Conheça as dificuldades, o pioneirismo e as conquistas de Sang Min Cho, o “pai” do Taekwondo brasileiro
Fotos Barbara Ataíde
Com uma trajetória de vida impressionante, um dos maiores mestres de artes marciais do mundo, e responsável pela introdução do Taekwondo em terras tupiniquins, Sang Min Cho coleciona histórias, conquistas e muitas vitórias com o esporte que escolheu para divulgar e ensinar Coreia a fora.
Sua história tem início em uma Coreia ocupada pelos japoneses, onde viveu os primeiros anos de sua vida. Depois, vivenciou o difícil período da Segunda Guerra Mundial e da sangrenta Guerra da Coreia. Foram longos períodos em meio à fome e a tristeza.
Mesmo sofrendo tantas privações, Cho sobreviveu para aprender a lutar e tornar-se um dos mais respeitados mestres do mundo e colaborar na criação e estruturação do Taekwondo – arte marcial coreana que se tornou uma das maiores modalidades olímpicas, com mais de 70 milhões de praticantes em todo o mundo.
Cho foi instrutor das primeiras turmas de mestres formados na Coreia do Sul, com o objetivo de difundir o Taekwondo pelo mundo. Também foi instrutor das forças armadas coreanas e da Korean Central Intelligence Agency (KCIA), a temida agência de inteligência do governo coreano, equivalente à CIA dos Estados Unidos. Ele tornou-se também o primeiro mestre de Taekwondo enviado pelo governo coreano, a pedido do general Choi Hong Hi, idealizador do Taekwondo, para introduzir oficialmente a arte marcial coreana no Brasil. Por esse motivo é reconhecido mundialmente como o “pai” do Taekwondo brasileiro.
Pouco depois de chegar em terras verde e amarela, na década de 1970, mestre Cho inaugurou a primeira academia de Taekwondo do Brasil, a Academia Liberdade, localizada na região central de São Paulo. Nesse período, Cho revela que enfrentou muitas dificuldades: “Quando eu comecei com o Taekwondo no Brasil, em 1975, foi muito difícil a adaptação, principalmente, porque eu não falava português, o idioma, com certeza, foi a maior dificuldade que enfrentei”, conta. “Em contra partida sempre tive o apoio da comunidade coreana, que ajudou muito no crescimento da modalidade no Brasil”, completa o mestre.
Crescimento esse confirmado em números. Hoje em dia, segundo Carlos Negrão, ex-técnico da seleção brasileira de Taekwondo, existem mais de 500 mil praticantes de Taekwondo no Brasil. “E eles não estão só nas academias de artes marciais. Pratica-se Taekwondo nas forças armadas, polícia militar, clubes, universidades, escolas e em muitos projetos sociais”, revela. “E esse número só foi alcançado graças ao trabalho árduo do mestre Cho, que conquistou o respeito de todos os brasileiros, que também se apaixonaram por essa arte marcial”, completa Negrão.
Atualmente, Sang Min Cho, é presidente de uma entidade mundial de Taekwondo, criada por ele e por outros mestres pioneiros da modalidade, que se propõe a unificar o Taekwondo mundial em torno de uma nova proposta, em que o objetivo final seria o retorno às raízes da arte marcial coreana, além de um programa de aprimoramento para mestres e professores.
Segundo o mestre Cho, o Taekwondo no Brasil está crescendo muito, o que é motivo de orgulho para ele. “A modalidade se desenvolveu muito em terras brasileiras e o meu grande sonho é ver os brasileiros campeões mundiais da modalidade”, revela. “E tenho certeza que em breve esse sonho será realizado. Basta os atletas brasileiros continuarem trabalhando em equipe e com os grandes mestres”, finaliza Cho.
Para contar todos os detalhes dessa história de superação e conquistas de Sang Min Cho, o escritor e editor Eduardo Infante decidiu escrever um livro, que foi lançado em São Paulo no final de 2013. “Sou escritor e sempre me interessei muito por história, então, juntei as duas paixões e resolvi contar a história do esporte para os mais jovens e foi a maneira também que encontrei para homenagear, resgatar e divulgar a história do mestre”, revela Infante, que também é mestre de Taekwondo, faixa-preta 5º Dan, tendo começado o seu treinamento na arte marcial com o mestre Cho.
Publicado pela Prata Editora, em pouco mais de 200 páginas, a obra aborda a vida do mestre e em paralelo explica períodos da história que Cho vivenciou, desde sua infância em uma Coreia que sofria com a invasão japonesa, passando pelo nascimento do Taekwondo, as mudanças em seu país de origem, a chegada ao Brasil, as dificuldades sofridas, a divulgação do esporte em terras tupiniquins, até a sua visão do Taekwondo atual e as expectativas para o futuro da arte.
Segundo o autor, todo o processo de produção do livro levou um ano. Além das pesquisas históricas, fez uma entrevista de mais de oito horas com o mestre. “É um livro feito com muito carinho, contei a história do mestre Cho e do Taekwondo, porque as duas estão muito ligadas”, explica Infante.
Trabalho reconhecido e aplaudido pelo mais interessado no resultado: o homenageado. “Gostaria de agradecer e parabenizar o Eduardo por ter elaborado esse livro. Foi muito trabalhoso, porque eu moro nos Estados Unidos e ele em São Paulo”, ressalta o mestre.
“Agora, depois de lançado, a sensação é de missão cumprida. O que é a felicidade? É aquele momento que você não quer que acabe. E esse momento é o de hoje, o do lançamento do livro com a presença do mestre Cho”, finaliza Infante.