Descubra os benefícios da prática das artes marciais orientais e conheça melhor sobre cada uma destas técnicas
Cinthia Yumi / Fotos Divulgação e Reprodução
Há tempos que as artes marciais orientais conquistam pessoas de todas as idades e ganham adeptos em todo o País, sendo que não são raros os casos de brasileiros que se destacam nas diversas práticas e conquistam títulos para o Brasil.
Um exemplo típico de um brasileiro que fez das artes marciais o caminho para o sucesso mundial é o lutador de UFC, Lyoto “The Dragon” Machida, que praticamente cresceu dentro da filosofia do karatê, em especial o estilo Machida – desenvolvido por sua família – uma extensão do tradicional karatê Shotokan. “Só de você fazer uma atividade física já traz muitos benefícios ao corpo. Depois, a arte marcial te proporciona aprender uma outra forma de enxergar a vida através da filosofia e da disciplina”, diz em entrevista exclusiva à Mundo OK , que pode ser conferida na íntegra no final desta matéria.
Mais do que trazer benefícios ao físico, esse estilo zen de vida proporciona o equilíbrio necessário para encarar com tranquilidade o assédio dos fãs. “A prática esportiva me ajuda a encarar o assédio com naturalidade, não deixando se transformar em algo que incomode”, acrescenta ele.
A exemplo de Machida, muitos brasileiros se rendem à filosofia e aos benefícios que a prática das artes marciais proporcionam à saúde. Se antes estas práticas milenares eram restritas aos descendentes de chineses, coreanos e japoneses, hoje, elas são a vedete entre os esportes mais praticados até mesmo entre as mulheres, que procuram unir o útil ao agradável: manter o corpo em forma e aprender uma técnica de defesa pessoal.
Muito além do gasto calórico, ganho de massa muscular e do aprendizado da autodefesa, as artes marciais oferecem uma série de benefícios aos seus praticantes, atraindo cada vez mais seguidores. “Praticar uma arte marcial é uma oportunidade de conhecer aspectos de uma cultura diferente. Por meio delas podemos desenvolver disciplina e concentração, coragem para enfrentar os desafios da vida e compaixão diante daqueles que precisam de nossa ajuda. Elas são, na verdade, um estilo de vida”, relata a pesquisadora em práticas complementares e instrutora de Aikidô, Elisa Harumi Kozasa, 43 anos.
Segundo ela, embora apresentem características específicas, as artes marciais têm em comum o fato de “melhorarem fisicamente a força, a agilidade, a coordenação motora e a flexibilidade. E ainda ajudam a desenvolver maior atenção e equilíbrio emocional”.
O superintendente do Sindicato dos Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo e praticante de karatê, há 25 anos, Mauzleer Paulinetti, enumera uma série de benefícios que as artes marciais proporcionam às pessoas: “melhoram o condicionamento físico muscular e cardiovascular, aumentam a resistência do organismo, desenvolvem a atenção, paciência, disciplina, respeito ao próximo, criatividade, destreza, postura, bom senso, autocontrole diante das vitórias e derrotas, e ainda proporcionam um excelente ambiente de integração social”, enumera.
A maioria das artes marciais pode ser praticada por pessoas de todas as idades, desde crianças até vovôs e vovós. “A partir dos 7 anos a criança já pode ter iniciação como lazer em uma arte marcial, para começar a conhecer a modalidade”, explica Paulinetti. “Também é fundamental escolher um professor capacitado e uma academia regulamentada”, cotinua.
Segundo Elisa o ideal é “que antes de iniciar a prática de qualquer exercício físico, seja feita uma consulta médica para verificar se a pessoa está apta para a atividade”, alerta. “No caso específico das crianças, acho importante respeitar o interesse delas em querer acompanhar as aulas. Um professor com habilidade de tornar a aula mais lúdica pode ajudar a manter os pequenos interessados”, ressalta.
Todas as técnicas são bastante dinâmicas e requerem preparo físico que é melhorado com o tempo e a prática. Independente da modalidade, os benefícios para a saúde do corpo e da alma são garantidos. Então, se você se interessou pelo assunto ou já pensava em iniciar uma prática esportiva em artes marciais, pode aproveitar algumas dicas desta reportagem para colocar o projetoem dia. Conheça, a seguir, um pouco mais sobre as modalidades e mexa-se!
JUDÔ
Foi idealizado por Jigoro Kano, em 1882, no Japão. Tem como filosofia integrar corpo e mente. Sua técnica – dividida entre de pé e solo – utiliza os músculos e a velocidade de raciocínio para dominar o oponente. Kano define sua luta como “a arte em que se usa ao máximo a força física e espiritual”. Muito além de arte marcial, é encarada como filosofia de vida por seus praticantes. No Brasil, chegou por volta de 1922, quando Eisei Maeda fez sua primeira apresentação em Porto Alegre(RS). Em 1938, aarte marcial ganhou mais força com a chegada do professor Riuzo Ogawa. Eles foram os responsáveis por disseminar os ensinamentos do mestre Kano por todo o País. E em 1972, nascia a Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Atualmente o judô é ensinado em diversas academias e clubes em todo o Brasil, somando aproximadamente 2,5 milhões de praticantes em terras tupiniquins. Para mais informações sobre a técnica e onde praticar acesse o site www.cbj.com.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Judô.
Crédito Foto: Divulgação CBJ.
KARATÊ
É uma arte que utiliza todas as partes do corpo para fins de autodefesa e evolução interior. O maior objetivo do karatê, que nasceu em Okinawa no século XVIII, é a perfeição do caráter, por meio do treinamento árduo e rigorosa disciplina da mente e do corpo. Por ter sido praticado secretamente no passado, desenvolveu-se um grande número de escolas e estilos, entre as principais, destaque para: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu. No Brasil, a arte marcial foi introduzida em São Paulona década de 50, por meio da colônia japonesa, mais tarde ganhou adeptos em diversos Estados. OI Campeonato Brasileiro de Karatê, primeira competição oficial do País, foi realizado no Rio de Janeiro, em 1969. Hoje há mais de um milhão de praticantes em terras tupiniquins. Mais detalhes no site da Confederação, o www.karatedobrasil.org.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Karatê.
Crédito Foto: Reprodução
AIKIDÔ
Criado por Morihei Ueshiba é uma arte marcial japonesa tradicional, que abrange o desenvolvimento do ser humano de maneira integral, nos seus aspectos físico, mental e espiritual. No aikidô não há competição, trata-se de uma prática cujo foco é a busca interior. Os treinos utilizam técnicas corpo-a-corpo em pé e sentado, e também armas como o Jô (bastão de madeira), o bokken (espada de madeira) e o tanto (faca de madeira). Por meio de exercícios disciplinados consegue-se um eficaz método de defesa pessoal. Em terras tupiniquins, o aikidô chegou por volta de 1960, e é representado pela Confederação Brasileira de Aikido, oficialmente reconhecida pela central japonesa. Mais informações sobre a arte marcial no site www.aikikai.com.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Aikido.
Crédito Foto: Reprodução
KENDÔ
A história da técnica está relacionada ao advento da espada japonesa (katana), criada provavelmente no norte do País, no século IX. Toda a evolução dessa arte marcial ocorreu na era feudal, que durou 700 anos. Só em 1912 que a palavra kendô se estabeleceu, contribuindo para unificar as muitas escolas e divulgar as técnicas transmitidas por gerações, bem como o espírito da espada japonesa. Assim, a arte tradicional foi se modificando para se adaptar à sociedade moderna, formando o embrião do kendô contemporâneo. No Brasil, chegou junto com os primeiros imigrantes japoneses, em 1908, que praticaram a arte ainda no trajeto ao País, a bordo do navio Kasato Maru. Há registros de que em 1934 já havia campeonatos de kendô em terras tupiniquins. Atualmente, há mais de mil praticantes espalhados em 42 academias de kendô em todo o País, sendo a maioria delas no Estado de São Paulo. Para saber mais detalhes sobre a técnica acesse o site da Confederação www.cbkendo.esp.br ou da Federação Paulista www.fpkendo.org.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Kendô e Federação Paulista de Kendô.
Crédito Foto: Divulgação
KUNG FU
Arte marcial originária da China e que ficou famosa nos filmes estrelados por Bruce Lee, o Kung Fu, também chamado por Wushu, está presente no Brasil desde a década de 60 e se divide em duas modalidades. A primeira delas é denominada rotinas “Taolu” e tem como principal característica a riqueza e a plasticidade nos movimentos que se combinam a movimentos acrobáticos e com diferentes níveis de dificuldade. Já na modalidade Combate “Sanda” a principal diferença é a diversidade de técnicas, pois são permitidos socos, chutes e quedas. Atualmente, esta arte marcial -que segundo a sua Confederação Brasileira possui cerca de 5 mil atletas vinculados a federações estaduais dentro de um total estimado de60 a70 mil praticantes no País todo – está próxima a conquistar o status de modalidade Olímpica. Segundo o presidente da Confederação, Marcus Vinicius Alves, o Kung Fu vive um de seus melhores momentos no Brasil, “com a intensificação do intercâmbio de atletas do Brasil e da China e a visão deste último país em fazer do Brasil o grande disseminador do esporte na América do Sul”. Para quem quer praticar a modalidade com segurança, ele aconselha buscar por uma academia que seja filiada à federação estadual. Mais informações pelo site www.cbkw.org.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Kung Fu
Crédito foto: Divulgação CBKW
TAI CHI CHUAN
Esta filosofia milenar chinesa que se caracteriza pela atenção do desenvolvimento do ser humano em constante contato com a natureza está presente no Brasil desde a década de 70. O tai chi chuan praticado pela Sociedade Brasileira de Tai chi chuan segue o estilo tradicional Yang, um dos cinco estilos existentes: Chen, Yang, Wu e Sun, sendo que no estilo Wu houve dois mestres disseminadores da prática. Cada um desses estilos tem mestres, locais de origem e movimentos diferentes. O estilo Yang se caracteriza por apresentar 103 movimentos suaves, lentos, circulares e com velocidade homogênea. O tai chi chuan atua no sistema nervoso central, o centro de comando de todas as funções vitais, que é o responsável pela preservação dos mecanismos respiratórios, digestivos, eliminatórios, imunológicos. Estudos indicam que a prática do tai chi proporciona maior poder de concentração, equilíbrio, além de aliviar o estresse. Mais informações no www.sbtcc.org.br
Fonte: Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan
Crédito foto: Divulgação SBTCC
TAEKWONDO
O termo Taekwondo originou-se de Tae-Kyon e remonta à época em que a Coreia era uma colônia do Japão e a prática das artes marciais foram proibidas. Na ocasião vários mestres continuaram a praticar diversas modalidades de luta até 1945, quando com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão perdeu prestígio e suas colônias. A prática diversificada de artes marciais gerou confusão até 1955 quando houve um congresso que reuniu os mestres de cada estilo e determinou a união de todos eles resultando no taekwondo “caminho dos pés e das mãos”. Arte marcial que exige velocidade e musculatura das pernas bastante resistente e flexível e que se utiliza de chutes, golpes com punhos, técnicas de defesa pessoal e imobilização do adversário, o Taekwondo foi trazido ao Brasil, mais especificamente a São Paulo, por um grão-mestre coreano, na década de 70. De lá pra cá o esporte, que entre os benefícios à saúde proporciona desenvolvimento dos reflexos e flexibilidade, foi ganhando cada vez mais adeptos, que segundo a Confederação Brasileira de Taekwondo somam, hoje, cerca de 10 mil só entre os faixas-preta 1º. DAN. No mundo, segundo a Federação da modalidade, o Taekwondo, que é um esporte Olímpico desde 1980, está presente em 193 países. Mais informações no www.cbtkd.com.br e fetesp.com.br
Fonte: Confederação Brasileira de Taekwondo
Crédito foto: Divulgação CBTKD
HAPKIDÔ
Com 300 anos de história, o hapkidô (caminho da união da força e do espírito) se caracteriza como a arte da defesa, com cerca de 10 mil golpes, entre chutes, socos, cotoveladas e torções. No decorrer de sua história, o hapkidô esteve estreitamente ligado ao budismo, que era a religião disseminada pelos monges numa época de dinastias coreanas, quando apenas a elite recebia os conhecimentos. Como prática, o hapkidô quase chegou à extinção, já que um dos aristocratas da época não considerava os ensinamentos sobre treinamento corporal importantes, dando atenção apenas aos ensinamentos da mente. Assim como o taekwondo, o hapkidô também teve sua prática interrompida do período de1909 a1945 por causa da ocupação japonesa na Coreia. Mas, continuaria ser praticado pelo grão-mestre Choi, que formou outros seguidores. No Brasil, a arte chegou na década de 70 por meio de um representante da Federação Internacional de Hapkidô. E, em 2001 foi fundada a Confederação Brasileira de Hapkidô que conta hoje com cerca de 150 faixas-preta entre 1º. E 3º. DAN. O site da Confederação Brasileira de Hapkidô é o www.cbhkd.com.br
Fonte: Confederação Brasileira de Hapkidô
Crédito foto: Reprodução
MUAY THAI
A história do muay thai confunde-se com a própria história da formação do povo tailandês. Com raízes na China, o muay thai surgiu de outras práticas utilizadas como defesa pessoal até tornar-se um esporte de luta. A prática chegou a se utilizar de armas de corte, chegando a machucar gravemente os lutadores. Até que em 1920, algumas regras do boxe inglês foram adaptadas para o muay thai, entre elas a divisão por peso, o uso de luvas, a inclusão de rounds e outras adaptações. Das lutas antigas restaram algumas tradições, como o uso do “mongokon”, uma faixa colocada na cabeça dos lutadores antes da luta e que simboliza perseverança e honra. O esporte foi introduzido no Brasil no fim da década de 70, por Nelio Naja e, no início era mais conhecido como boxe tailandês. Em1981 amodalidade teve seu primeiro campeonato interestadual e em87, aformalização da primeira Federação. Antes de se popularizar, o muay thai passou por um período difícil com o desinteresse de alunos e professores. Até que no fim da década de 90, atletas do jiu-jitsu e praticantes de MMA (Mix Martial Arts) se rendiam às suas técnicas. Em 2003, o estilo estreava num grande evento de MMA. Mais informações podem ser encontradas no site www.cbmuaythai.com.br.
Fonte: Confederação Brasileira de Muay Thai
Crédito foto: Reprodução