No retorno ao Brasil, banda Begin surpreende com homenagens à comunidade
No jargão popular, dizem que “o bom filho a casa torna”. Na prática, tal expressão sintetiza bem a volta do Begin ao Brasil, após dois anos ensaiando uma volta a um país que surpreendeu os músicos. Acolhidos de forma calorosa em 2011, a banda realizou, em novembro, três espetáculos de tirar o fôlego dos fãs e amantes da música em geral. Ou, como os próprios destacaram, “voltamos porque nos sentimos bem, para confraternizar em nossa segunda casa”.
À vontade, Eisho Higa (vocal), Hitoshi Uechi (piano) e Massaru Shimabukuro (guitarra) vivenciaram experiências até então inéditas em suas carreiras. A primeira parada foi no projeto social “Meninos do Morumbi”, interagindo com crianças e adolescentes. Além de mostrar canções típicas de Okinawa – província natal da banda -, o trio ensinou a tocar instrumentos japoneses, casos do ichigo itie e o sanshin. Em contrapartida, tiveram a oportunidade de experimentar instrumentos típicos do Brasil, casos do berimbau e pandeiro. Um indício de que, no palco, a mistura de estilos ganharia ênfase.
“Antes o Brasil era uma terra muito longínqua para nós três. Pensávamos em como seríamos recebidos pelo povo brasileiro, mas, vejo que é uma grande recepção. Me sinto como parte desta família”, destacou Shimabukuro. Para ele, todas os momentos vividos no Brasil “foram únicos e extremamente felizes, resultando em uma grande festa. É uma família”.Já nas duas apresentações em São Paulo, o ritmo brasileiro realmente deu o tom. Diferentemente de 2011, quando focaram o repertório mais nas músicas tradicionais, os três músicos mesclaram canções típicas de Okinawa, passando pela parte tradicional do Japão (enka e infantil), até chegar na integração com o Brasil. Tom este dado pela música “Churrasco”, composta após se deliciarem com a iguaria tupiniquim há dois anos, além das participações especiais, casos do Bandolim Elétrico, Luizinho 7 Cordas e Osvaldinho da Cuíca. Tanta interação resultou em uma interpretação bastante enérgica da lendária “Trem das Onze”.
Além da interação harmônica com músicos brasileiros, o Begin também não se esqueceu de homenagear o esforço e a dedicação da comunidade nipo-brasileira de se estabelecer no País. No palco, a conversa com o público era constante, lembrando sempre o sentimento de gratidão pelos pioneiros da imigração. “É uma satisfação tocar para uma comunidade tão grande de japoneses. E uma grande emoção, pois estudamos sobre os imigrantes japoneses e vimos o quanto sofreram. Portanto, só podemos agradecer e viver momentos de alegria através da música. Acho que conseguimos”, afirmou o vocalista Eisho Higa. “Este sentimento de emoção e felicidade não tem como descrever. Uma grande família em festa.”
Promovido pela Welcome Pro, os dois shows em São Paulo e um em Londrina, no Paraná, ficaram na história, sem dúvida. Se depender da vontade dos músicos, o Brasil está certo nas turnês do próximo ano. Para o público, o gostinho de “quero mais”. No meio, a clássica frase okinawana: ichariba choodee (uma vez juntos, para sempre família).
