Agricultura: Novo arroz japonês

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A Empraba lançou a BRS 358, cultivar com grãos mais curtos e com baixo teor de amilose 

 

Redação / Fotos Divulgação e Ariano Magalhães/Embrapa

 Ao contrário do arroz soltinho valorizado na mesa brasileira, a culinária japonesa prefere grãos com aspecto mais pegajosos. Com foco nesse mercado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desenvolveu a BRS 358, cultivar de grão curto e com baixo teor de amilose – polímero de glicose relacionado à textura do arroz, qualidade que o deixa mais pegajoso após o cozimento.

1-2 “Com essa característica é possível comer usando o palitinho, o hashi”, conta um dos pesquisadores responsáveis pela nova cultivar, Ariano Magalhães. A nova planta resulta de mais de 10 anos de trabalho dos pesquisadores da Embrapa Clima Temperado, do Rio Grande do Sul, da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, e de outros centros de pesquisa envolvidos no programa de melhoramento de arroz especial da Embrapa.

 “A vantagem da BRS 358 é que ela tem os mesmos padrões de qualidade de grãos do material japônico tradicional, mas com uma planta agronomicamente moderna”, explica Magalhães. Mais resistente ao acamamento – a tendência de queda da planta, comum nessa cultura –, as folhas se mantêm eretas, o que amplia a sua capacidade de realizar fotossíntese. Isso favorece uma maior produtividade, que atinge em média 8,6 mil quilos por hectare. Além disso, o cultivar tem resistência à mancha-dos-grãos, além de ter ciclo precoce, cerca de 115 dias no Rio Grande do Sul.

 Segundo os pesquisadores a demanda por um novo cultivar era grande, já que existem em torno de cinco cultivares voltados à culinária japonesa no
Brasil, mas essas são antigas e pouco adaptadas às condições nacionais, o geram plantas com porte mais alto e que estão mais sujeitas ao acamamento, não apresentando boa produtividade. Essas variedades chegaram ao Brasil com os colonizadores e deram início ao cultivo de arroz no País.

 Os pesquisadores contam ainda que a produção desse tipo de grão especial existe apenas em pequena escala no País, principalmente porque existem poucos produtores de sementes certificadas interessados em atender mercados específicos. “É um mercado pequeno ainda, mas que tem crescido muito”, destaca Magalhães.

 O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão José Colombari Filho, atual coordenador desse programa de melhoramento de arroz especial, também chamou atenção para o fato de que essa nova cultivar poderá trazer diferentes oportunidades de negócios, com outras formas de consumo, como arroz-cateto para o típico prato carreteiro ou na forma integral em pratos da alta gastronomia e, portanto, com maior valor agregado. “Uma indústria de alimentos já demonstrou interesse e está testando o produto para alimentos infantis orgânicos, como papinhas para bebês”, revela Colombari.