Esporte: Berço de talentos

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Em encontro internacional, atletas nikkeis brilham e mostram força do Brasil nos esportes ‘da comunidade’

Fotos: Rodrigo Meikaru

Na Bolívia, mais de 500 descendentes se reuniram para competições e muita celebração

O Brasil confirmou o favoritismo nos chamados esportes “da comunidade”, durante a realização da Confraternização Esportiva Internacional Nikkei, entre os dias 29 de janeiro e 5 de fevereiro, na Bolívia. Como manda a tradição, a delegação tupiniquim fez bonito, trazendo na bagagem nada menos do que 35 medalhas de ouro. No ranking geral, o País ficou em primeiro lugar, com Argentina e Peru completando a tabela.

Dentre as modalidades disputadas (beisebol, boliche, judô, futsal, atletismo, golfe, tênis de mesa e voleibol), destaque para a seleção de futsal feminino, além das equipes de tênis de mesa, voleibol, atletismo e judô. Todas estas conquistaram o primeiro lugar, mostrando que o Brasil mantém a hegemonia, e revelando novos talentos para o esporte.

Todo o planejamento para a participação dos brasileiros ocorreu de forma programada. Desde a última edição do evento, promovido no Peru, em 2013, os coordenadores de cada modalidade se reuniram praticamente todos os meses para elaborar a parte logística e estrutural. Afinal, foram cerca de 500 atletas e dirigentes envolvidos diretamente para a participação na “Confra”, média considerada alta em comparação às demais delegações. Além do Brasil, Argentina e Peru, o evento contou com a participação de Paraguai, Guatemala, México, Chile e, claro, os anfitriões bolivianos.

Presidente da delegação pela segunda vez, Valter Sassaki faz um balanço positivo sobre a participação dos brasileiros. Para ele, mais Coordenador do evento, o boliviano Javier Guibu, recebe homenagem do chefe da delegação brasileira, Valter Sassakido que competir, “o que valeu foi a integração esportiva, o intercâmbio cultural”.

“Para muitos jovens, esta é uma oportunidade de conhecer um país novo, de ter contato com nikkeis de países vizinhos. Com toda a certeza, saímos da Bolívia com uma sensação de dever cumprido e satisfeitos com a qualidade técnica dos atletas que foram à Bolívia. Tenho certeza de que todos deram o melhor e se sentiram vitoriosos, independente do resultado final”, destaca Sassaki, que também é presidente do maior clube nikkei da América do Sul, o Nippon Country Club.

O histórico vitorioso do Brasil não surpreende. O País – que possui a segunda maior concentração de japoneses fora do Japão – conta com boa infraestrutura para treinos e competições, casos do tênis de mesa, cujo coordenador Marcos Yamada dedica-se há anos em prol do esporte. Judô e atletismo também mantêm boas posições por trabalharem incansavelmente nas competições amadoras, sendo berço de talentos que, não raramente, despontam para o profissional.

“A comunidade nipo-brasileira sempre esteve ligada aos esportes, promovendo competições e dando ênfase nos treinamentos. Todo esse esforço pode ser visto não apenas na ‘Confra’, como também em outras competições. Até mesmo atletas que hoje são consagrados vieram dos torneios amadores. Isso mostra que o Brasil aposta e investe nos esportes. Dentre nikkeis, todos vão com a certeza de darem o melhor”, explana Sassaki.

Por tanto comprometimento, a comissão organizadora já está de olho em 2016. Na ocasião, a delegação brasileira participará da próxima edição do evento, desta vez com sede no México. A missão não será fácil: realinhar novamente todas as modalidades para, juntos, participarem de mais uma edição. Segundo Sassaki, as reuniões devem começar em breve, já com o intuito de assegurar de forma positiva a participação do País. “A expectativa já é grande. Os dirigentes da delegação ficaram muito felizes com a participação do Brasil, pois foi um ótimo aprendizado. Tenho a certeza de que, no México, vamos com o sentimento positivo e em clima de harmonia”, finaliza Sassaki.

Para bolivianos, organizar a ‘Confra’ foi um grande desafio

Se o clima entre brasileiros era de euforia, o mesmo pode ser visto entre os bolivianos. Anfitriões do evento, eles consideraram a realização da ‘Confra’ um grande marco, não só para a comunidade nikkei local, como também para a sociedade em geral.

A cidade escolhida para sediar a festa foi Santa Cruz de La Sierra, que concentra a maior parte dos descendentes. Para compor o time de pessoas que viabilizaram o evento, montou-se uma comissão com aproximadamente 20 pessoas, sendo a grande maioria jovens.

Para o coordenador geral da ‘Confra’, Javier Guibu, a realização de um grande evento na Bolívia, voltado aos nikkeis, simboliza a grande união entre os países, “que participaram ativamente e colaboraram da melhor maneira”.

“Chegamos ao fim da ‘Confra’ com uma sensação boa, de dever cumprido mesmo. Não existem perdedores, somente ganhadores, pois todos nos sentimos como irmãos, de querer conversar e socializar com outros países. Apesar das modalidades não estarem concentradas em apenas um único lugar, pudemos desfrutar de bons momentos juntos, nos jantares e almoços coletivos. Enfim, foi uma belíssima exeriência”, comentou Guibu.

No total, a Bolívia possui cerca de 10 mil descendentes de japoneses. Por ser pequena – em comparação com o Brasil -, a comunidade tem mais facilidade de se comunicar. Tanto que o conceito de “união” intenso, resultando em ações como a ajuda para viabilizar o a confraternização esportiva, cujo orçamento total girou em torno de US$ 180 mil. Segundo Guibu, boa parte do aporte financeiro veio de pessoas físicas.

“Obtivemos patrocínio de grandes empresas, nos apoiando nesta causa. Porém, saímos em busca de doação da própria comunidade, de casa em casa. E a receptividade foi tão grande que nos surpreendeu. Pessoas que deram dois, três mil dólares do próprio bolso para concretizar este sonho. Essas atitudes realmente nos comoveram e tivemos a certeza que muitos acreditaram. Creio que foi um grande exemplo de superação e também de união. Não há como mensurar tanto carinho”, diz o coordenador.