Amizade de grupo transforma modalidade em oportunidade de conhecer o Japão
Fotos Arquivo pessoal
O beisebol, modalidade trazida pelos imigrantes japoneses ao Brasil, é um esporte bastante singular. Com regras, por vezes, difíceis de entender, o jogo baseia-se em estratégias de grupo para se alcançar um bom resultado. Tal disciplina – tão comum entre os japoneses – resulta em fortes laços de amizade, também, fora de campo. A ponto de se fortalecerem por décadas, envolvendo famílias inteiras e viagens internacionais.
Tal panorama ilustra bem a história de um grupo de jogadores brasileiros, hoje da categoria sênior. Há três anos, durante uma reunião de amigos, cogitou-se a hipótese de se jogar no famoso Tokyo Dome, o estádio mais conhecido do Japão. Através de contatos com conhecidos, em 2013 eles conseguiram a proeza. Embarcaram rumo a um sonho, representando o Brasil na categoria para partidas contra equipes de lá.
“Conseguimos marcar um dia para jogarmos, antes do início da temporada. Chegamos e, realmente, realizamos um sonho. Além de praticarmos o beisebol, estávamos em um grande estádio. A partir daí, resolvemos criar um calendário anual de amistosos e torneios com equipes do Japão”, relembra um dos coordenadores do grupo, Nelson Yagi.
Com um nome definido para a competição – “Jogo da Amizade entre Brasil e Japão”, a seleção sênior, com jogadores acima de 60 anos, articulou com os times japoneses a possibilidade de intercâmbio. Assim, em 2014, foi a vez dos japoneses virem ao Brasil, para praticarem o esporte do coração e, de quebra, conhecerem um país que fica do outro lado do mundo. “Foi uma sensação de amizade recíproca. Fomos tão bem-recebidos que, durante o ano, sempre trocamos mensagens. Nessas conversas, conseguimos viabilizar a vinda deles, fortalecendo esse intercâmbio”, conta o chefe de delegação 2015, Arlindo Morioka.
Neste ano, era a vez de retornar ao Japão. Com a motivação elevada, o Brasil partiu, nos meses de março e abril, para, mais uma vez celebrar o jogo da amizade. Com resultados ainda mais representativos. “Conhecemos novos times, renovando o círculo de amizade. Foram 17 dias intensos, não só de beisebol, mas de turismo também. Muitos foram acompanhados da família, o que proporcionou uma harmoniosa viagem”, revela Yagi, destacando a visita às floradas de sakura (cerejeira), plantação wasabi, além de vilas antigas e castelos. “Tóquio, Matsumoto, Takayama, Kanazawa, Fukui, Kioto e Osaka… muitas cidades, cada qual com suas peculiaridades. O beisebol pôde nos proporcionar isso”, diz.
Agora, os planos são de manter o grupo unido para, no próximo ano, produzir mais uma edição da competição. Aliás, mais até do que o jogo e o resultado, o que vale mesmo é a forma de unir Brasil e Japão através de um elo comum. “Através de um esporte, conseguimos fortalecer laços de amizade, envolvermos nossas famílias e conhecer um país muito bonito. Tudo isso vale a pena, mais do que qualquer resultado em campo. Vamos continuar com essa tradição”, finaliza Morioka.