropeços todos, ou quase todos os ritmos. No geral, o personal é mais procurado por mulheres de mais idade, viúvas ou casadas, cujo marido não gosta de dançar. Mas o cenário está mudando… “As mulheres, até mesmo as mais jovens, estão cada vez mais procurando qualidade na dança, querem realmente um profissional que dance com ela a noite inteira sem se preocupar em ter que dançar com uma pessoa que não saiba dançar”, explica o professor de dança, Edson Tadashi Nakasone, que há cerca de oito anos atua como personal dancer.

Segundo ele, os personal dancers são muito requisitados e os mais procurados dificilmente têm brecha na agenda. “Já cheguei a trabalhar como personal seis vezes por semana, era praticamente todos os dias, uma média de quatro horas por noite. Agora que abri o Espaço de Dança Nakasone, diminui um pouco o ritmo, e faço cerca de seis bailes por mês”, conta.

Nakasone, assim como a maioria de seus colegas cobra cerca de R$ 50,00 por hora de trabalho, o equivalente a dançar quase 20 vezes ininterruptamente o famoso boleroLa Barca, de Luis Miguel, que tem 3,12 minutos de duração. Como ficam em média quatro horas rodopiando pelo salão, podem faturar até R$ 200,00 por noite.

E esse valor pode ser ainda maior. “Alguns profissionais cobram até R$ 300,00 por noite, para dançar por três horas”, revela Marco Kanematsu Kina, o Marquinho, proprietário da KDancer, que já atuou como personal e atualmente trabalha na formação desses profissionais. “Um dançarino, que se formou comigo, de apenas 16 anos, chega a tirar R$ 3 mil por mês, só trabalhando como personal”, afirma.

As damas que contratam os dançarinos também devem arcar com a entrada e a consumação do rapaz durante a noite. Por isso, é comum que duas ou mais amigas dividam o mesmo personal, e assim rachem as despesas. “Algumas mulheres, quando se identificam com algum personal fecham pacotes anuais, reservando o personal, por exemplo, todas as sextas-feiras do ano”, relata Kina.

Bailes, baladas, formaturas, festas particulares, jantares dançantes, shows, são os locais onde o personal atua. Muitos são professores de dança de salão, ou têm contato com alguma escola e começam acompanhando as próprias alunas. Mas, na internet é possível encontrar anúncios em diversos classificados online e até mesmo empresas especializadas nesse serviço.

Ele explica que a presença dos personal dancers nos bailes começou a ficar mais popular em 2005 e revela que no início era contra a ideia. “Minha formação é no Jaime Arouxa e ele era totalmente contra o personal. Quando abri a minha escola segui essa linha e também proibia os meus alunos de fazerem esse trabalho. Mas é uma necessidade do mercado, não dava para controlar, então, passei a aderir ao personal na escola e a me preocupar com a formação desses profissionais”, conta. “Só aqui na KDancer já se formaram mais de 100 personal dancers”, enumera.

Kina conta que outra prática comum em bailes, práticas e baladas é o esquema de ficha. “As pessoas pagam cerca de R$ 3,00 por ficha e podem dançar uma música com os personal dancers contratados pela casa”, esclarece.

Chás e coquetéis dançantes também são atividades comuns em escolas de dança. “Na KDancer organizo todo mês chás e coquetéis dançantes, onde por um preço fechado, a mulher têm direito a dançar com o personal uma música e descansar uma, além dos comes e bebes”, finaliza.

 

Formação especializada

Com um mercado tão promissor, Marco Kina resolveu investir no assunto e montou um curso de formação para Personal: “o objetivo
é treinar esses dançarinos para que eles se tornem bons personal dancers e possam concorrer no mercado”, revela.

O curso é dividido em dois módulos: o primeiro, de nível básico, dura seis meses, são 300 horas com os ritmos básicos da dança de salão, e já permite que o profissional comece a atuar; o segundo módulo, também com formação em seis meses, é voltado para a especialização em ritmos, com aulas com profissionais especializados em cada estilo, como zouk, tango, salsa…

“Além da aula de dança propriamente dita, está na grade do curso outros fundamentos necessários para a formação de um bom personal como: postura, etiqueta, equilíbrio, condução, musicalidade, carisma no atendimento e higiene pessoal”, enumera Kina. Segundo ele, em um ano o profissional já está habilitado para atuar como personal e ganhar dinheiro.

As aulas acontecem em sua academia, a KDancer, quatro vezes por semana, das 19h às 22h. Mais informações pelo site www.kdancer.com.br.

 

Informações

Espaço de Dança Nakasone

Alameda Itu, 167, cj. 21 – São Paulo

Rua Aimorés, 360 – Santo André

Tel.: 11. 2712-2009

www.nakasone.com.br

 

KDancer – Dança de Salão

Rua Conselheiro Furtado, 1003, sala 13 – Liberdade/SP

Tel.: 11. 3208-5552

www.kdancer.com.br