Nesta semana os japoneses vêm relembrando os 74 anos dos bombardeios as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Desde o último dia 6 de Agosto, pessoas em todo o Japão fazem uma pausa para homenagear as vítimas dos acontecimentos dos quaais jamais conseguirão se esquecer.
Em 6 de agosto de 1945, um avião de guerra dos Estados Unidos lançou uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. Dezenas de milhares de pessoas morreram na hora. Um número estimado em 140 mil pessoas acabou falecendo até o final do mesmo ano. Cerca de 50 mil pessoas compareceram à Cerimônia Memorial da Paz de Hiroshima para refletir sobre a tragédia e pedir por um mundo livre de armas nucleares.
Às 8h15, Hiroshima ficou em silêncio – exatamente 74 anos após a bomba atômica ter atingido a cidade.
Em sua declaração de paz, o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, apresentou um breve poema de uma sobrevivente que tinha cinco anos de idade quando a bomba foi lançada. Na obra, a autora descreve como a cabeça de sua irmã mais nova sangrava muito e também sobre a ira que se apossou de sua mãe.
O prefeito exortou o governo japonês a ouvir a voz dos hibakusha, como são conhecidos os sobreviventes dos bombardeios, além de assinar e ratificar um tratado das Nações Unidas que proíbe armas nucleares.
Matsui disse: “Eu exorto os líderes do Japão a manifestar o pacifismo da Constituição japonesa por meio da liderança na adoção do próximo passo adiante rumo a um mundo livre de armas nucleares.”
Já nesta sexta-feira (09/08), foi a vez da cidade de Nagasaki relembrar do terrível acontecimento. A segunda bomba atômica lançada na história da humanidade foi lançada contra a cidade no sul do país.
No Parque Memorial da Paz de Nagasaki várias pessoas passaram pela manhã para rezar pelos mortos e suas famílias. Uma delas, uma senhora de 75 anos, vivenciou os horrores da bomba atômica. Na época, ela tinha apenas 1 ano de idade.
“Na época tinha 1 ano, então não me lembro de nada. Minha mãe morreu sem nunca falar sobre a situação daquele dia. Meu pai sofreu com sequelas da bomba e não me lembro do rosto dele. Desejo que uma guerra nunca mais ocorra e que o mundo seja de paz”, disse a senhora.
As cerimônias de lembrança ao dia 9 de Agosto de 1945 não atraem apenas a atenção dos mais velhos. Os jovens também comparecem para prestar as suas homenagens, como o caso de um estudante universitário de 19 anos.
“Vim visitar o Parque Memorial da Paz, pois quero pedir por um mundo sem armas nucleares. Quero que isto se concretize o quanto antes”. disse ele.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, compareceu às cerimônias oficiais, discursando por volta das 10h40. Às 11 horas e 2 minutos foi feito um minuto de silêncio em memória a todos os mortos na tragédia.
No último ano, 3.402 hibakusha, como são conhecidas as vítimas e sobreviventes da bomba atômica, faleceram e se juntaram as outras 182.601 pessoas, cujos nomes constam na lista oficial de vítimas.
Apesar das cerimônias, a luta de Nagasaki contra as armas nucleares continua. O prefeito da cidade, Tomhisa Taue, pede para que Nagasaki tenha sido a última cidade a receber um ataque de uma arma nuclear.
Potências nucleares como os Estados Unidos e a Rússia não apoiam o tratado. Já o Japão, que depende da proteção nuclear americana, não o assinou.
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe sustenta que o país não vai aderir ao tratado da ONU. Ele afirmou que, embora o objetivo do tratado de abolir as armas nucleares seja o mesmo que o do Japão, as abordagens de ambas as partes são distintas.
Abe disse: “Nós estamos determinados a atuar como uma ponte entre Estados detentores e não detentores de armas nucleares, exortando persistentemente o uso do diálogo por meio da obtenção da cooperação de ambas as partes, além de liderar os esforços envidados pela comunidade internacional.”
As autoridades de Hiroshima e Nagasaki esperam um papel mais ativo do governo japonês em relação à questão nuclear, principalmente considerando que o país foi o único a experimentar os terrores da bomba atômica.
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