Gratidão e tradição

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Por mais um ano, Okinawa Festival mostra as grandes virtudes uma comunidade forte e harmônica

Okinawa Festival 2013. Marcel Uyeta (5)

Um dos eventos mais esperados no calendário de festivais, o Okinawa Festival deste ano não decepcionou. Ao contrário. Por  mais um ano, a festa comandada pela Associação Okinawa de Vila Carrão provou que o trabalho árduo e sincero reflete na participação constante do público: em ambos os dias, o evento ficou lotado de pessoas, vindas de diferentes regiões da cidade – e do estado.

Mas, não foi tarefa fácil. Como tem sido todos os anos, diga-se de passagem. Afinal, são necessários cerca de 500 pessoas para organizar toda a estrutura da festa, das atrações de palco à montagem de estandes comerciais e institucionais. Sem contar na força-tarefa para produzir e comercializar as iguarias típicas, que tornam o Okinawa Festival um espaço multigastronômico. “Venho aqui todos os anos porque me sinto em casa. Saio de São Bernardo especialmente para ver as atrações da cultura okinawana”, explicou Nilsa Hiromi Higa, que frequenta há cinco anos o evento. Detalhe: de cadeira de rodas. “Não me importo, pois só tem uma vez por ano e me sinto feliz e é um ambiente harmônico.”

Okinawa Festival 2013. Cris Komesu (1) (1)

Harmonia essa que emana dos próprios organizadores. Todos, sem exceção, deixam de lado compromissos profissionais e até pessoais para se dedicar a uma causa, como explica o presidente da entidade, Kiyoshi Onaga: “É um evento que demanda muito esforço, mas que fazemos com o coração. Só podemos agradecer a acolhida do público, que tanto nos prestigia. Isso faz com que tenhamos bastante motivação”, destacou.

Onaga também deixou claro que toda a festa é para a comunidade nipo-brasileira, e não só para quem é da Vila Carrão ou descendentes de Okinawa. “Quero lembrar também os cento e cinco anos da Imigração Japonesa no Brasil. Porque esta é uma festa da comunidade Nikkei, na qual nós, descendentes dos okinawanos, orgulhosamente fazemos parte. E não é uma festa somente da Vila Carrão ou da comunidade, mas de todos nós, da sociedade geral”, destacou ele, emendando com o sentimento de gratidão e respeito aos pioneiros que repassaram os valores e tradições que permanecem até hoje. “Esta é uma missão nossa, de dar continuidade aos sonhos da geração mais antiga e repassar aos jovens os valores que nos fortalecem como uma grande comunidade. Jovens esses que também não mediram esforços para promover, auxiliar e planejar o Okinawa Festival.”

Aos que foram para prestigiar e curtir os dois dias de festa, o evento entregou muitas opções de diversão e entretenimento: estavam lá as danças okinawanas, interpretadas por academias tradicionais e que mantêm – bravamente – as aulas e tradições até os dias de hoje; as apresentações musicais, com destaque para as bandas ao vivo; o taikô, representado pelo Ryukyu Koku Matsuri Daiko e Requios Gueinou Dokoukai; além de artes marciais e outras atividades relacionadas às entidades que contribuíram.

“São varias forças juntas, sempre com objetivo de mostrar a diversidade da cultura”, observou o presidente da comissão organizadora do evento, Toshimitsu Teruyya, enaltecendo a união entre entidades. “No fundo, todos têm a mesma vontade: a de participar ativamente”, diz. Além do Carrão, associações espalhadas por toda a Capital também estiveram presentes, seja com alguma atração cultural ou participando com estandes.

11º Okinawa Festival 2013

Bastidores – Todo evento grande, por regra, costuma demandar muito daqueles que organizam. E não só dos envolvidos diretamente, mas, indiretamente, os esforços envolvendo a parte de documentação e regulamentação são intensos, também. Nesse “time”, nomes como Ushitaro Kamia e Eduardo Uyeta não mediram esforços para concretizar, por mais um ano, o evento.

“Acompanho o evento desde sua primeira edição e vejo a importância de sua continuidade, não só para a comunidade okinawana e para os moradores da zona Leste
como também para os próprios paulistanos”, disse Kamia, que é autor da lei que
incluiu o Okinawa Festival no Calendário de Eventos da cidade de são Paulo. Okinawano e incentivador das tradições japonesas, o político – mesmo sem mandato – conseguiu obter apoio da Prefeitura, que disponibilizou parte da estrutura como palco, som, luz e tendas. “A comunidade merece esse conforto. Fizemos de tudo para viabilizar esse apoio. Graças a Deus, conseguimos”, emendou.

Para Kiyoshi Onaga, o resultado de toda essa união “foi recompensador”. “Não teno palavras para agradecer a todos. Felizmente, tudo correu conforme o previsto. Foram 22 mil pessoas que participaram, cantaram e se divertiram. Ano que vem, tem mais. E com alegria e bastante vontade”, finalizou o presidente da associação.