Editorial: Abnegados de plantão

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Julho, para muitos, é o período de férias. Aquele tempo para dar uma pausa no cotidiano e respirar fundo para o restante do ano. Para outros, a hora é de correr e preparar festas e eventos que tanto agitam os orientais…

Só neste período, são dezenas de festivais cuja temática é a cultura japonesa. Do esplendor das cerejeiras, passando pela dança do yosakoi soran e chegando até ao grande Festival do Japão, uma multidão se prepara para vivenciar aspectos culturais e gastronômicos. Este último em especial, diga-se de passagem.

O que move todos esses grandes eventos é, em tese, o respeito às tradições trazidas pelos imigrantes, já há 105 anos. Por maior que seja o lado comercial e de politicagem envolvendo tais festivais – e que tem prejudicado em demasia o desenvolvimento dos eventos -, é inegável o empenho das pessoas para viabilizarem as ações. São voluntários dispostos a contribuir para engrandecer suas raízes, sua cultura. Deixam de lado afazeres, passeios e até mesmo o trabalho para se dedicar à entidade de província ou mesmo para conhecer melhor o que seus pais e avós trouxeram do outro lado do mundo.

Se não fossem esses abnegados, com certeza a maioria dos eventos já teria ficado apenas nas lembranças. Há de se reconhecer esse esforço, pois, por muitas vezes, nem sequer são mencionados ou reconhecidos pelas lideranças. Por ser tão natural encontrar pessoas dispostas a ajudar, passam despercebidas aos olhos daqueles que “mandam”. Infelizmente é assim que acontece e tenho ouvido muitas queixas. O resultado são pessoas cada vez mais desmotivadas e sem vontade até mesmo para passear, o que representa um alerta para o futuro dos eventos.

A hora é de celebrar? Sim, mas cuidando para que as sementes germinem de forma harmoniosa no futuro. Talvez um pouco menos de interesse pessoal de algumas lideranças seria o começo, com uma mentalidade voltada ao coletivo. Entretanto, o receio de perder posições “de destaque” destes tais líderes sufoca aqueles que chegam com novas ideias, dispostos a contribuírem de coração. Enfim, um ciclo realmente vicioso. Talvez, um dia seja viável. Talvez.

Boa leitura

Rodrigo Meikaru