MUNDO ORIENTAL: Local sagrado

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Em Álvares Machado, cemitério japonês traz histórias de luta e bravura dos primeiros imigrantes

Foto Divulgação

Na cidade de Álvares Machado (SP), está um dos principais marcos relacionados aos nipo-brasileiros. Por lá, existe o único cemitério típico japonês da América Latina. No local, um vasto campo que funcionou até 1943, diversas famílias visitam os túmulos até hoje, em uma das tradições mais cultuados pelos japoneses – a reverência aos antepassados.

No total, estão sepultadas 784 pessoas de origem japonesa, sendo que apenas um brasileiro está enterrado. O fechamento atribuído à uma denúncia de segregação racial foi decretado pelo Governo Federal na era Vargas. Desde então, nenhum sepultamento se realizou naquele local. Mas todos os anos, no segundo domingo de julho, é reverenciada a memória de todos os que ali foram sepultados. É o “Shokon-Sai”, que significa “Missa para as almas”.

Preservados pelas famílias nipo-brasileiras, o local é um dos pontos turísticos mais visitados do município. Depois do tombamento oficial em na década de 80, ficou condicionado que a cerimônia se

faria em todos os anos, a começar pela Missa (budista ou católica) na capela do cemitério. Durante todo o dia, música e dança fazem parte da programação, culminando em orações pela paz e o acendimento das velas em todos os túmulos, como homenagem póstuma a todos os mortos.

Outro dado curioso é de que, em mais de 100 anos de evento, a chuva nunca foi empecilho para a realização do culto. Da mesma forma, no momento em que são acesas as velas, os ventos cessam por completo, permitindo que todas elas sejam queimadas num tributo de respeito, honra e louvor aos mortos. Afinal, se os homens reverenciam tanto o local, a natureza também faz sua parte na contribuição para tais homenagens.