Pesquisa da PUC do Rio Grande do Sul comprovou que o chá verde auxilia na perda de peso. E o melhor: sem dieta ou exercícios físicos
Com Ascom PUCRS / Fotos Ascom PUCRS e reprodução
O chá verde, bebida amplamente consumida na China e no Japão, tem sido apontado há algum tempo como um aliado no combate ao excesso de peso. Para a alegria dos simpatizantes desta teoria, uma pesquisa brasileira comprovou a eficácia da bebida para reduzir os quilinhos indesejados. E o melhor: sem dieta ou exercícios físicos.
Trata-se da pesquisa da nutricionista Ana Elisa Senger, 45 anos, que desenvolveu a dissertação “Eficácia do consumo do chá verde nos componentes da síndrome metabólica (SM) em idosos” no mestrado em Gerontologia Biomédicana PUC do Rio Grande do Sul. O trabalho multidisciplinar teve orientação das professoras Maria Gabriela Gottlieb (bióloga) e coorientação de Carla Schwanke (geriatra).
A pesquisa incluiu um grupo de 45 pessoas, com idade média de 72 anos. O objetivo era investigar a eficácia da bebida nos fatores de risco da síndrome metabólica, como obesidade abdominal, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e colesterol bom (HDL) reduzido.
Durante o período de dois meses, metade do grupo consumiu três xícaras de chá verde diariamente, enquanto a outra metade não ingeriu a bebida no período. Foram feitas pesagem, medição de pressão arterial e da circunferência abdominal a cada 30 dias e coleta de sangue no início e no fim do estudo.
Os resultados mostraram que o grupo que consumiu o chá verde – ainda que sem realizar atividades físicas ou dieta equilibrada – teve uma redução de cerca de1,2 Kgno peso e2,7 cmda circunferência da cintura. O outro grupo, que não ingeriu o chá, teve números quase insignificantes, com perda de apenas0,3 cmda cintura e 500g no peso.
Apesar de a bebida conter cafeína, não houve alteração da pressão arterial. “Os resultados foram bons mesmo sem atividade física ou mudança nos hábitos alimentares dos participantes. Acredito que esses resultados poderiam ser ainda melhores se incluíssemos dieta e exercícios paralelamente ao consumo da bebida. Ou seja, a bebida é, de fato, uma forte aliada no combate ao excesso de peso”, comemora a nutricionista que dá uma dica importante: o chá verde consumido deve ser o originário da planta Camellia sinensis. ”É esta a planta que contém os componentes mais importantes”, diz.
O grupo de idosos tomou a bebida três vezes ao dia, cerca de uma hora antes da alimentação ou da ingestão de remédios. O chá foi preparado com tempo de infusão de 5 minutos em água quase no ponto de ferver.
Estudos indicam que o chá verde é rico em substâncias antioxidantes, que evitam a ação destrutiva das moléculas de radicais livres que degeneram as células e, que por este motivo, pode auxiliar no combate ao envelhecimento e até contra o câncer. Já o tanino, presente em sua composição, seria o responsável pela diminuição das taxas do LDL (colesterol ruim), favorecendo a prevenção de doenças cardíacas e circulatórias.
Mesmo com tantos benefícios, há evidências de que o uso crônico e exagerado da bebida ou de cápsulas com extrato da planta podem causar dano hepático. Além disso, a presença de cafeína é uma ameaça ao bom sono. “Por precaução, aconselhei meus pacientes a não ingerirem a bebida antes de dormir”, finaliza Ana.
Dicas para consumir o chá verde
- Cuidado no preparo. A água não deve ser fervida e o chá deve ficar em infusão por um período de cinco minutos
- Ingerir cerca de três xícaras ao dia, de preferência uma hora antes das refeições
- Devido à presença de cafeína em sua composição, é aconselhável não beber chá antes de dormir
- Prestar atenção nas marcas intituladas “chá verde”. O chá verde verdadeiro é originário da planta Camellia sinensis.
O chá verde no Japão
No Japão, basicamente, o chá é cultivado em dois tipos de plantações: coberta e descoberta. Das plantações cobertas surgem os tipos mais nobres de chá verde, feito com folhas de árvores parcialmente cobertas do sol e que recebem o nome genérico de Tencha. Os tipos são :Gyokuro – considerado o tipo mais nobre, tem sabor mais doce e delicado; Matcha – com consistência semelhante ao do talco, é o utilizado na cerimônia do chá; Kukicha – feito com folhas, galhos e partes menos nobres da planta que sobram da colheita do Gyokuro, tem sabor leve e refrescante.
Das plantações descobertas são feitos outros chás, considerados menos nobres, mas com preparo mais fácil. São eles: Sencha – tipo mais comum de chá no Japão; Bancha – tipo de Sencha só que colhido entre o verão e o outono, tem sabor forte e refrescante; Genmaicha – mistura do Sencha com o Genmai (arroz torrado), que tira um pouco da amargura do chá; Hojicha – chá frito ou torrado, tem cor levemente avermelhada e pouca cafeína.