Editorial: Lição das urnas

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Em um ano bastante turbulento, é notória a grande turbulência pela qual os brasileiros passaram neste ano, sem, nem mesmo, ter terminado 2014. Índices de inflação e juros altos, atrelados à instabilidade do mercado financeiro fizeram com que nossos cotidianos fossem mais complicados. Afinal, é notório a falta de otimismo da população. Talvez, o novo ano que se vislumbra seja um pouco menos doloroso para os brasileiros…

Esse reflexo de mudanças e até mesmo reticência com que o brasileiro encara o País refletiu-se nas urnas. Se, com uma taxa de aprovação alta, a atual presidente tinha tudo para ser reconduzida ao cargo com naturalidade, viu seu reinado balançar perante dois candidatos fortes e consistentes. Nas eleições proporcionais, o panorama não foi diferente: na hora do voto, os eleitores acabaram optando por renovar mais de 40% dos deputados federais. Nesse universo, incluíram seis novos partidos na Casa. A partir de janeiro de 2015, as atuais 22 legendas representadas por parlamentares passarão a ser 28. Já na Assembleia Legislativa de São Paulo, a manutenção do atual governador e a reeleição de 62 dos 94 deputados estaduais mostram que os paulistas, de certo modo, aprovam a atual administração pública estadual.

Dentre os orientais que concorreram, observou-se diversos candidatos, mas poucas propostas concretas. Portanto, nada mais natural do que a reeleição de dois deputados na Câmara (Keiko Ota e Walter Ihoshi) e dois na Assembleia paulista (Jooji Hato e Hélio Nishimoto). Nomes já consagrados e conhecidos, os nipo-brasileiros que representarão a comunidade na esfera política possuem um trabalho de apoio às entidades e associações, além de serem figuras cativas junto às lideranças que promovem ações voltadas à cultura oriental.

Todavia, vale ressaltar a não-eleição de políticos considerados fortíssimos, mas que não conseguiram votação para ocuparem uma cadeira. Nomes históricos como Junji Abe e William Woo apenas “bateram na trave”, por questões diversas. Caso houvesse uma força-tarefa e mobilização unitária como havia há algumas décadas por parte dos descendentes (e defendida até hoje por muitos), seria possível eleger, pelo menos, mais dois orientais em cada esfera (estadual e federal). Porém, os tempos são outros. A comunidade já não possui o mesmo espírito das gerações anteriores. E, os políticos, também, já não atrelam tanto suas imagens apenas à comunidade. A dinâmica é outra e o jargão “japonês vota em japonês” perde cada vez mais o sentido. No saldo final, o resultado, portanto, foi mais que positivo.

Boa leitura!

Rodrigo Meikaru  ­­