Editorial: De braços abertos

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Para muitos, o ano realmente começa só agora, depois da festa do Carnaval. Pode até ser. O mercado, para diversos segmentos, volta a aquecer; muitas empresas colocam em prática seus planejamentos, com o intuito de viabilizar projetos e “correr contra o tempo”. Sim, pois daqui a dois meses e meio o País volta ao período de desaceleração. Não economicamente falando, até porque, em ano de eleição, o governo brigará para manter um panorama razoável, no mínimo. Mas pelo grande evento esperado por todos (?), a Copa do Mundo…

Talvez o clima ainda seja de ressaca pós-Carnaval. Afinal, agora é a hora de arregaçar as mangas e trabalhar com afinco. Correr contra o tempo para, em junho, entrar naquele clima de amenidade e pensando já nos “feriados”, nos dias em que a seleção brasileira entrar em campo. E assim seguirá até julho, quando, enfim, o evento termina. Ufa.

Porém, se para os torcedores comuns todo esse cenário é o mais provável, para outros, a realização de uma grande festa que mexe com uma nação inteira é uma imensa oportunidade para gerar negócios e, claro, faturar. Das maneiras mais criativas, diga-se de passagem: grupos especializados em receber turistas de diversos países já se mobilizam, outros voltam suas atenções em brindes personalizados nos mais diversos idiomas, além de ideias mirabolantes e, por vezes, duvidosas (como “alugar” a própria casa, que é próxima a estádios que sediarão os jogos, para turistas… ao custo de R$ 1 mil a diária). Enfim, há uma gama de “serviços” que serão oferecidos a partir de junho.

Voltando mais aos turistas orientais, pouco se vê de criativo na movimentação para recepcioná-los. Uma ou outra agência de turismo prepara receptivos de qualidade, que ofereçam informações exatas e um conteúdo cultural e turístico interessante. Já as entidades que representam os países do oriente esbarram na questão de custos. Por quê se importar com quem visita o Brasil, perguntam. Na verdade, a resposta é complexa, mas pensar a respeito é trabalhoso – e custoso. Mais fácil esquecer o assunto.

Por tais atitudes é que vemos o quanto nosso País está (des)preparado para um evento como a Copa do Mundo. Não, não se trata de estádios prontos, infraestrutura aérea ou outras questões relativas ao poder público. O caos acontece diariamente e não será por causa da competição que tudo ficará lindo. Abordo o lado cultural mesmo, da população vestir a camisa e mostrar que somos um – pelo menos – razoável país. Infelizmente, não será assim. Porém, uma coisa é certa: todos serão recebidos de braços abertos. Abertos até demais.

Boa leitura

 

 

Rodrigo Meikaru