A Netflix começou a lançar mundialmente em seu catálogo para seus assinantes os filmes animes do consagrado Studio Ghibli, um dos mais respeitados estúdios de animação do Japão e do mundo. Hayao Miyazaki, um dos fundadores do estúdio e conhecido como o Deus do Anime, é responsável por diversas obras conhecidas mundialmente, como A Viagem de Chihiro, Meu Amigo Totoro e Princesa Mononoke e esta é a primeira vez que (quase) todos os filmes do estúdio são disponibilizados oficialmente no Brasil, sendo alguns deles oferecendo versões dubladas e outros apenas com legendas em português.

Os lançamentos dos 21 filmes acontecerão em três levas, sendo a primeira disponibilizada em 1º de Fevereiro, seguido por uma segunda leva em 1º de Março e uma terceira leva em 1º de Abril.

Aqui você pode conferir os 7 primeiros filmes já disponiveis pela Netflix:

LAPUTA: O CASTELO NO CÉU (Tenkū no Shiro Rapyuta – 1986)

Mais conhecido no Japão como “Laputa” (se lê “lá-pyutá”), o longa metragem sobre um castelo no céu foi a primeira produção oficial do Ghibli, afinal Nausicaa foi lançado antes do estúdio se formar. Tal qual o antecessor, O Castelo no Céu foi dirigido por Hayao Miyazaki, produzido por Isao Takahata e contou com a belíssima trilha sonora de Joe Hisaishi, trio presente em muitos outros clássicos.

O Castelo no Céu oferece uma história repleta de aventura, ação e uma pitada de características do gênero steampunk (em que os humanos utilizam maciçamente máquinas a vapor para o progresso). A trama é protagonizada por Sheeta, uma jovem detentora de uma pedra mágica, que é capturada por um bandido cujo objetivo é usar os poderes da pedra para acessar a cidade de Laputa. Após escapar, Sheeta conhece o órfão Pazu e os dois se unem para explorar a tal cidade.

O nome “Laputa” pode ser um pouco estranho para nós latinos, mas isso é uma referência a uma ilha flutuante que apareceu no livro As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Por também ter esse elemento da verticalidade, Hayao Miyazaki usou e abusou de suas famosas cenas de voo que viriam a aparecer em quase todos seus longas.


MEU AMIGO TOTORO (Tonari no Totoro – 1988)

Em 1988 o estúdio Ghibli chegou aos cinemas com dois filmes lançados no mesmo dia. Enquanto o diretor Isao Takahata levou o Japão às lágrimas com seu longa O Túmulo dos Vagalumes (não presente no pacote da Netflix), Hayao Miyazaki apareceu com um dos filmes mais emblemáticos (e fofos) do estúdio, Meu Amigo Totoro. O personagem título, um espírito da floresta peludo e gigantesco, acabou se tornando o mascote do Ghibli e a venda de produtos licenciados ajudou a deixar o caixa do estúdio no azul.

Em Meu Amigo Totoro, acompanhamos a mudança de Tatsuo e suas duas filhas, Satsuki e Mei, para o interior do Japão para ficarem próximos do hospital no qual a mãe das crianças está internada. Tatsuo estimula a criatividade de suas filhas contando sobre os espíritos responsáveis por cuidar da natureza, e as meninas encontram o gigantesco Totoro durante um passeio pela floresta. Não se deixe enganar pelo roteiro “bobinho”, Meu Amigo Totoro é um dos melhores filmes do Ghibli e é capaz de deixar o espectador maravilhado pela animação e apreensivo pelos acontecimentos perto do final.

Totoro é, sem sombra de dúvidas, um dos personagens mais importantes da história da animação japonesa. O personagem aparece em uma infinidade de produtos, é uma das atrações do Museu do Ghibli e a música tema de abertura é cantada até hoje para crianças pequenas em escolas.


O SERVIÇO DE ENTREGAS DA KIKI (Majo no Takkyūbin – 1989)

Com o sucesso de Meu Amigo Totoro, o Ghibli continuou investindo em histórias mais leves para toda a família como foi o caso de O Serviço de Entregas da Kiki. Contando novamente com a direção de Hayao Miyazaki e a trilha sonora de Joe Hisaishi, o filme é uma adaptação de um livro lançado alguns anos antes sobre uma bruxa chamada Kiki e de suas entregas feitas com sua vassoura.

A história de O Serviço de Entregas da Kiki não traz nenhum grande antagonista e nem dramas muito pesados. Durante o filme a gente vê Kiki fazendo entregas, limpando seu quarto, fazendo amizades com vizinhos e conhecendo pessoas novas e fascinantes. O filme esconde temas como “crescer” em meio a uma trama muito gostosinha de se assistir.

Hayao Miyazaki com Kiki reforçou uma de suas principais habilidades em seus filmes: mostrar mulheres protagonistas fortes. O filme chegou a ser lançado nos EUA, mas passou por adaptações severas… além da trilha sonora alterada, foram incluídas várias piadinhas inexistentes no original. Na versão americana o gato Jiji faz muitos comentários engraçadinhos quando não aparece na tela, já no original ele é muito mais contido.


MEMÓRIAS DE ONTEM (Omohide Poro Poro – 1991)

O diretor Isao Takahata, de O Túmulo dos Vagalumes, voltou ao posto de diretor de um filme do Ghilbi em Memórias de Ontem. Após uma série de filmes fantásticos e repletos de criaturas místicas, o estúdio apresentou um longa com um pouco mais de pé no chão.

Memórias de Ontem é protagonizado por Taeko, uma mulher de Tóquio um pouco viciada em trabalhar. Com o objetivo de visitar a família de sua irmã, ela se despede momentaneamente da cidade grande e viaja a Yamagata, e no caminho ela reflete se sua vida atual é o que sempre sonhou mesmo.

A história, bem mais adulta se comparada às dos filmes antecessores, é uma adaptação de um mangá homônimo publicado em 1982 no Japão, e é um dos menos lembrados longas do estúdio. Contribui para isso o fato de não ter Hayao Miyazaki diretamente em alguma função, mas não pense se tratar de uma animação dispensável. Como as demais produções do estúdio, é um deleite de se assistir.


PORCO ROSSO: O ÚLTIMO HERÓI ROMÂNTICO (Kurenai no Buta – 1992)

Uma das grandes paixões de Miyazaki é a aviação, e talvez por isso tenhamos tantas cenas aéreas caprichadas em seus filmes. Com Porco Rosso ele foi além e criou uma história ambientada no mar Adriático no período entre-guerras, numa trama repleta de aviões e combates aéreos. O protagonista? Um porco!

Porco Rosso conta a história de Marco Porcellino, um piloto de avião que acabou se transformando em um porco antropormófico e passou a trabalhar como caçador de recompensas na região do Adriático. Em suas aventuras ele conhece a jovem Fio Piccolo e participa de uma competição contra o egocêntrico piloto Donald Curtis.

Acostumado a histórias fantásticas, Hayao Miyazaki criou uma trama um pouco mais realista (nas devidas proporções, afinal o protagonista é um porco piloto de aviões). Porco Rosso se passa em um momento específico da História Mundial e há alguns questionamentos políticos na história. Uma cena, que chegou a virar meme recentemente, mostra Marco em um cinema afirmando “melhor um porco a um fascista”.


EU POSSO OUVIR O OCEANO (Umi ga Kikoeru – 1993)

Ao contrário dos demais filmes do Ghibli presentes nesta lista, e no catálogo da Netflix, este filme não foi lançado para o cinema. Eu Posso Ouvir o Oceano foi uma animação feita exclusivamente para a televisão, exibido em 5 de maio pela Nippon TV, e foi tratado internamente pelo estúdio como uma proposta muito específica de treinar a equipe.

O filme se passa na cidade de Kochi, e mostra os amigos Yutaka e Taku vivendo suas vidinhas até conhecerem Rikaku, uma aluna vinda de Tóquio, e nasce um triângulo amoroso entre esses adolescentes. Uma história bem simples, mas que surpreende pela profundidade dos personagens.

O longa foi dirigido por Tomomi Mochizuki (com 34 anos na época) e roteirizado por Nozomu Takahashi e Seiji Okuda. Boa parte da equipe de produção é composta por pessoas mais novas, pois a ideia do Ghibli era realizar um filme mais simples para essas pessoas pegarem prática do trabalho. Embora a ideia original fosse a de fazer um filme mais “baratinho”, no final das contas eles acabaram gastando muito mais do que o esperado.


CONTOS DE TERRAMAR (Gedo Senki – 2006)

Em meados dos anos 1980, Hayao Miyazaki pediu uma oportunidade à autora Ursula Le Guin para adaptar sua séries de livros sobre o arquipélago de Terramar. A princípio Ursula recusou a proposta, mas reconsiderou após ter se encantado com Meu Amigo Totoro. O sonho de ver sua série de livros virar um belo anime na mão do renomado diretor foi por água abaixo, pois Hayao Miyazaki ficou de fora da produção de Contos de Terramar, deixando a direção e roteiro para seu filho, Goro Miyazaki.

Contos de Terramar segue mais ou menos a história do primeiro livro da série, O Feiticeiro de Terramar. O protagonista é Ged, um mago que decide investigar a aparição de dragões em Terramar, e sua relação com o príncipe Arren, um garoto que ganha uma força muito grande em momentos críticos.

A estreia de Goro Miyazaki não foi das melhores. Embora o filme tenha conseguido boa bilheteria no Japão, a repercussão geral foi bem abaixo dos longas anteriores do estúdio. Ursula Le Guin chegou a declarar que o filme tomou liberdades demais e se distanciou do livro original, mas que ainda assim havia achado um bom filme. Já Goro Miyazaki levaria seis anos para voltar a dirigir um longa metragem do Ghibli.


Informações via Omelete e AdoroCinema

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