Especialista fala sobre idade ideal para uma gestação segura e as consequências de uma gravidez tardia
Sempre que uma mulher com 50 anos ou mais dá à luz naturalmente, ou após passar por procedimentos de reprodução assistida, a discussão sobre a ética médica em torno da gestação tardia ganha espaço novamente. Um dos motivos dos que não indicam a gestação tardia é simples: ela pode colocar em risco a vida da mulher.
Segundo o ginecologista Raul Nakano, médico responsável por uma das mais tradicionais clínicas de reprodução humana do Brasil, a Ferticlin – localizada em São Paulo há 25 anos – a primeira gravidez após 30 anos de idade já é considerada de risco. “Chamado pelos obstetras de Primigesta Idosa, pelo início de aumento de problemas que começam a aparecer nesta faixa de idade, entre eles, prematuridade, hipertensão arterial da grávida (pré-eclâmpsia), diabetes gestacional entre outras complicações”, explica.
“Após os 35 anos, estatisticamente, começa a aumentar o risco de Síndrome de Down, na proporção de 1 para 300 partos. A partir de 40 anos, além da gestação ser mais difícil no sentido da fertilidade – com 25 anos de idade a chance de uma mulher engravidar, espontaneamente, gira em torno de 20% por ciclo menstrual, aos 40 anos cai para 7% – , a chance de ter uma criança com Síndrome de Down fica na proporção de 1 para 100 partos, e a gravidez é considerada de altíssimo risco, necessitando de acompanhamento pré-natal por especialista em gravidez de risco”, completa Nakano.
O especialista explica que biologicamente a melhor época para ter o primeiro filho, tanto para a saúde da criança recém-nascida como para a mãe, é de 20 a 30 anos de idade.Embora, devido à mudança de hábito da sociedade moderna, as mulheres estejam deixando para ter a sua primeira gravidez após os 30 anos. “Estudos mostram que as mulheres mudaram de costume, estão investindo mais em suas carreiras profissionais, buscando uma estabilidade econômica e para isso atrasando a chegada do primeiro filho”, comenta. “Se a paciente optou em deixar para mais tarde a gestação, é possível ter uma boa segurança e facilidade até os 35 anos. Depois dessa fase as coisas começam a dificultar. Mas, vai depender muito de cada caso. Na minha clínica, por exemplo, tenho muitas pacientes com mais de 40 anos em tratamento, o que reflete uma tendência mundial”, conta.
Nakano também ressalta que a Resolução do Conselho Federal de Medicina, de abril de 2013, passou a não permitir o tratamento de Reprodução Assistida em pacientes com mais de 50 anos de idade. “O conselho entende que os riscosseriam muito maiores tanto para a mãe como para a criança a partirdesta idade.Além de ter uma diferença de idade muito grande entre as duas gerações”, finaliza.