Nos palcos do ‘Paulistão de Karaokê’, deu, mais uma vez, Nobuhiro Hirata, um dos maiores da música nipo-brasileira
Fotos: Colaboração de Silvio Sano
Entra ano, sai ano e os grandes nomes nunca deixam de ser protagonistas. Especialmente quando o assunto é karaokê, um segmento bastante específico da comunidade, cuja maior celebração estadual aconteceu em fevereiro, o “Paulistão de Karaokê” – e com um resultado já visto em anos anteriores: a vitória do cantor Nobuhiro Hirata, representante da região de Sorocabana.
A glória de Hirata deve-se a uma combinação perfeita de estudo, dedicação e disciplina. Natural de Presidente Prudente, canta desde criança e desenvolveu seu estilo calcado nas canções de raiz do povo japonês. Assim que encontrou este caminho, trilhou sua carreira em músicas tradicionais, combinando a técnica apurada com vestimentas típicas e gestos usuais no palco. Em concursos, despertou a atenção no público e jurados, resultando em títulos. “Faço com vontade e com o coração. Só assim conseguimos atingir nossos sonhos”, disse ele logo após erguer o troféu – o terceiro só no Paulistão – como o “melhor cantor de karaokê do Estado de São Paulo”.
Se a emoção em cima do palco contagiou o público presente nos três dias de evento (6, 7 e 8 de fevereiro), fora deles o sentimento foi o mesmo. Em sua vigésima primeira edição, o “Paulistão” movimentou boa parte do município de São Caetano do Sul. Tanto foi assim que, em diversos períodos, o teatro municipal Paulo Machado de Carvalho ficou lotado de pessoas, interessadas em ver a quantidade (e qualidade) dos cantores amadores de karaokê. “Foi um grande evento, com muita determinação e bastante energia. Isso só mostra o quanto o karaokê é forte, agregando diversas pessoas e regionais interessadas em participar”, destacou o presidente da promotora do evento UPK (União Paulista de Karaokê), Elzo Sigueta. Esta entidade congrega todas as 15 regionais que compõem o estado, reunindo, em um evento como o “Paulistão”, cerca de 600 cantores. Números que mostram a dimensão de um dos legados das imigrantes japoneses trazidos para o Brasil, há mais de 106 anos: a música.
“Todos os cantores têm um talento incrível, um nível bastante alto”, reforçou Nobuhiro Hirata. Tanto foi assim que, ao ser anunciada a música vitoriosa do concurso, o próprio campeão demorou para reconhecer.
Para a realização de um evento do porte do “Paulistão”, um verdadeiro “exército” é montado. Com realização da regional ABCD Baixada Santista, o concurso teve o apoio da Prefeitura e de outros órgãos públicos. Movimentou nada menos do que 100 pessoas voluntárias, divididas entre infraestrutura, alimentação, imprensa, jurados, dentre outos núcleos vitais para o bom andamento do concurso. Sem contar nas dezenas de caravanas que se mobilizam todos os anos, com famílias inteiras prontas para mostrarem seus dons nos palcos. Afinal, desde as crianças até os idosos são vistos e avaliados por jurados.
Além de nobuhiro Hirata, o concurso premiou, ainda, outros três destaques: a cantora Kazue Fuji como a melhor da Capital; Sergio Tanigawa, considerado o melhor da grande São Paulo; além do próprio Nobuhiro Hirata, como o melhor do Interior. Todos receberam R$1 mil. Na classificação geral, denominado “dantaissen” (pontuação por equipe) a Regional Leste foi a grande campeã, seguida por Centro-Oeste.