Perfil: Uma vida dedicada à educação

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Conheça a história da nissei Ayako Kuba Sakamoto fundadora do Colégio Brasília de São Paulo, escola de destaque, na Vila Formosa, zona Leste da capital paulista

 Fotos Arquivo Pessoal

Ayako segura orgulhosa o diploma que recebeu do cônsul geral do Japão em São Paulo, Takahiro Nakamae
Ayako segura orgulhosa o diploma que recebeu do cônsul geral do Japão em São Paulo, Takahiro Nakamae

Com apenas 15 anos ela ministrava sua primeira aula na Escola Mista de Cambará, no Estado do Paraná. Mesma escola que estudou e se formou no ensino fundamental. Foi assim que a nissei Ayako Kuba Sakamoto descobriu sua vocação e deu início a sua jornada de vida em prol da educação. Da primeira aula em Cambará a concretização do sonho de ter seu próprio colégio, o Brasília, muitos obstáculos foram vencidos, mas essa mulher determinada e cheia de fibra nunca desistiu. Hoje, mesmo com o filho a frente da administração da escola, Ayako ainda é atuante e participa do dia-a-dia do colégio que fundou há 43 anos e com muito trabalho transformou em uma das escolas mais conceituadas de São Paulo.

Em Cambará, Ayako trabalhou por três anos. “Dava aulas para três turmas diferentes na mesma sala. Depois passei a dar aulas particulares em minha casa”, lembra. “Com 17 anos, vim sozinha para São Paulo para estudar. Fiz o curso magistério, passei em um concurso público, e comecei a dar aulas nas escolas do Estado”, conta.

Em 1972 resolveu fundar a própria escola. O início foi modesto: “Adaptei na garagem da minha casa, aqui mesmo na Vila Formosa, as primeiras salas de aula”, revela. Nascia assim o Jardim Escola Criança Feliz. Pelas mãos da professora Ayako, 21 crianças começaram os estudos na educação infantil. “Por insistência dos pais, resolvi aumentar as turmas e fui ampliando gradativamente até chegar ao ensino médio”, relata Ayako. Aos poucos, foi comprando terrenos e imóveis vizinhos e adequando as instalações, até construir a sede atual.

Em 1987 o Jardim Escola Criança Feliz se transformou em Colégio Brasília de São Paulo, uma homenagem ao grande feito do ex-presidente Juscelino Kubitschek, “uma das pessoas que eu admiro na vida”, explica Ayako.

Atualmente o Colégio Brasília é um gigante com quatro prédios e 1400 alunos, distribuídos entre os ensinos infantil, fundamental e médio. “Entre os nossos diferenciais está a ênfase na língua inglesa. Do infantil ao ensino fundamental os estudantes têm aula de inglês todos os dias”, ressalta.

Outro destaque do colégio são as parcerias internacionais. “Desde 1995 recebemos e enviamos intercambistas, tanto alunos como professores, da nossa escola irmã Okinawa Shogaku, o maior colégio da capital de Okinawa, Naha, para conviver com os demais alunos e professores e conhecer os métodos educacionais de cada país”, revela Ayako. “Também mantemos, há seis anos, uma parceria com a JICA (Japan International Cooperation Agency), em que recebemos por dois anos professores do Japão, que ministram aulas do idioma japonês em nosso colégio”, completa.

Um trabalho primoroso em prol da educação, desenvolvido ao longo de uma vida e merecidamente reconhecido. Em 2008, Ayako recebeu o diploma de agradecimento do governo da Província de Okinawa pelo desenvolvimento da sociedade de descendentes de Okinawa e sociedade nikkey no Brasil. Recentemente, o Colégio Brasília e Ayako também foram homenageados pelo Consulado Geral do Japão, durante a comemoração do centenário do consulado, pelo trabalho desenvolvido em prol da cultura japonesa no Brasil.