Tradição: No Caminho da Consagração

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A cultura japonesa e a chinesa têm doze signos, sendo que cada signo corresponde a um período de um ano, sendo que a evolução do homem é dividida em sete ciclos de transformações: 12 anos, 24, 36, 48, 60, 72 e 84 para as comemorações das festividades, considera-se o período embrionário e mais cem dias após o nascimento. Por exemplo, ao completar 60 anos comemoramos o “kanreki” de 61 anos, assim dizemos “mam” 60 anos ou “kazoe” 61 anos… 

Em Okinawa é comemorado mais dois aniversários especiais: de 88 anos “tookati” e de 97 anos “kajimayá”, por ultrapassarem os sete ciclos da vida, são consideradas idades iluminadas.

Tookati ou Beiju – “Missão cumprida”

Como reconhecimento social e familiar em Okinawa, o momento de maior expectativa entre os ojis (vovô) e obas (vovós) é a comemoração dos 88 anos, indiferente a data de nascimento, é comemorado no dia 08 de agosto, muitos idosos debilitados pela idade, chegam a se revigorar e participar com grande alegria da festa, a ponto de dançar o katchasi (uma dança muito animada que culmina o final de qualquer festa, com a participação dos convidados).

O “tookati” é considerado “missão cumprida”, pois é um estágio intermediário entre 85 e 97 anos, para o aniversariante é a consagração de toda a realização de sua vida. Nesta data o aniversariante se veste com kimono especial para a ocasião.

Kajimayá – “O momento iluminado do ser humano” 

Para representar este momento temos, o catavento como símbolo que representa o “círculo da vida” a volta a origem, espírito iluminado tanto quanto o de uma criança. É comemorado no dia 07 de setembro.

O “kajimayá é a comemoração do aniversário de 97 anos, no dialeto de Okinawa também tem o significado de encruzilhada, este é o momento em que duas linhas contínuas se cruzam formando o ponto zero, as pessoas nesta idade têm sob o seu manto protetor quatro gerações de descendentes: filhos, netos, bisnetos e tataranetos, o aniversariante é considerado o “iluminado”, pois é o único integrante da família que faz a relação física com os descendentes e a espiritual com os seus ancestrais.

A celebração é realizada com o aniversariante desfilando em posição de destaque em carro aberto, para que as pessoas possam se aproximar e receber a sua benção, formando uma carreata pelas alamedas cruzando e parando festivamente em sete encruzilhadas, onde grupos de sanshin tocam músicas alegres, para as pessoas dançarem junto com o aniversariante e receber de lembrança o catavento, além das crianças até mesmo os políticos e autoridades se fazem presentes, para esta ocasião especial.

As sete encruzilhadas representam os sete ciclos da vida, também se considerarmos que esta pessoa ao longo de sua vida teve o relacionamento de sete gerações, ela por si só tem o potencial de representar as 127 pessoas integrantes deste universo familiar.

Acreditar na vida é acreditar na existência da família e ter a certeza da nossa relação com a comunidade que nos envolve, esta pessoa iluminada ao falecer, sua veste será de cor branca pela pureza da sua alma, e o luto será desconsiderado.

SHINJI YONAMINE é palestrante da cultura e tradições de Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.