Gyubang: a história e as simbologias por trás do artesanato coreano
Texto e fotos: Cibele Hasegawa
Há mais mistérios por trás do artesanato coreano do que sonha nossa vã filosofia. Suas cores, formas, desenhos e costuras enchem os olhos com a sua beleza e delicadeza. Além de funcionais no dia a dia, também são verdadeiras obras de arte expostas mundo afora. Mas nesse trabalho milenar há muito mais que o esforço e a dedicação do artesão. Cada peça carrega uma simbologia e traz consigo a história das mulheres da dinastia Joseon (1392 – 1910), que transformaram as limitações de sua época em uma forte e característica expressão cultural – o gyubang.
O gyubang era o nome dado ao espaço exclusivo para mulheres daquela época, pois eram impedidas de se misturar com os homens. As condições desse período não eram muito favoráveis à figura feminina, porém, nesse lugar onde ficavam, elas encontraram, através dos trabalhos manuais, uma forma positiva de encarar a vida. E essa arte se transformou em uma forma de expressão e desenvolvimento de seu talento criativo.
“Elas realizavam o tingimento natural, costuravam, bordavam e desenvolviam o nó oriental feito com fibras de seda torcidas. Tudo isso aproveitando as sobras de tecidos descartadas pelo palácio do rei. Faziam roupas, cobertores, enfeites, bolsas e peças úteis ao cotidiano”, explica Young Ju Kim, artista e professora de artesanato coreano, que já expôs suas obras em Roma e na Tailândia, além de ser premiada na 11ª Grande Exposição de Arte Bunkyo, em 2017, em São Paulo.
Como se não bastassem a beleza dos produtos e a sua funcionalidade diária, o artesanato coreano carrega, ainda, simbologias milenares. “Cada peça tem um significado, traz um desejo e uma energia que pode ser presenteada a alguém ou a si mesmo”, afirma Kim. Para a sorte não “vazar”, elas confeccionavam uma pequena bolsinha, o bokjumoni, usada para guardar pertences. Ao casar, os noivos ganhavam patinhos de madeira, que simbolizavam a união, e havia a peça certa para guardar a certidão de casamento e entregar o dote à família.
Esses costumes do passado sobrevivem até hoje. Na Coreia ou na comunidade coreana no Brasil, essas peças continuam fazendo parte do cotidiano para atrair bons fluidos e o equilíbrio do universo. É por isso que a aula de gyubang vai além do aprendizado das técnicas, ela transmite o simbolismo por trás de cada peça tradicional coreana.
BOX (foto gyuban1)
Você também pode aprender essa arte cheia de simbologias!
Quando? Todas as quintas-feiras
Que horas? De manhã (das 10h às 12h) ou à tarde (das 14h às 16h)
Onde? No Centro Cultural Hallyu – Rua Guarani, 149 – Bom Retiro
Mais informações pelo telefone: (11) 2538-7453