Espiritualidade – a Matéria x Espírito (parte 1)

0
603

Antigamente nas famílias okinawanas os velórios eram realizados em casa, atualmente ocorrem em locais predeterminados. O falecido era vestido com a melhor roupa, como se fosse partir para uma grande viagem. No caso das flores no caixão, as rosas eram descartadas “pelos seus espinhos”, em muitos casos, haviam famílias que tinham o costume de colocar alguns objetos de uso pessoal no caixão… 

Shinji YonamineEm Okinawa os familiares mais chegados, colocam o Gusso no Kane que são papelotes com desenho de moedas simbolizando dinheiro, para que o falecido tenha algo para oferecer na outra vida, lá também acredita-se que quando morrem duas pessoas da mesma família, em curto espaço de tempo, haverá uma grande possibilidade de ocorrer uma terceira morte, para que isto não aconteça, é de costume colocar no caixão um boneco representando a terceira pessoa, deste modo a família se livrará deste infortúnio.

No velório o corpo é velado, tendo ao seu lado esquerdo um aparador, com o Shiro Ihai – “Tablita Branca” com o nome e a idade do falecido, um Koro – pote (recipiente com areia) onde se acende um incenso para a pessoa e uma caixa para serem colocados os Koden – envelope com dinheiro.

Após o enterro, os familiares mais chegados, retornam à casa do falecido levando o Shiro Ihai e o Koro, para dar início aos preparativos dos rituais religiosos,é de costume a família ir ao túmulo após o enterro, durante três dias seguidos. Os espelhos, quadros e também dependendo dos móveis da casa, são cobertos com um pano branco. O Shiro Ihai, que representa o espírito do falecido, tem uma representação muito forte para os okinawanos, que acreditam no processo de volta ao lar.

Durante (49) quarenta e nove dias ou (7) sete semanas, sãorealizadas as missas – Suko em casa, as principais são: 1ª semana, 3ª, 5ª e a 7ª que é a ultima missa. O Shiro Ihai e o Koro, são colocados sobre uma mesa como se o espírito estivesse presente na casa, e acende se um senkôpara o espírito se conscientizar da sua passagem para o mundo espiritual. Ao lado da mesa, colocam se as roupas e os pertences pessoais do falecido.

Em Okinawa os costumes e as oferendas das missas variam de região para região,sendo que as oferendas são arrumadas em uma caixa chamada Jubaco, em que são dispostas sempre em números ímpar (3 – 5 – 7),normalmente são sete variedades de salgados: tempurá de batata doce, toucinho defumado, nabo, kombu, cenoura, gobo e kamaboko, tendo também um prato principal com 21 motchis – bolinhos de arroz,dispostos em três carreiras de sete motchis, e mandju branco – bolinho de feijão,algumas famílias oferecem o peixe frito inteiro, há regiões queé oferecido a cabeça do porco, e a modernidade tem acrescentado outros tipos de doces e salgados, na 7ª missa (que é a última) é ofertado um pratocom (48) quarenta e oito motchis “bolinhos de arroz” representando o corpo e um motchi maior que representa a cabeça. Que simbolizam os (48) ossos do corpo e a cabeça.

SHINJI YONAMINE é Palestrante e aborda questões históricas sobre Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.