Coreia do Sul e Brasil reforçam cooperação na área de tecnologia
Fotos Antonio Cruz/Agência Brasil e Ayrton Vignola/Fiesp
Brasil e Coreia possuem estreitos laços comerciais. Há cinco anos, a entrada de empresas sul-coreanas teve uma forte ascensão no País, ofertando tecnologia de ponta – a exemplo do Japão há algumas décadas. Para engrandecer ainda mais esse cenário, uma visita estratégica da presidente Park Geun-hye ocorreu no último dia 24, quando encontrou-se com a presidente Dilma Roussef. Na ocasião, a principal pauta foi, justamente, as inovações tecnológicas. Em acordo assinado, ambos os países formalizaram uma cooperação que deve trazer inovações tecnológicas ao país, além de proporcionar o intercâmbio de especialistas. Um dos acordos prevê colaboração em pesquisa e desenvolvimento de comunicação 5G, nova geração da comunicação móvel, e outro, cooperação na área de energia nuclear.
Os dois países criaram o Programa de Cooperação em Tecnologia da Informação Brasil-Coreia. Os acordos de cooperação envolverão empresas, universidades e centros de pesquisa em iniciativas conjuntas que gerarão oportunidades de negócios e o desenvolvimento de alto conteúdo tecnológico para atender a mercados nacionais e internacionais.
Entre as informações a serem intercambiadas estão governança da internet; comunicações móveis em 5G; e aplicação de big data, que é a análise de grandes volumes de dados para geração de resultados importantes que, em volumes menores, dificilmente seriam alcançados. O acordo trata também da aplicação de M2M, a chamada internet das coisas, que possibilita a comunicação entre diversos objetos, enviando e recebendo informações e dados por meio de óculos, relógios e outros objetos que possam usar a rede mundial de computadores.
No que diz respeito à geração de energia, os países vão colaborar na área de energia nuclear por intermédio de troca de dados, experiências, visitas e trabalho conjunto entre a Eletronuclear e a Eletrobrás e a Korea Electric Power Company. Dilma ressaltou a colaboração como importante para reduzir as emissões de gás carbônico produzidos a partir da produção de energia termoelétrica, por exemplo, usada pelo Brasil. Ela destacou a ação como uma colaboração em nível mundial para a questão do clima.
Entre os nove atos, está também o memorando de entendimento entre a Vale S.A (empresa mineradora) e o Korea Eximbank. A instituição coreana pretende financiar com US$ 2 bilhões projetos da Vale envolvendo empresas coreanas. Dilma aproveitou a ocasião para anunciar que pretende inaugurar a Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, até o início do ano que vem. A siderúrgica é uma parceria entre a Vale e as coreanas Dongkuk e Posco.
Investimentos bilionários
A Coreia do Sul é responsável por aproximadamente US$ 3 bilhões em investimentos no Brasil, principalmente nas áreas automotiva, de semicondutores e de siderurgia. Entre 2009 e 2014, o comércio bilateral entre Brasil e Coreia do Sul passou de US$ 7,47 bilhões para US$ 12,35 bilhões. O saldo da balança comercial tem sido negativo para o Brasil, chegando a praticamente US$ 4,7 bilhões em 2014. As exportações brasileiras somaram US$ 3,83 bilhões enquanto as importações ficaram em US$ 8,52 bilhões no ano passado. Em 2009, o déficit estava em US$ 2,16 bilhões.
Uma das questões tratadas no encontro foi o rompimento das barreiras coreanas para a importação da carne suína produzida em Santa Catarina para melhorar a situação deficitária da balança comercial com aquele país. A carne suína brasileira encontra dificuldades no mercado porque a Coreia não aceita o chamado Princípio da Regionalização – segundo o qual bastaria a uma unidade federativa, e não ao país como um todo, ter certificação sanitária internacional para exportar carne. Dilma disse que a carne é referência de qualidade para mercados exigentes como os Estados Unidos, o Japão e a China. Mas não foi anunciada decisão nesse sentido.
A empresa sul-coreana Samsung também firmou acordo de cooperação com o governo brasileiro, identificando e recomendando projetos, inclusive startups para participarem dos acordos de cooperação e serem incorporados às atividades da empresa no Brasil. Em cinco anos, a Samsung vai investirá US$ 5 milhões no projeto. A empresa atuará junto à Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e ao Centro de Economia Criativa e Inovação (CCEI) Daegu, coreano.
Brasil e Coreia unidos pela moda
Evento “Fashion Passion” reuniu estilistas brasileiros e coreanos e contou com a presença da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye
Com o intuito de reforçar a amizade e a cooperação entre o Brasil e a Coreia do Sul e expandir a cultura coreana em terras brasileiras, o Ministério da República da Coreia realizou na capital paulista, no final de abril, o encontro “Fashion x Passion”, um desfile de moda com a participação de designers coreanos e brasileiros.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, também marcou presença nesse evento e destacou a importância da amizade entre os dois países e reforçou o orgulho que sentiu ao ver os jovens brasileiros prestigiando a moda e a música coreana.
Durante o encontro, estilistas coreanos como Yoon Choon Ho, Duyoung Jung Jeon Yang Bae e Cheong Min Kyung, juntamente com o renomado estilista brasileiro, Samuel Cirnansck, apresentaram suas criações. Outro destaque do desfile foi a coleção da designer Yoon Hee Lee, jovem coreana que reside no Brasil e fez parte da Casa dos Criadores do São Paulo Fashion Week.
Para completar a festa, apresentações de grupos de K-Pop, música pop coreana – estilo musical que a cada dia ganha mais força no Brasil e em vários países do mundo – contagiaram o público. Sucesso na Coreia e com uma legião de fãs no Brasil, SHINee e F(x), referências mundiais no estilo, usaram a passarela para agitar o público brasileiro em apresentações pra lá de animadas.