Conheça as principais bebidas alcoólicas asiáticas que estão cada vez mais populares entre os brasileiros
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Além da cervejinha gelada e da tradicional cachaça tupiniquim, cada vez mais os brasileiros estão se aventurando e experimentando novas bebidas – muitas delas provenientes de países asiáticos como Japão, China, Coreia e Tailândia – e, em alguns casos, até ressignificando seus sabores e formas de apreciá-las.
Entre as asiáticas mais consumidas no Brasil está o saquê, bebida japonesa proveniente do resultado da fermentação do arroz. Conforme o sommelier de saquê e um dos principais especialistas no assunto no Brasil, Celso Ishiy, explica em seu livro “Guia prático do saquê”, a partir de ingredientes tão básicos como arroz e água, somados aos agentes de fermentação (levedura e o fungo koji-kin), formou-se uma das bebidas mais naturais e complexas que existem no mundo e que percorreu uma história fascinante de mais de 2 mil anos.
Atualmente existem mais de 1800 fabricantes da bebida só no Japão, que produzem cerca de 40 mil rótulos, o que confere ao saquê uma variedade incrível, com diversos tipos e classificações.
Antigamente existia apenas a versão comum, chamada de futsuu-shu, fabricado a partir de arroz comum usado na alimentação. A partir da década de 1930, com a implementação da técnica do polimento do grão de arroz – que elimina gordura, lipídios e outras impurezas do grão – que nasceu o saquê premium, que é consumido no dia de hoje, e que deve ter polimento mínimo de 30% do grão de arroz.
Segundo Ishiy, em busca de um saquê perfeito, os fabricantes desenvolveram polimentos de arroz maiores que os 30%, criando novos tipos, conhecidos como superpremium. Entre eles o ginjo, saquê que teve polimento mínimo de 40% e foi fermentado a baixas temperaturas, e o daiginjo, saquê que teve polimento mínimo de 50%, fermentado em temperaturas ainda menores, controle mais preciso e pode levar até um ano para ficar pronto. Os saquês também podem ser classificados como junmai, em que 100% do álcool é resultado da fermentação do arroz, e em honjozo, quando contém até 30% de álcool destilado em sua composição.
Ishiy explica que não é possível determinar com precisão a origem do saquê, mas acredita-se que sua origem possa ter ocorrido naturalmente, e ao mesmo tempo, há mais de 2 mil anos em diversas regiões da Ásia, onde o arroz já era o principal alimento.
Uma das versões mais difundidas da origem da bebida é a de um agricultor descuidado que se esqueceu de fechar a tampa do barril com arroz, que acabou fermentando. Ao mastigar e engolir aquele mingau sentiu um calor percorrer o corpo e, ao mesmo tempo, uma sensação de alegria inesperada. Até mil anos atrás, o saquê manteve essa consistência pastosa, consumido mais como mingau alcoólico e menos como bebida. O saquê tornou-se uma bebida alcoólica graças ao avanço nos métodos de fabricação e basicamente adicionando água e filtração ao processo. E no decorrer de sua história foi sendo sempre aprimorado.
No Brasil, de acordo com Ishiy, o saquê ficou famoso entre os brasileiros com a popularização da saquerinha, caipirinha feita com saquê e da saquerita, versão nipônica da marguerita, conquistando, principalmente, o público feminino, devido ao teor alcoólico mais leve, suavidade e refrescância.
A Tozan, primeira fabricante de saquê nacional, produzia em 2008 cerca de 1,3 milhão de litros por ano, principalmente a variedade crua (nama) – justamente a melhor para fazer saquerinha. Já os saquê premium e superpremium são trazidos por importadoras. A Tradbras, pioneira no setor, e a Yamato, trazem as principais marcas japonesas ao Brasil. Novas empresas também estão entrando no mercado, apresentando diferentes rótulos aos brasileiros.
Atualmente, é possível encontrar cerca de 70 rótulos de importados em adegas especializadas, lojas de produtos orientais e até em supermercados. Cartas específicas de saquê, com explicações sobre os diversos tipos, já existem em alguns restaurantes, além de eventos como degustações e harmonizações.
Lá do Japão
Conheça outras bebidas japonesas que também já podem ser encontradas em terras tupiniquins
** Shochu
Lê-se “xôtyu” é um destilado japonês ainda pouco conhecido pelos brasileiros, mas já foi apelidado de “vodca japonesa”. Largamente consumido em países como Japão e Coreia, o shochu pode ser destilado a partir de vários ingredientes, entre os mais populares estão a cevada, o arroz e a batata doce. O de cevada tem um sabor mais encorpado e floral, já o de batata doce tem um sabor mais doce e suave. O shochu, assim como o saquê, pode ser consumido puro, especialmente, nas versões premium, mas também é indicado no preparo de drinks diversos.
** Umeshu (licor de ameixa)
Produzido em países como China, Coreia e Japão há mais de mil anos, o licor de ameixa já foi até utilizado para fins medicinais, os frutos eram colhidos no jardim das próprias casas e o licor era produzido de forma bem artesanal. Atualmente, sua produção é industrial, mas ainda assim pode durar até um ano para chegar à etapa final. No Brasil vem conquistando cada dia mais fãs e pode ser consumido tanto puro quanto na preparação de diversos drinks.
** Licor de yuzu
Originário da China, o yuzu (fruto amarelo ou verde parecido com uma toranja) foi introduzido no Japão e na Coreia durante a Dinastia Tang. O licor de yuzu é destilado de trigo e, além da fruta, leva limão e mel, sendo uma bebida com sabor refrescante.
Harmonização
De maneira geral, descubra quais pratos combinam com qual tipo de saquê
** Honjozo: costuma ser levemente seco, suave e delicado, com doçura no final. Harmoniza melhor com comidas leves e não muito salgadas, aromas “verdes”, apimentadas ou doces. Pode contrastar com pratos oleosos, reduzindo seu sabor acentuado.
** Junmai: por não ter álcool destilado em sua composição, torna-se mais encorpado, com boa acidez. Harmoniza com comidas de sabores acentuados e temperados.
** Ginjo: normalmente aromático, com pouca acidez e corpo, porém, complexo. Harmoniza com pratos de tempero delicado e suave, como peixes levemente defumados, grelhados de carne branca, sashimi. Quanto mais suave o prato, melhor.
** Daiginjo: normalmente muito delicado, aromático e leve, harmoniza com entradas leves, peixes não gordurosos. Mas o ideal é bebê-lo puro para apreciar todas as suas características.
Fonte: “Guia prático do saquê”, de Celso Ishiy.
Pela Ásia
Conheça também as bebidas alcoólicas típicas de outros países asiáticos
Soju
E não é só o Japão que conta com uma variedade de bebidas alcoólicas, outros países da Ásia também têm seus produtos típicos. Esses, claro, são menos conhecidos no Brasil do que o saquê, que já conquistou os brasileiros. Confira a seguir algumas dessas bebidas:
COREIA DO SUL
Segundo o livro “Fatos sobre a Coreia”, publicado pelo Serviço de Cultura e Informação sobre a Coreia, entre as bebidas alcoólicas tradicionais coreanas as mais populares são: makgeolli, vinho tradicional de arroz; gwasilju, vinho de frutas; e o soju, destilado mais conhecido da Coreia, e a bebida destilada mais consumida no mundo, de acordo com o ranking “The Millionaires” Club 2013, publicado na revista Drinks International.
** Makgeolli
Também conhecido como makuly, é um vinho de arroz (takju) preparado por meio da fermentação de uma mistura de arroz cozido, trigo e água, possuindo de 6,5 a 7% de teor alcoólico. O makgeolli é adocicado, com uma consistência leitosa e é levemente gaseificado (gás oriundo da fermentação). Tradicionalmente a bebida é servida gelada, em um recipiente de metal ou madeira com uma concha, servindo as pessoas em canecas, tigelas ou copos individuais. Apesar de também ser feito de arroz, o makgeolli não se parece em nada com saquê ou soju. No Brasil é possível encontrá-lo na região do Bom Retiro, bairro típico coreano da capital paulista.
** Gwasilju
Entre os vinhos de frutas, gwasilju, um bom exemplo é o bokbunjaju. Um vinho licoroso feito com framboesas pretas (nativas da Coreia), por meio da fermentação das sementes. Em alguns casos também podem conter arroz e erva jicho.
** Soju
A bebida destilada coreana tem como principalmente ingrediente o arroz, mas também pode ser feita a partir da destilação de cevada e batata-doce. Se comparada com o saquê, o soju tem um aroma um pouco mais forte e graduação alcoólica que varia entre 17% a 45%. Levemente adocicado, o soju representa 97% das vendas de destilados na Coreia da Sul, e a principal marca do país, a Jinro, vendeu 65,3 milhões de caixas de 9 litros em 2012, segundo o ranking The Millionares Club 2013.
CHINA
Há diversos tipos de bebidas alcoólicas na China, segundo alguns historiadores a produção de álcool no país é tão antiga quanto à própria civilização chinesa. A aguardente, a cerveja, o vinho, o vinho de arroz, licor são alguns dos exemplos.
** Vinho de arroz
Bem popular no sul da China, o vinho de arroz chinês tem como matéria-prima o arroz glutinoso e seu teor alcoólico fica em torno de 20%.
** Baijiu
Uma das bebidas alcoólicas típicas da China é o Baijiu (licor branco). O licor chinês é um destilado de sabor muito forte, de aparência transparente e uma concentração de até 60% de álcool. Dependendo da região da China o baijiu pode ser feito com grãos de sorgo (milho zaburro no Brasil), arroz, trigo ou cevada. Ele geralmente é vendido em garrafas de vidro ou cerâmica e consumido em pequenos copos, uma espécie de shot.
TAILÂNDIA
Já na Tailândia, uma das bebidas alcoólicas típicas é sato, feita também a partir da fermentação de um arroz glutinoso. Ela é conhecida por ser um vinho de arroz tailandês. Na região de Isan, no nordeste da Tailândia, é comum fazer essa bebida em pequenos jarros marrons chamados de hai e beber com um canudo gigante.