Malefícios para a mente

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Além dos conhecidos males ao corpo, especialista revela que o tabagismo pode prejudicar também o funcionamento do cérebro  

Tabagismo

Composto por folhas de fumo que contêm mais de 4500 substâncias químicas, o cigarro, ao contrário do que muitos pensam, não prejudica só o pulmão. Os males causados pelo tabagismo impacta o organismo de forma sistêmica. Apenas uma simples tragada é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo, causando o endurecimento das artérias e fazendo o coração trabalhar mais depressa, enquanto os pulmões absorvem os compostos químicos como amônia, chumbo, alcatrão e elementos cancerígenos como arsênico e cádmio.

“O tabagismo afeta o organismo com o um todo, atingindo artérias, tecidos, órgãos e o metabolismo celular”, revela o médico neurologista coordenador do Núcleo de Envelhecimento Cerebral (NUDC) da Unifesp/SP (Universidade Federal de São Paulo) e do Núcleo de Memória do Hospital Israelita Albert Einstein, Ivan Okamoto. Segundo ele quanto mais a pessoa fuma, mais o organismo será prejudicado, além disso cada organismo reage de uma forma as substâncias presentes no cigarro, sendo alguns mais sensíveis e mais prejudicados que outros.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 50 doenças diferentes estão associadas ao cigarro. As doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte por doença no Brasil, e o câncer de pulmão, a primeira causa de morte por câncer. A OMS revela ainda que o tabaco é responsável direta ou indiretamente por 40% das mortes em todo o mundo.

Porém, além das doenças já conhecidas causadas pelo hábito de fumar, o tabagismo tambémé um importante fator de risco para o mau funcionamento cerebral. O fumante fica mais suscetível a desenvolver problemas no sistema circulatório, já que o tabagismo causa o entupimento das veias e artérias, que levam o sangue, oxigênio e nutrientes ao cérebro. “Esse comprometimento vascular pode levar a um derrame, isquemia ou a uma lesão cerebral, progredindo a um quadro de demência vascular”, explica Okamoto. “Os principais sintomas desse quadro demencial são as dificuldades de memória persistentes, alterações no padrão funcional, mudanças no comportamento, problemas de linguagem e até mesmo dificuldades motoras, que podem ser confundidos com estresse ou fadiga, por isso é importante a avaliação de um médico”, ressalta.

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O especialista alerta ainda que até quem convive com fumantes, os fumantes passivos, estão sujeitos a essas consequências. De acordo com o InstitutoNacional do Câncer, fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos da poluição tabagística ambiental, tais como irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaleia, aumento de problemas alérgicos, principalmente nas vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos.

A boa notícia é que, graças ao aumento da conscientização da população motivado pelas leis de restrição ao cigarro e campanhas antitabagismo, a cada ano o número de fumantes vem reduzindo. Segundo pesquisa Vigitel, feita pelo Ministério da Saúde, o índice de fumantes brasileiros acima de 18 anos que são fumantes diminuiu 20% entre 2006 e 2012. O levantamento aponta que 15% da população adulta brasileira fumava em 2006 e em 2012 o índice era de 12%. A meta do governo é que, até 2022, o país chegue a 9%. Se o ritmo se mantiver, a marca deve ser atingida antes do prazo. “Atualmente tem muito mais pessoas de mais idade fumando do que jovens. Acredito que no futuro, daqui uns 20 anos, teremos uma geração sem fumantes”, acredita Okamoto.

Considerado uma doença crônica, segundo Okamoto o tabagismo precisa ser tratado com mudança comportamental e, muitas vezes, com acompanhamento médico e psicológico, e a combinação de algumas terapias. “A participação em grupos de apoio, também é muito importante e facilita o processo de abandono do fumo”, finaliza.

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Livre-se dele

Parar de fumar não é uma tarefa fácil, mas algumas medidas tornam esse objetivo possível. Confira algumas dicas do Ministério da Saúde

** Escolha uma data para ser o seu primeiro dia sem cigarro.

** Selecione uma forma para deixar de fumar. Pode ser a ‘parada imediata’, em que você deixa de fumar de uma só vez;

** Caso essa opção não dê certo, tente a parada gradual, que pode ser feita de duas maneiras: reduzindo o número de cigarros, fumando um número menor de cigarros a cada dia, até a data escolhida para parar de fumar; ou adiando a hora em que fuma o primeiro cigarro. Não gaste mais de duas semanas no processo;

** Não desanime, a ‘fissura’ de fumar não dura mais de cinco minutos. Nesses momentos, para ajudar, chupe gelo, beba água gelada, escove os dentes e mantenha as mãos ocupadas com um elástico ou pedaço de papel;

** Reduza o consumo de café e refrigerantes, porque a cafeína neles contida é um estimulante que aumenta a vontade de fumar;

** Evite ingerir bebidas alcóolicas;

** Para descarregar a ansiedade, ingira pequenas porções de alimentos pouco calóricos como cenoura, pepino e tomate;

** Faça exercícios, é um ótimo recurso para relaxar e evitar a vontade de fumar. Invista na respiração profunda: respire fundo pelo nariz, depois deixe o ar sair lentamente pela boca;

** Evite recaídas, após parar uma simples tragada já é o suficiente para voltar a fumar. Evite o primeiro cigarro e evitará todos os outros;

** O tabagismo é responsável por cinco milhões de mortes ao ano no mundo, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia.

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Infográfico Dados:

** De cada 100 pacientes que desenvolvem câncer, trinta são fumantes. No caso dos pacientes com câncer no pulmão, esse índice salta para 90% do total. Fonte: Organização Mundial de Saúde

Fonte Instituto Nacional de Câncer

** No Brasil, estima-se que, a cada ano, 200 mil brasileiros morram precoce   mente devido às doenças causadas pelo tabagismo.
Fonte Inca – Instituto Nacional de Câncer

** O tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool.
Fonte Inca – Instituto Nacional de Câncer

** Se as tendências atuais se confirmarem, 1 bilhão de pessoas morrerão no século 21 por consumir ou serem expostas ao tabaco
Fonte: Atlas do tabaco, relatório da Fundação Mundial do Pulmão