Política: Visita estratégia

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Em passagem pelo Brasil, primeiro-ministro Shinzo Abe esbanja simpatia e firma acordos para fortalecer relações comerciais e econômicas

Fotos Roberto Stuckert Filho (PR) e Marcelo Camargo (AGBR)

Dilma e Abe mostraram confiança mútua e interesse no fortalecimento comercial entre Brasil e Japão
Dilma e Abe mostraram confiança mútua e interesse
no fortalecimento comercial entre Brasil e Japão

 

Após dez anos, o Brasil recebeu, no começo de agosto, a visita de um primeiro-ministro japonês. No caso, Shinzo Abe. Político com um perfil discreto e conservador, veio ao País com um objetivo velado: frear o avanço dos chineses na América Latina e retomar parcerias comerciais estratégicas.  Atualmente, o Japão é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, e o sexto no mundo.

Em encontro com a presente Dilma Roussef, Abe mostrou que os japoneses estão mais que interessados em fortalecer acordos e parcerias comerciais. Segundo o primeiro-ministro, o mercado brasileiro oferece grandes oportunidades de investimentos e as companhias japonesas veem isso como muita expectativa. Além de ambos os países terem afinidades, como democracia, preservação do meio ambiente e a defesa da reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Encontro com Dunga e Zico foi descontraído, e fez com que Abe até brincasse com a bola de futebol

Segundo o primeiro-ministro, hoje há uma grande expectativa das empresas japonesas em relação às oportunidades de investimento no Brasil. “Esta é a primeira visita de um premiê do Japão à América Latina em dez anos. Precisamos redefinir a importância da América Latina. Chegamos a um acordo para criar uma parceria estratégica e global. Gostaria de ampliar mais essa relação, de crescer juntos, de contribuir juntos e de inspirar juntos”, disse Abe.

Pelas palavras, é notório o interesse do governo japonês em acelerar questões comerciais. Por isso, Abe e Dilma assinaram atos entre os governos dos dois países e também entre empresas e bancos. Entre os governos, foram trocadas cartas de intenção para cooperação mútua sobre questões ambientais e de sustentabilidade relacionadas a desastres naturais, à ciência do mar e à saúde, visando à cooperação em áreas como regulação farmacêutica, sistemas públicos de saúde, políticas e estratégias de promoção de estilos de vida saudável e medicina preventiva. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Japão também assinaram memorando de entendimento para cooperação internacional na promoção de investimentos no Brasil por empresas japonesas de pequeno e médio portes e identificação de projetos de interesse comum.

Para a presidente, a visita estimulará o intercâmbio empresarial, fortalecendo a parceria estratégica com o Japão. “Examinamos a trajetória do comércio bilateral que ultrapassou em 2013 a casa dos US$ 15 bilhões e reafirmamos nossa firme determinação de apoiar sua ampliação e diversificação, sobretudo do lado das exportações brasileiras, ainda muito concentradas em produtos básicos”, disse a presidente.

Na área empresarial, um dos principais acordos foi assinado entre a Petrobras, a Nippon Export and Investment Insurance e o Banco Mizuho, para empréstimo e acordo suplementar de seguro para projeto de construção de plataforma de petróleo, no valor de US$ 500 milhões para a construção de oito cascos de navios-plataforma de petróleo. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Conselho da Ihi Corporation também assinaram memorando de entendimento para cooperação no ensino de engenharia naval na instituição.

Popular e emotivo

Em SP, Shinzo Abe recebeu o carinho e ressaltou importância de ‘japonês garantido’

Fotos Bruno Fernandes

Presidente do Bunkyo (a dir.), Kihatiro Kita fez as honras de receber o primeiro-ministro Shinzo Abe
Presidente do Bunkyo (a dir.), Kihatiro Kita fez as
honras de receber o primeiro-ministro Shinzo Abe

Além da agenda política, o primeiro-ministro Shinzo Abe cumpriu o protocolo e teve encontros com a comunidade, em São Paulo. Um dos palcos para esta aproximação com os nipo-brasileiros foi o Bunkyo, com centenas de convidados à espera para recepcionar o parlamentar.

Alegre e descontraído, Abe fez questão de retribuir todo o carinho por parte do público, ao posar para fotos com o público. No total, participaram do encontro mais de 1,2 mil pessoas.

Para os integrantes da organização foi uma prova de fogo fazer com que o esquema de fotos em grupo funcionasse com precisão. E funcionou. O primeiro-ministro que chegou ao Bunkyo às 15h30, cumprindo o cronograma, saiu do Bunkyo às 17h40, extrapolando em somente quarenta minutos o previsto.

Em ato solene, Abe foi agraciado com flores e recebido com emoção pela comunidade
Em ato solene, Abe foi agraciado com flores
e recebido com emoção pela comunidade

A visita do premiê Abe à comunidade começou na manhã do dia 2 de agosto, às 9h, com a ida ao Parque do Ibirapuera. Inicialmente, ele depositou flores no Memorial dos Imigrantes Japoneses e depois seguiu para o Pavilhão Japonês. Os pontos desta breve passagem foram os marcos representados pela visita do então príncipe herdeiro Akihito em 1967; pela visita da então princesa Sayako ao comemorar o Centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação em 1995, e a assinatura no livro de presença e pose para foto oficial.

Foram exatamente 13 minutos de discurso (devidamente acompanhado pela tradução em português) em que, segundo ele mesmo admitiu, não seguiu exatamente o script estabelecido. Foi acompanhado de risos e palmas ao referir-se, orgulhoso, pela expressão de que “japonês é garantido”.

Com informações do bunkyo.org.br.