Literatura: Vita Sexualis

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Obra do escritor japonês Ogai Mori é lançada no Brasil pela Editora Estação Liberdade

Foto Divulgação Editora Estação Liberdade

 

Em forma de diário, a narrativa de Ogai Mori – considerada patrimônio cultural pela Unesco – conta a história do professor de filosofia Shizuka Kanai (alter ego do autor), que na calada da noite faz um retrospecto da tomada de consciência da própria sexualidade. A obra, inédita no Brasil, traça um amplo panorama da vida íntima japonesa na década de 1910, satirizando sutilmente o movimento artístico do naturalismo, em voga na época. O livro tem tradução de Fernando Garcia e foi lançado em terras verde e amarela pela Editora Estação Liberdade.

“Vita Sexualis” – novela de cunho assumidamente biográfico – conta a dor e a delícia das consequências próprias e inerentes à libido. Além de ilustrar os costumes e valores familiares e sociais da época, de um Japão que começava a se abrir às influências ocidentais, inclusive na literatura.

A obra traz diversos relatos de situações vivenciadas a partir da inocência de Kanai, em seus seis anos de idade, ao se desconcertar com um estranho livro de gravuras do corpo humano, e que se estende até o final da sua vida adulta, quando se familiariza com o mundo das cortesãs japonesas. Com pitadas precisas de humor e ironia, o livro também espelha a outra carreira do autor: medicina, já que Mori investiga em sua literatura a importância do sexo na psique humana.

Como era previsível, ao evocar temas delicados e polêmicos como o homossexualismo, a obra sofreu com a censura. No mês de sua publicação, em julho de 1909, “Vita Sexualis” teve sua venda e distribuição suspensas pelas autoridades, sob a “acusação” de que, ao abordar o desejo sexual, o livro era uma afronta à moral pública, embora não haja nada na trama de vulgar, pelo contrário, a obra é permeada de metáforas e elipses. Pela suposta ousadia temática do livro, Mori fora reprimido diretamente pelo então ministro da guerra do Japão, Terauchi Masatake.

Ogai Mori

Nascido em Tsuwano em 17 de fevereiro de 1862, o autor – cujo nome real era Rintaro Mori – formou-se médico na Escola de Medicina de Tóquio aos 19 anos, tendo servido como cirurgião-geral no Exército Imperial Japonês, na Guerra russo-japonesa. Enviado pela corporação para uma estada de treinamento na Alemanha, descobriu e se apaixonou pela literatura europeia.

Começou a escrever críticas em jornais literários, ao mesmo tempo em que passou a trabalhar seus próprios escritos, o que logo o tornaria um nome importante na literatura do Japão, sendo uma das referências do movimento modernista nipônico juntamente com Natsume Soseki.

Mori também fez carreira como tradutor e poeta, e fundou uma revista literária intitulada Subaru. Outras de suas obras referenciais incluem Maihime (A dançarina, de 1890) e Gan (O ganso selvagem, de 1911). O autor faleceu em Tóquio, em 08 de julho de 1922.

Vita Sexualis

Ogai Mori

Editora Estação Liberdade

168 páginas

R$ 34,00