Editora Estação Liberdade lança o livro “Declínio de um homem”, que reúne as recordações do autor japonês
Foto Divulgação Editora Estação Liberdade
Editado pela primeira vez no Brasil, a obra “Declínio de um homem”, vendeu mais de 10 milhões de exemplares desde a sua publicação original, em 1948, provando que a curta passagem pela vida do escritor japonês Osamu Dazai, que se suicidou aos 38 anos, não o impediu de se transformar em um autor popular.
A obra sintetiza em passagens, notoriamente biográficas, muitas das angústias que alimentavam a personalidade autodestrutiva de Dazai, que tinha dificuldade de se entender com seus familiares, nunca conseguiu se livrar do problema com o álcool, além de sua autoestima inexistente.
Ao contrário de muitos autores tradicionais da literatura japonesa, caracterizados de forma geral pela sutileza e por tons etéreos, Dazai escreve com as vísceras, com uma escrita vertiginosa, não se importando em trazer à tona os fantasmas interiores mais obscuros.
Estruturado em três cadernos, o autor, por meio do personagem alter ego Yozo, relata em primeira pessoa diversos episódios sobre as hostilidades da vida que ele tem de enfrentar. Yozo, um jovem estudante provinciano que tenta sobreviver na capital Tóquio, é um depressivo cuja tristeza se espalha nele como metástase, contaminando suas energias e impedindo-o de recuperar uma alegria de viver que, na verdade, ele nunca sentiu.
Afastado da família, e com dificuldades financeiras, Yozo sobrevive escrevendo histórias e fazendo desenhos de qualidade duvidosa – e com incursões na pornografia – para alguns periódicos populares. Nem mesmo as mulheres que se apaixonam por ele o fazem minimamente feliz, de modo que, com o passar do tempo, as manias de Yozo se tornam cada vez mais perturbadoras, pintando-o como um “jovem Werther japonês”.
Osamu Dazai
O autor, cujo nome verdadeiro era Tsushima Shuji, nasceu em Kanagi, no Japão, em 19 de junho de 1909. Dazai estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio, e sempre uma vida familiar atribulada, por causa de um relacionamento com uma gueixa, Hatsuyo Oyama, acabou deserdado pelo pai.
Com uma vida emocional também complicada, Dazai tentou colocar fim à própria vida em quatro ocasiões, sendo duas delas antes de completar 20 anos de idade. De saúde frágil e com recorrentes problemas financeiros, tornou-se alcoólatra e passou por diversas internações hospitalares, além de ser viciado em morfina.
Quando era universitário, envolveu-se em atividades clandestinas do Partido Comunista, do qual se afastou dois anos depois. Um de seus poucos refúgios, foi a literatura, começou a escrever bem cedo, em uma produção que rendeu contos, relatos e novelas, inserindo-se, nos anos 1930, no movimento romântico japonês.
Depois de separar-se de Hatsuyo, casou-se novamente com uma professora, Michiko Ishihara. Suicidou-se às vésperas de completar 39 anos, juntamente com sua amante na época, Tomie Yamazaki, jogando-se no rio Tama, em Tóquio, no dia 13 de junho de 1948.
Após se separar de Hatsuyo, casou-se novamente, com uma professora, Michiko Ishihara. Suicidou-se às vésperas de completar 39 anos, juntamente com sua amante na época, Tomie Yamazaki, jogando-se no rio Tama, em Tóquio, em 13 de junho de 1948.
Declínio de um homem
Osamu Dazai
Tradução do japonês: Ricardo Machado
Editora Estação Liberdade
152 páginas
R$ 32,00