Na tarde de terça-feira (30/04), a cerimônia de abdicação do imperador Akihito foi realizada no Palácio Imperial, em Tóquio. Mais ou menos no mesmo momento, porém, um encontro diferente estava acontecendo no distrito de Shinjuku, na capital, onde várias organizações cristãs japonesas, incluindo a Convenção Batista do Japão, o Conselho Nacional Cristão no Japão e a Sociedade de Jesus, realizaram uma conferência conjunta para expressarem suas queixas sobre a cerimônia de ascensão do filho de Akihito, Naruhito, que estava marcada para acontecer no dia seguinte.
No coração da queixa dos grupos cristãos está o fato de que, embora a mudança imperial seja um evento de grande significado cultural no Japão, também há um aspecto religioso. A crença xintoísta tradicional sustenta que os imperadores do Japão são os descendentes da deusa do sol Amaterasu, a divindade mais importante da religião e que por extensão o próprio imperador é um Deus em forma humana. Além disso, as insígnias imperiais do Japão, chamadas de Os Três Tesouros Sagrados e consistindo de uma espada, conta curva e espelho, também têm conexões milenares à crença xintoísta e tanto a espada quanto a conta são apresentadas ao novo imperador durante a cerimônia de ascensão.
Isso levou os grupos cristãos reunidos a emitir uma declaração conjunta dizendo que a cerimônia de ascensão, uma função oficial do Estado que o primeiro-ministro Shinzo Abe compareceu e proferiu um discurso durante a “violação dos princípios fundamentais da soberania democrática, bem como a separação de governo e religião, como especificado na constituição do Japão”. As organizações têm a mesma opinião sobre a cerimônia de entronização do Imperador Naruhito, a segunda cerimônia no processo de sucessão, que está programada para Outubro, dizendo que o status oficial do estado cerimonial mostram “um ressurgimento do Estado xintoísta”, um termo usado para descrever as fortes influências recíprocas das doutrinas xintoístas, incluindo a divindade absoluta do imperador e as políticas governamentais entre si durante o belicoso clima político do Japão durante a primeira metade do século XX.
No entanto, enquanto os fundamentalistas Shinto existem no Japão, seria um exagero dizer que a maioria do povo japonês reverencia o imperador como um deus. O próprio avô de Naruhito, Hirohito, fez uma declaração pública rejeitando a ideia de que ele era um deus vivo após a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial e na era atual, o imperador é visto mais como um símbolo dos valores e cultura tradicionais do Japão, não como um líder religioso.
Como o Imperador do Japão não tem poder político oficial, é improvável que a afirmação dos grupos cristãos japoneses de que as cerimônias de ascensão e entronização constituam uma violação da constituição levará a quaisquer mudanças no evento planejado em Outubro, assim como a cerimônia de ascensão de Naruhito prosseguiu como planejado em 1 de Maio.
Fontes: Livedoor News / Asahi Shimbun Digital via SoraNews
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