Ambientado no Japão contemporâneo, o romance da autora japonesa Banana Yoshimoto aborda o relacionamento entre primas
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Uma história intimista e de tons tragicômicos é assim que pode ser resumida a obra de Banana Yoshimoto, autora japonesa que ocupa uma posição de destaque no atual panorama literário nipônico. Editado pela Estação Liberdade, “Tsugumi” traz uma radiografia da passagem da adolescência à idade adulta das primas-protagonistas e das nuances da vida familiar no Japão contemporâneo.
Recém-instalada em Tóquio para iniciar a vida universitária, Maria Shirakawa, a personagem-narradora de “Tsugumi”, ainda não se desconectou por completo da paradisíaca cidade litorânea na península de Izu, onde, desde pequena, crescera na companhia das primas Yoko e Tsugumi. Dona de beleza hipnótica, Tsugumi padece de uma doença crônica, que a mantém em permanente risco de vida. A saúde debilitada, no entanto, não inibe uma personalidade cruel: a delicadeza é algo que passa longe de seu repertório de virtudes. Para conviver com Tsugumi, doses cavalares de paciência e resignação são recomendáveis – Maria que o diga, bem como quem mais se colocar em seu caminho.
O relacionamento ao mesmo tempo afável e tortuoso entre as primas será testado nas próximas férias de verão, quando Maria aceita o convite de Tsugumi para voltar à cidade natal a fim de passarem uma última estada juntas. Ali, muito além de matar saudades da maresia e das caminhadas na areia com o cão Poti, Maria viverá dias singelos.
O tom de leve melancolia que percorre toda a trama é potencializado, ao mesmo tempo, pela ideia de despedida vivenciada por Maria e pela saúde frágil de Tsugumi. Combinado a tudo isso, os pequenos dramas e aventuras com os quais as personagens têm de lidar pintam um belo retrato da juventude japonesa. Depois daquele verão, nada será como antes.
A autora
Filha do poeta e militante de esquerda Takaaki Yoshimoto (1924-2012), Banana Yoshida, nasceu em Tóquio, em 24 de julho de 1964. A autora, cujo nome de batismo é Mahoko Yoshimoto, começou a escrever bem cedo, com apenas cinco anos de idade, e adotou o pseudônimo “Banana” pelo apreço que tem por flores de bananeira.
Formada em literatura pela Universidade Nihon, foi muito bem recebida pela crítica por sua obra de estreia “Kitchen”, publicada em 1988, quando ainda era estudante universitária. Obra que lhe rendeu o prêmio literário Izumi Kyoka.
Com personagens sempre excêntricos, os livros de Banana Yoshimoto, que já foram traduzidos para mais de vinte idiomas, têm como marcas mais evidentes o tema da morte e a preferência por protagonistas mulheres.
Além de “Tsugumi”, que lhe rendeu em 1989, ano de publicação da edição japonesa, o Yamamoto Shugoro – prêmio literário local concedido anualmente a livros que se destaquem como exemplos de arte narrativa –, a obra da autora é composta pelos títulos: “Mizuumi” (O Lago, 2005); “Moshi moshi Shimokitazawa” (Olá Shimokitazawa, 2010); e Tori-tachi (Pássaros, 2014).
“Tsugumi”
Banana Yoshimoto
Tradução Lica Hashimoto
Editora Estação Liberdade
184 páginas
R$ 38,00