O principal fator da emigração okinawana foi,sem dúvida, a crise econômica. No entanto, os fatores sociais foram também uma peça-chave para desencadear a migração. O alistamento do exército e o pioneirismo emigrante tiveram uma grande influência no mesmo. Podemos levar em conta,também, o interesse pessoal de emigrar, trabalhar e enviar dinheiro para a família e voltar para a terra natal. Todos os fatores acima podem ter incidido de maneira complexa no desencadeamento da emigracão okinawana…
No inicio do ano de 1886, teve inicio a emigração japonesa, com a primeira leva para o Hawai. No ano de 1900, liderados por Kiyuzo Toyama, da região de Kim ao norte de Okinawa, partiram 26 okinawanos para trabalhar em plantações de cana de açúcar, imortalizando a palavra do seu líder “waga ie wa godaishu” (A partir de agora, os cinco continentes do mundo serão a nossa casa).
Na Primeira Emigração de Okinawa ao Hawaí, a grande maioria veio da Ilha Principal (Hontou), com a maior parte provinda da região de Kunigami e Kin, região Norte da Ilha. O movimento da emigração locomoveu-se para Nakagami (Central) e para Shimajiri (Sul); logo após, voltando a ser intensa novamente na região de Kunigami (Norte). Por fim, chega às pequenas ilhas situadas ao Sul do arquipélago de Okinawa, com uma pequena quantidade de emigrantes partindo de Miyako e Yaeyama para o Havaí e América do Sul. Existiu também uma pequena emigração para Taiwan e para ilhas situadas ao Sul do Pacífico.
A Segunda emigração okinawana para o Havaí ocorreu em 1903, quando 40 pessoas foram enviadas como agricultores independentes. A emigração local teve um grande crescimento em 1904, tendo, no mesmo ano, o início da emigração ao México e às Filipinas. Todo este processo voltou-se para a América do Sul, mais especificamente no Peru, em 1906, sendo que, dois anos depois, o Brasil começou a receber os primeiros imigrantes. Na mesma época, Okinawa teve um dos maiores números de emigrantes da história japonesa, chegando a 4.670 pessoas, com maior intensidade na era Taisho (1912-1925) e na primeira década da era Showa (1936-1943). O fluxo de emigrantes okinawanos antes da Segunda Guerra Mundial foi relativamente maior do que o número de emigrantes pós-guerra, tendo maior intensidade no período entre 1912 a 1935. Neste período, as remessas de dinheiro enviadas pelos imigrantes para Okinawa chegaram a aproximadamente 67% do orçamento anual da província.
De acordo com as estatísticas, 75% dos emigrantes okinawanos vivem na América do Sul. A emigração de Okinawa antes da Segunda Guerra Mundial (1899-1941) chegou a 27.227 pessoas, 11.0% da população japonesa (que na época era de 655.661 pessoas), ficando atrás somente da emigração da província de Hiroshima, que chegou a 14.8% da população nacional com 96.848 emigrantes. Em 1940, o número de okinawanos morando no exterior chegou a 9.97% da população total de Okinawa, sendo 9.98% vezes maiores que a média japonesa (1.03%). Segundo esta estatística, Kumamoto fica em segundo lugar, com 4.78%; Hiroshima em terceiro, com 3.88%; Yamaguchi em quarto, com 3.23%; Wakayama em quinto, com 2.57%; e, finalmente, a província de Saga, com 2.08%. Estas seis províncias podem ser consideradas como as “províncias de migração” do Japão. A cada cem japoneses, um residia no exterior, enquanto em Okinawa, a cada dez pessoas, um residia no exterior.
SHINJI YONAMINE é palestrante da cultura e tradições de Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.