MODA: Maquiagem com arte

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Ícone das artes modernas da China, a fotógrafa Chen Man é a grande inspiração da mais nova linha de maquiagem da M.A.C “Amor e Água”

Fotos Divulgação

 

A M.A.C, gigante canadense dos cosméticos, acaba de trazer ao Brasil seu mais novo lançamento mundial de maquiagem “Amor e Água”. A coleção de 18 itens entre batons, sombras e blushes foi inspirada no trabalho da fotógrafa Chen Man, uma das mais badaladas profissionais da atualidade, com trabalho reconhecido na China, nos Estados Unidos e no Japão.

Na coleção, Chen misturou elementos estéticos, como as cores tradicionais da pintura chinesa representado por um tom de azul royal típico dos vasos chineses e tons pastéis, mais utilizados nos dias de hoje. “Eu quis criar uma coleção com base nos elementos constantes da vida, nas coisas que não se alteram apesar das mudanças no nosso estilo e ritmo de vida”, conta a fotógrafa.

Nascida em 1980, em Pequim, Chen começou a dar suas primeiras “pinceladas” quando ainda tinha dois anos de idade e já demonstrava forte tendência para o caminho das artes. Formada em design gráfico na Academia Central de Belas Artes, ela começou a chamar a atenção dos profissionais da área e do público quando começou a fotografar as capas da revista Vision, a primeira de vanguarda da China.

A principal característica do trabalho de Chen é a mistura do retrato real com os efeitos gráficos e até em 3D. A preferência é clicar, além da moda, cenas de glamour, celebridades, a mulher chinesa e cenas da China contemporânea.

Com o tempo , Chen começou a fotografar para revistas de referência mundial como a Vogue, Elle e Cosmopolitan e para marcas mundialmente famosas como Adidas e Motorolla. Além disso, seu trabalho está exposto em galerias da China, Estados Unidos, Inglaterra e Japão. Neste último, ela está com a exposição “Futurista glamorosa”, em Tóquio.

Com um trabalho mais globalizado, Chen ficou conhecida por fazer o elo entre Ocidente e Oriente no mundo da fotografia e das campanhas publicitárias. “Na China, a moda ainda estáem desenvolvimento. Adefinição de moda ainda está sendo formatada. Já no Ocidente, a moda tem sido exposta ao mundo criativo por um longo período, por isso, a flexibilidade desse mercado é muito maior se comparado ao chinês”, compara ela. Confira, a seguir, entrevista com a fotógrafa.

Mundo OK – Na sua opinião, a moda é universal? Por exemplo, você acredita que a mesma coleção da MAC será bem sucedida em países distintos como Estados Unidos, China e Brasil?

Chen Man – A coleção da MAC é inspirada em elementos universais, o amor e a água. Essa ideia vem da filosofia chinesa de harmonia entre o homem e a natureza. O amor é consciente, mas invisível. A água, material e tangível. Estes dois elementos são a origem da vida. Na coleção usei as cores pink, para representar o amor e o Oriente e o azul, a água e o Ocidente, a a consciência do Meio Ambiente, de que nós determinamos a qualidade do planeta em que vivemos e é essa a consciência necessária num mundo dominado pela civilização materialista.

MOK – Como você define o seu trabalho?

Chen – Meu trabalho é complexo, ele aponta para as expressões de nosso tempo. Foco o Ocidental e o Oriental, o presente o passado e o futuro. Minha arte com como base a cultura chinesa, adaptada a técnicas ocidentais. A minha inspiração está na vida e na nossa geração, no lugar em que eu nasci. Amo a cultura e a filosofia tradicional chinesa.

MOK – Quando falamos em moda, quais as diferenças entre Oriente e Ocidente?

Chen – Há muito tempo atrás, nós tínhamos a moda Oriental, com base nas tradições culturais. Mas, depois de muitas reformas nos países, perdemos um pouco disso. A moda Oriental foca mais em algo implícito, enquanto a moda Ocidental é mais focada na aparência, na estética.

MOK – De que maneira o crescimento econômico da China interferiu na arte?

Chen – Sou da geração nascida nos anos 80. Acredito que somos a geração que conseguiu transformar os sonhos materiaisem realidade. Atualmente, a China é profundamente influenciada pelo materialismo ocidental e, com isso, às vezes, esquecemos da importância do mundo espiritual. Por isso, meu trabalho é baseado na cultura chinesa, adaptado a técnicas ocidentais.

MOK – Você não teme a censura chinesa?

Chen – Não, na verdade eu até gosto de críticas construtivas. Por exemplo, eu nunca apago comentários negativos sobre meu trabalho no meu blog ou mesmo no meu weibo (twitter na China).

MOK – Por acaso, você já esteve no Brasil?

Chen – Ainda não. Conheço o Brasil somente pela TV e adoraria visita-los um dia. Admiro muito as políticas de proteção ambiental do seu país.