Opinião: Feliz Ano Novo!

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O ano de 2014 deve ser o ano mais importante do Brasil desde o início da redemocratização, acontecido em 1985.

Nelson Fukai

Depois da fase de consolidação, o país precisa começar a aperfeiçoar a sua democracia, que vive grave crise de credibilidade e de operacionalidade. Não temos hoje uma democracia autêntica, onde o bem estar do povo e o desenvolvimento do país sejam metas principais dos governantes. A existência de um eleitorado ignorante e idiotizado, em todas as classes sociais, propicia a eternização de políticos espertos de conduta comprovadamente nociva para os interesses do país. As grandes ações sociais não passam de jogadas de marketing, resultando em compra disfarçada de votos, não melhorando em nada as condições de vida das camadas mais pobres da população. Além de ser mais um ralo por onde escoa indevidamente o dinheiro público, como tem sido exaustivamente noticiado. Na outra ponta, a concentração de riqueza é das maiores do planeta, onde não mais que 50 grandes grupos empresariais, que aliados aos governos de plantão, se apoderam de praticamente todas as riquezas do Brasil.

Praticamente tudo que envolve o setor público (executivo, legislativo e judiciário), funciona mal e tem maracutaias, que muitas vezes o jeitinho brasileiro dos poderosos transforma em lei. Não pode ser séria uma democracia que legaliza a agiotagem (qual outra forma de classificar os juros cobrados por bancos e cartões de crédito?); ou onde um deputado é condenado e preso, mas não perde o mandato; onde filhas solteiras de militares recebem pensão vitalícia… daria para enumerar mais centenas de leis e regras “absurdas” que vigoram no Brasil, sempre favorecendo os que estão no poder ou dos que os corrompem.

A carga tributária é das mais altas, emperrando e atrasando o desenvolvimento econômico. Mas, mesmo arrecadando horrores, os serviços públicos prestados, de saúde e de educação básica, são de péssima qualidade, com soluções paliativas e eleitoreiras, como os programas “Prouni” e “Mais Médicos”. Existe preocupação somente em arrecadar mais e não correr riscos de grandes perturbações que possam ameaçar o sistema. Nisso, são altamente eficientes, daí que são exageradamente altos os salários dos funcionários que trabalham com arrecadação de tributos e da Polícia Federal. Mas quando o assunto é de prestar serviços públicos, aí é um desinteresse total em torná-los mais eficientes. Médicos que salvam vidas e professores que ensinam os cidadãos de amanhã, ganham salários baixos, fazendo com que os bons profissionais destas áreas fujam do serviço público. Mas o problema não é só de verba, que quando cresce, só faz aumentar ainda mais o desperdício, uma vez que não existe planejamento e nem seriedade.

No ano de 2013 tivemos grandes manifestações populares de descontentamento com a forma como o país vem sendo conduzido pela sua elite política e econômica. Tomara que este espírito prevaleça nas eleições deste ano, com o fracasso nas urnas dos políticos corruptos e safados, os trezentos a que se referia o ex-presidente Lula, quando ainda não passava de candidato fracassado, mas um autêntico líder popular. Infelizmente o sucesso nas urnas fez com que ele se tornasse amigo íntimo desses trezentos e um líder populista.

E na nossa comunidade os planos e conchavos já estão fervilhando. Os que já têm cargo devem tentar a reeleição, situação dos deputados federais Walter Ihoshi, Junji Abe e Keiko Ota. A eles deve se juntar o candidato Willian Woo, conhecido pelo seu arrojo – que as vezes passa do ponto – como na eleição passada. São grandes as chances de todos serem eleitos e, depois de muitos anos, a comunidade contar com quatro representantes de São Paulo na Câmara Federal. Para a Assembleia Legislativa, tentam a reeleição os deputados Jooji Hato e Hélio Nishimoto Como é baixa a penetração de Hélio Nishimoto na capital, caberia mais um candidato nikkei com chances de sucesso. Mas tudo ainda são projeções. Quando a coisa esquentar, vamos voltar ao tema.

E mesmo que as nuvens sejam cinzas, ainda acreditamos neste país, também porque depois dos sessenta não temos mais alternativa.  E com essa crença é que desejamos a todos os leitores, um Feliz Ano Novo!!

NELSON FUKAI é engenheiro, escritor e analisa questões do presente e passado da comunidade nipo-brasileira. E-mail: nelsonfukai@yahoo.com.br.