Conheça as paisagens fascinantes e as curiosidades dos principais patrimônios mundiais da Unesco localizados na terra do sol nascente

Texto: Tamires Alês

 

Terra de inúmeras facetas, o Japão consegue reunir em seu território tanto a modernidade e a tecnologia, quanto belezas naturais e tesouros culturais, dignos de serem compilados na lista de patrimônios culturais e naturais do mundo, elaborada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Os patrimônios mundiais da humanidade são listados pela entidade com o objetivo de estimular a preservação dos ambientes. Todos os anos, novos locais de excepcional importância cultural ou natural são adicionados. A lista reúne cordilheiras, florestas, lagos, desertos, santuários, edifícios, complexos ou cidades. A maioria dos patrimônios corre risco, e os locais que ganham essa definição conseguem obter fundos para a sua manutenção. Atualmente, o catálogo inclui 1.092 sítios em 167 países diferentes.

Desde 2008, a entidade também selecionada os patrimônios imateriais, ou seja, expressões e tradições de um grupo como lendas, músicas, danças, festas, celebrações, saberes e técnicas, que são transmitidos para as próximas gerações. Ao todo, existem 508 itens, de 122 países.

O Japão possui 46 patrimônios mundiais, sendo eles, 4 naturais, 17 culturais e 25 imateriais. Nas páginas a seguir, você, caro leitor, confere alguns destes locais e tradições, que se são patrimônios da humanidade.

 

 

PATRIMÔNIOS NATURAIS

 

Ilha de Yakushima

Desde 1993, mais de um quinto da Ilha de Yakushima, localizada ao sul da província de Kagoshima, recebeu a designação de patrimônio natural. A Ilha possui áreas costeiras subtropicais e as montanhas mais altas da região de Kyushu. Além disso, Yakushima apresenta uma flora rica, com cerca de 1.900 espécies e subespécies, incluindo as amostras milenares do sugi (cedro japonês). Estima-se que uma dessas árvores, conhecida como Sugi Jomon, tenha mais de 7 mil anos de idade. Esta floresta também inspirou o anime Princesa Mononoke, de Hayao Miyazaki.

 

 

Shirakami-Sanchi

Compreendendo uma área de 130 mil hectares, Shirakami se estende pelas províncias de Aomori e Akita, no extremo norte da ilha principal de Honshu. A região, incluída na lista de patrimônios em 1993, é uma das poucas florestas temperadas virgens do norte do Japão. Cercado por vales e cachoeiras, o território montanhoso é habitat de animais raros como o urso-negro-asiático, pica-paus e outras 87 espécies de aves.

 

 

Shiretoko

Conhecida como “Reino das Cachoeiras”, Shiretoko é uma península localizada no nordeste da província de Hokkaido, no norte do arquipélago japonês. Acessível apenas a pé ou de barco, a região é lar de diversas espécies de plantas e animais ameaçados de extinção como baleias, leões marinhos, espécies de salmão e pássaros migratórios. Presente na lista de patrimônios desde 2005, Shiretoko é uma das regiões mais remotas e selvagens do Japão e um bom exemplo de interação dos ecossistemas marítimo e terrestre.

 

 

Ilhas Ogasawara

Listada como patrimônio em 2011, Ogasawara compreende mais de 30 ilhas, que cobrem uma área de 7.393 hectares. As ilhas abrigam paisagens variadas, uma fauna rica, incluindo centenas de animais e 195 espécies de aves, muitas delas em perigo de extinção, e inúmeras espécies de peixes, cetáceos e corais. De maneira geral, as ilhas são paradisíacas e desabitadas e estão localizadas a cerca de 1 mil quilômetros ao sul do arquipélago japonês.

 

 

PATRIMÔNIOS CULTURAIS

 

Himeji-jo (Castelo de Himeji)

O Castelo de Himeji, localizado na Província de Hyogo, é um grande exemplo da arquitetura antiga feudal japonesa, pois preserva todas as características originais do feudalismo, que prevaleceu no Japão até a restauração Meiji, em 1868. Ele começou a ser construído como um forte em 1333 e foi finalizado no início do século 17. É formado por um complexo de 82 prédios de madeira, pintados de branco que se destacam no alto de uma colina. O castelo é um dos mais visitados do país e, desde 1993, desfruta do título de patrimônio cultural da humanidade.

 

 

Monumentos Históricos da Antiga Quioto (Cidades de Quioto, Uji e Otsu)

Jardins, pavilhões e um castelo compõem os Monumentos Históricos da Antiga Quioto, que abrangem 17 sítios localizados em três cidades do Japão: Quioto, Uji e Otsu. Construída em 794, Quioto era a capital imperial do Japão até meados do século XIX. Considerada o centro da cultura milenar do país, Quioto é um exemplo vivo do desenvolvimento da arquitetura japonesa. É também conhecida por seus belos jardins zen, que influenciaram o paisagismo ao redor do mundo. Em 1994, os monumentos entraram para a lista de patrimônios culturais.

 

 

Memorial da Paz de Hiroshima (Genbaku Dome)

Única estrutura que sobrou após a explosão da bomba atômica que devastou Hiroshima e matou milhares de pessoas, no fim da Segunda Guerra Mundial, no dia 06 de agosto de 1945, o Memorial da Paz de Hiroshima (Genbaku Dome) é o símbolo da tragédia e tem como missão propagar a paz, para que o mesmo erro não seja repetido por outras gerações. O edifício foi originalmente construído em 1915 para ser o Centro de Promoção Industrial de Hiroshima. Mantido, propositalmente, no mesmo estado de quando a explosão aconteceu, o Memorial é patrimônio cultural desde 1996.

 

 

Santuário de Itsukushima

As marés moldam a beleza deste patrimônio, presente na lista da Unesco desde 1996. Ora sobre o mar, ora sobre a terra, o torii é a marca deste local sagrado do xintoísmo, localizado no mar de Seto, no litoral da província de Hiroshima. A propriedade compreende dezessete prédios e três outras estruturas formando dois complexos de santuário: o Honsha que forma o santuário principal e o complexo Sessha Marodo-jinja, além de edifícios auxiliares, bem como uma área florestal ao redor do Monte.

 

 

Monumentos Históricos de Nara

O patrimônio, reconhecido em 1998, é composto por templos budistas, santuários shintoístas, além das ruínas do antigo palácio imperial. Entre 710 e 784, Nara era a capital do Japão e este Monumentos Históricos revelam a evolução da arquitetura e da arte no Japão. Um dos destaques, é a gigantesca estátua do Buda, com seus 14.7 metros de altura, guardado no templo Tôdai-ji. Também estão na lista: Kofuku-ji, Kasuga Taisha, Gango-ji, Templo de Yakushi-ji, Toshodai-ji, Heijō Palácio e Floresta primitiva de Kasugayama.

 

 

Fujisan, lugar sagrado e fonte de inspiração artística

Devido à inspiração que este vulcão despertou em diversas gerações de artistas ao longo dos séculos, o Monte Fuji, que se eleva a 3.776 metros, tornou-se, em 2013, um dos Patrimônios Culturais da Unesco. O patrimônio abrange 25 locais que refletem a essência da paisagem sagrada do Fujisan, incluindo elementos importantes para o xintoísmo e o budismo, tais como suas rotas de peregrinação e santuários, além de sítios ao redor da base da montanha, como o santuário Sengen-Jinja, casas de hospedagem, e um grupo de “fenômenos naturais reverenciados” (fontes, cascatas, pinheiros e árvores moldadas na lava).

 

 

PATRIMÔNIOS IMATERIAIS

 

Bunraku

O Bunraku – teatro profissional de bonecos do Japão – é uma das quatro formas de teatro clássico japonês que são patrimônio imaterial da humanidade, sendo os outros: kabuki, noh e kyogen. Desenvolvido primeiramente nos séculos XVII e XVIII, ganhou o título da Unesco em 2008. Em conjunto com o kabuki, o bunraku se desenvolveu como uma parte vibrante da cultura comercial do período Edo (1603-1868). Apesar de usar bonecos, o bunraku não é um teatro para crianças. E muitas de suas peças mais famosas foram escritas pelo maior dramaturgo do Japão, Monzaemon Chikamatsu (1653-1724).

 

 

Kumiodori

Tradicional teatro musical de Okinawa, o Kumiodori também integra uma série de elementos das principais ilhas do Japão e da China. Patrimônio imaterial desde 2010, as obras do kumiodori relacionam eventos históricos ou lendários com o acompanhamento musical do sanshin, instrumento okinawano de três cordas. As declamações têm um ritmo muito particular, baseado na poesia tradicional e na característica de entonação do estilo Ryukyu, e são interpretadas em uchinaaguchi, dialeto tradicional de Okinawa.

 

 

Mibu no Hana Taue

Considerado patrimônio imaterial desde 2011 pela Unesco, o Mibu no Hana Taue é um ritual de replantio do arroz praticado pelas comunidades de Mibu e Kawahigashi, localizadas na província de Hiroshima. No primeiro domingo de junho, os camponeses se reúnem e cantam acompanhados de tambores, flautas e gongos, para honrar a divindade do arroz para que haja uma colheita abundante.

 

Sada Shin No

O Sada Shin Noh, patrimônio imaterial desde 2011, é um conjunto de danças realizado na cidade de Matsue, no Japão. Celebrado em 24 e 25 de setembro, no santuário de Sada, os participantes dançam, acompanhados de flautas e tambores, enquanto seguram feixes de junco para purificá-los e oferecê-los às divindades. Todas essas danças são transmitidas de geração em geração entre os membros da comunidade, e a Associação para a Preservação do Sada Shin Noh está ativamente dedicada a salvaguardá-las.

 

Washoku

A gastronomia tradicional japonesa foi reconhecida em 2013 pela UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade. Denominada como washoku, é uma prática social baseada em um conjunto de habilidades práticas, tradições e conhecimentos relacionados à produção, tratamento, preparação e consumo de alimentos. Ou seja, desde a escolha dos ingredientes e temperos até os métodos de preparo e consumo, o washoku prioriza a sazonalidade dos alimentos e as qualidades de cada estação do ano, respeitando a natureza e utilizando os recursos naturais de maneira sustentável.

 

Raiho-shin

Mais recente patrimônio imaterial do Japão, listado em 2018, Raiho-shin são rituais de honra das divindades do mundo exterior. São realizados em várias regiões do Japão como Tohoku, Hokuriku, Kyushu e Okinawa. As celebrações ocorrem em dias que começam o Ano Novo ou as estações do ano, e sua origem encontra-se na crença popular de que essas divindades visitam as comunidades nessas épocas para trazer felicidade e boa sorte. Durante as celebrações, os moradores das cidades que praticam os rituais usam figurinos extravagantes e máscaras.