Tradição: Busca por Oportunidades – Parte I

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Quando analisamos a cidade de São Paulo percebemos a grande quantidade de nikkeis estabelecidos nesta cidade, a que mais se destaca é o bairro da Liberdade. Porém, na cidade de São Paulo pela sua grandeza, formaram-se inúmeros núcleos da comunidade nikkei.

Os bairros de Pinheiros, Lapa e Santana, vieram a se tornar um centro de recepção de imigrantes vindos do interior de São Paulo, caracterizando-se pela abertura de várias tinturarias. Inclusive o estabelecimento da Cooperativa Cotia, no Largo da Batata em Pinheiros.

A comunidade okinawana se concentrou especificamente na zona norte, leste, sudeste, sul, central e na região metropolitana, nos seguintes bairros:

Zona norte: Imirim, Freguesia do Ó, Casa Verde, Carandiru, Campo Limpo e Cachoeira;

Zona Leste: Penha, Cidade Patriarca, Vila Carrão e São Mateus;

Zona Sudeste: Santa Clara, Vila Prudente e Vila Alpina;

Zona Sul: Ipiranga, Jabaquara e Santo Amaro;

Zona Central:Mercado Municipal;

Região Metropolitana: São Caetano do Sul, Santo André, Mauá, Suzano e Guarulhos.

Na região da Casa Verde e nas redondezas da Freguesia do Ó, os imigrantes iniciaram as suas atividades com pequenas quitandas ou mesmo como feirantes, cresceram e se tornaram supermercadistas, dando início também, as atividades de oficinas de costura na própria casa, porém houve épocas em que as moças se tornaram cabeleireiras, no caso okinawano muitos homens vieram a se tornar grandes cabeleireiros e empresários no ramo de perfumaria, destacando entre eles, a Escola de Cabeleireiros e Perfumaria Teruya.

No bairro da Vila Carrão e São Mateus, foi onde se concentrou um grande fluxo de imigrantes okinawanos que vieram da Bolívia e se instalaram no ramo de mão de obra como costureiros, por meio do sistema de ajuda mútua “tanomoshi” entre os elementos da comunidade, o que facilitou nas aquisições de equipamentos, ampliando as suas atividades e contratando funcionários, criando a princípio oficinas de costura, posteriormente abriram confecções e lojas atacadistas de jeans no bairro do Brás.

Uma região que veio a se tornar um ponto de alta concentração de imigrantes okinawanos foi em torno do Mercado da Cantareira, hoje intitulado Mercado Yamato Kinjo em homenagem ao primeiro imigrante dentista formado no Brasil.

Nesta região, o comércio atacadista de verduras, frutas e legumes era tradicionalmente de comerciantes portugueses, espanhóis e italianos, porém graças ao esforço iniciado pela senhora Kame Taba, descendente de Okinawa – 1ª imigrante (1908), considerada precursora no comércio atacadista na comunidade, possibilitou chacareiros e agricultores do interior de São Paulo a comercializar os seus produtos no comércio atacadista através dos seus patrícios, assim puderam os agricultores de banana na linha Santos Juquiá através dos depósitos instalados em torno do Mercado da Cantareira comercializar o seu produto, que eram transportados via transporte ferroviário, até a estação do Pari próximo ao Mercado.

Os tomates vinham de Campinas, o chuchu do Bairro da Cachoeira, verduras da Vila Alpina, Vila Prudente e Tatuapé, as chácaras se localizavam na beira dos córregos, na atual avenida Prof. Luiz Ignácio de Anhaia Melo e avenida Salim Maluf, Parque Ecológico do Tietê e Fazenda da Juta – Sapopemba, frutas de Mogi das Cruzes, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Itaquera e regiões próximas a São Paulo.

 SHINJI YONAMINE é palestrante da cultura e tradições de Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.