Internacional: Armas em punho

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Japão altera regras internas e, após 50 anos, voltará a vender armas para outras nações 

Imagem: Divulgação

País considerado um dos mais pacíficos do mundo, o Japão aprovou uma norma bastante peculiar. No começo deste mês, o governo local autorizou a venda de armas sob determinadas condições. A ideia com esse novo movimento – era proibido vender armas em território japonês há 50 anos – é posicionar de forma estratégica o arquipélago junto a outras potencias mundiais.  

O novo regulamento vai substituir os três princípios aprovados em 1967, que impedem a venda de armamento a países sujeitos a embargo ditado por resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), aos do bloco comunista e aos países envolvidos em conflitos internacionais ou passíveis de se tornarem parte. Essas restrições foram reforçadas em 1976, levando a uma proibição total da venda de armas.

Os novos princípios mantêm a interdição de exportar armas para países envolvidos em conflitos ou que violem resoluções das Nações Unidas. O Japão apenas permitirá as exportações de armamento caso seja utilizado para “a cooperação internacional” e servir “interesses de segurança”.

Tóquio também vai impor um sistema de controle e acompanhamento no sentido de garantir que as armas não tenham como destino fins distintos e que não caiam em terceiras mãos. A coligação governamental decidiu mudar a proposta de lei inicial do regulamento, para assegurar a transparência das exportações de armamento e que ele não será utilizado em conflitos bélicos, após críticas de parte da sociedade japonesa.

O Japão “continuará a contribuir para a paz e procurará a cooperação tecnológica na área da defesa com os Estados Unidos e outros países”, disse o ministro da Defesa japonês, Itsunori Onodera, em declarações citadas pela Agência Kyodo. Outra fonte oficial disse à agência que “não pretende permitir que as exportações contribuam, de modo algum, para conflitos internacionais ou para a obtenção de benefícios econômicos”.

A alteração da norma integra-se à nova estratégia de defesa e de segurança do primeiro-ministro, Shinzo Abe, que também contempla uma reinterpretação do princípio de autodefesa reconhecido na pacifista Constituição nipônica. Essa mudança de estratégia ocorre no momento em que se vive um auge militar na China, país com o qual Tóquio mantém disputa territorial devido às ilhas Senkaku/Diaoyu.

O novo regulamento sobre armas permitirá ao Japão participar de projetos de desenvolvimento e produção conjuntos, enviar equipamentos militares para aliados em operações de vigilância, estreitando assim a  cooperação em matéria de defesa e segurança com outras nações.

Levantamento feito pela Agência Kyodo, no fim do mês passado, mostra que a maioria (67%) se opõe à exportação de armas, contra 26% que se pronunciaram a favor da venda ao exterior. A medida também não agradou à China e à Coreia do Sul, dois dos principais exportadores de armamentos, os quais já tinham feito críticas, em várias ocasiões, à mudança de estratégia impulsionada por Abe.