Espiritualidade – A Matéria X Espírito (Parte 2)

0
783

Destacando que a primeira e a última missa são as mais importantes, considerando os 49 dias ou mesmo 7 semanas, é igual ao tempo de formação do ser humano no ventre da mãe, e também considera-se o período em que o espírito do falecido toma consciência de seu desencarne, pois em muitos casos vem a morrer repentinamente.Esse é o período em que as entidades superiores preparam, orientam e o encaminham para o plano espiritual…

Na 7ª missa é realizado um pequeno ritual de transferência, em muitas ocasiões sob o encargo de uma espírita “Yuta”. O“ShiroIhai” – tablita brancaé queimado, pega se três punhados das cinzas que é adicionado no “Koro”, e é confeccionado um novo “Ihai” – tablita com nome do falecido desta vez na cor vermelha e letras douradas, em Okinawa a cor vermelha simboliza “a alegria de receber os descendentes”.

O “Koro” e o “Ihai” são transferidos para um móvel o “Guansu ou Totome”, que é um oratório de madeira, onde os acessórios ficam dispostos da seguinte maneira:no 1º degrau – é colocado o Ihai (dividido em dois níveis, o superior é inserido o nome dos homens, na parte inferior o nome das mulheres) e vasos com flores, no 2ºdegrau –duas xícaras com chá, um copo com água (deve ser trocado todo dia), e um cálice de pinga (opcional), 3º degrau – o “Koro”.

A partir daí, acende-se três senkôs – incensos,finalizando o processo, a “Yuta”faz a oração do ritual com a família, é nesta ocasião em que o falecido de acordo com a sua evolução,possa se comunicar com os seus familiares,agradecendo, como forma de consolo.

Caso a pessoa venha a falecer no período em que não se completa os 49 dias até o finaldo ano, as missas se encerrarão na 1ª missa, 3ª missa ou a 5ª missa, considerando se, que não se pode passar a tristeza da perda de um ente querido, para o próximo ano. Porém, se a pessoa falecer no final do ano, e a sua 1ª missa cair no mês de janeiro, se mantém toda a sequência das 7 missas.

Assim,termina o 1º ciclo das missas, e nos dias 1º e 15º de cada mês,acende-se o senkô é oferecido chá e água, posteriormente serão realizadas missas, de 01 ano, 03 anos, 07 anos, 13 anos, 25 anos e a última missa de 33 anos que é a consagração, quando o último compromisso se encerra, o Pai “falecido” que conheceu o seu filho, já é avô.

Cabe a mulher da casa ser a porta voz espiritual,é ela que acompanha a visita para rezar, a responsável de cuidar do Totome, fazer as oferendas e acender o senkô.

Mantendo a tradição, a responsabilidade de administrar os rituais é do filho primogênito, assim sendo a sua casa passa a ser o ponto de referência de todos os descendentes desta família, pois o sonho dos pais tem como base a integração familiar, e os momentos em que são realizadas asmissas e os dias festivosem que se reúnem no fim do ano, passa a ser o propósito principal desta cultura. O Totoméé omotivo de uma grande realização familiar em que os ancestrais estãocontentes porque a família está unida.

SHINJI YONAMINE é Palestrante e aborda questões históricas sobre Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.

Artigo anteriorSeparados lá fora
Próximo artigoIntercâmbio cultural
Diretor e editor chefe da Mundo OK desde 2017. Formado em comunicação, fotógrafo por paixão, em 2014 encontrei na Mundo OK o canal ideal para mostrar meu trabalho e admiração pela minha cultura. Hoje, a frente desse empreendimento, me sinto na obrigação de trazer a cada edição o que temos de melhor dentro da nossa comunidade para que o leitor veja que nossas raízes estão cada dia mais fortes!