Cinco anos após desastre, Japão defende manutenção da energia nuclear no país
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Cinco anos após o maior desastre nuclear do país, o Japão lembrou com emoção o grande terremoto que resultou em milhares de vítimas. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, defendeu publicamente, porém, que o país não pode ficar sem energia nuclear.
“O nosso país, de escassos recursos, não pode ficar sem energia nuclear se quiser garantir a estabilidade do fornecimento energético, tendo em conta considerações econômicas e as alterações climáticas”, declarou Shinzo Abe.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de 9 graus de magnitude ao longo da costa Nordeste do Japão deu origem a uma onda gigantesca que varreu aquela região do arquipélago, deixando cerca de 18,5 mil mortos e desaparecidos.
As três regiões mais atingidas foram Iwate, Miyagi e Fukushima, onde se situa a central nuclear de Fukushima Daiichi e que sofreu o pior acidente nuclear desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, quando o núcleo de três dos seis reatores em funcionamento entrou em fusão.
Depois de um discurso de cerca de 15 minutos sobre os progressos na reconstrução da região do Nordeste do Japão, devastada há cinco anos, o primeiro-ministro questionou a decisão judicial de emitir uma ordem para desligar dois reatores nucleares.
Os dois reatores foram reativados recentemente depois de terem sido considerados seguros de acordo com o novo regulamento de segurança, criado após o desastre de Fukushima. Abe declarou que o governo “não vai mudar sua política” nuclear, que permite reativar reatores considerados seguros. “A autoridade reguladora nuclear decidiu que estes reatores estavam em conformidade com as normas de segurança, que são as mais restritas do mundo, com base em critérios técnicos e científicos”, insistiu.
Atualmente, existem 43 reatores nucleares no Japão (contra 54 antes da catástrofe de Fukushima), mas apenas dois estão em funcionamento. Outros dois – Takahama 3 e 4 – entraram em funcionamento total ou parcial, após a decisão judicial. De acordo com pesquisas de opiniões feitas regularmente por meios de comunicação japoneses, a maioria da população é contrária à reativação de centrais nucleares.
O Japão, sexto emissor mundial de gases de efeito estufa, comprometeu-se a reduzir em 26% as emissões, entre 2013 e 2030. Para alcançar este objetivo, a energia nuclear devia fornecer entre 20% e 22% da eletricidade, de acordo com os compromissos apresentados por Tóquio à ONU. A proporção era de entre 25% e 30% antes do acidente. As energias renováveis vão aumentar entre 22% e 24% até o ano fiscal de 2030 (abril de 2030-março de 2031), contra 11% no ano que terminou no final de março de 2014.