Opinião: Justa Homenagem

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Na comemoração de 120 anos do Tratado de Amizade entre o Brasil e o Japão, o digno vereador Ushitaro Kamia, com grande sensibilidade, homenageou duas grande figuras da comunidade nikkei  admiráveis: Takeo Uehara e Toyohiro Shimura…

_Nelson FukaiTakeo Uehara é pai do meu amigo Tério Uehara e grande líder da comunidade okinawana, principalmente da Vila Carrão. Conheço pouco da história do pai, mas muito do trabalho do filho. E se este diz que o pai fez o dobro do que ele faz e poderá fazer, então não é pouca coisa que o Sr. Takeo fez em prol da comunidade. Tério é um sujeito que não gosta de alardear seus feitos, que não são poucos. Só para exemplificar, algum tempo atrás a entidade Casa da Esperança Kibô-no-Iê não tinha ambulância para transportar os internos que precisassem de cuidados médicos. Tério, que é um dos mais ativos membros da diretoria da entidade, arregaçou as mangas, convocou os amigos e fez um jantar onde arrecadou importância que daria para comprar até duas ambulâncias. A Associação Okinawa da Vila Carrão está entre os maiores e mais ativos kaikans do Brasil, e certamente, tanto o homenageado, sr. Takeo Uehara, como seu filho Tério, foram figuras fundamentais para esta posição. Se como diretor sua influência como lider era inconteste, agora como presidente, Tério tem tido uma atuação primorosa. No recém acontecido Okinawa Festival, simplesmente trouxe para animar a festa, a banda BEGIN, uma das mais famosas do Japão. Gostasse ele de política, como gosta de caprichar nas camisas que usa, sem dúvida alguma seria um grande homem público.

Já o segundo homenageado, conheço bem pelos dez anos de convivência que tivemos na década de 80, no kaikan de Santana e na entidade que ainda tinha o nome de Federação das Escolas de Lingua Japonesa da Zona Norte. Toyohiro Shimura foi um dos precursores na passagem de bastão dos isseis para os nisseis, no comando das entidades da comunidade nikkei. E certamente o que fez com maior sucesso e maestria, equilibrando a rigidez do mais velhos com a impetuosidade dos mais jovens. Como meus cunhados e sobrinhos frequentavam o kaikan de Santana, num encontro casual no início dos anos 80, fui convocado por ele para ajudar no departamento de esportes e de adolescentes. E aí fui testemunha de todo o empenho e dedicação do sr. Toyohiro Shimura em trabalhar em prol da comunidade de Santana e da Zona Norte da capital. Se precisasse entrar com recursos, ele o fazia, mas principalmente ele colocava a disposição da comunidade, todos o seu tempo, a sua energia e a sua inegável competência. Torneios esportivos de atletismo e tênis de mesa e, mais tarde, de vôlei e de futsal eram realizados com organização e disciplina impecável. Vale ressaltar que teve nesta tarefa a colaboração inestimável do sr. Hiromu Wada. Shimura incentivava os jovens, que na prática acabavam sendo responsáveis pela organização desses torneios. Daí surgiram jovens lideranças, tendo Marcelo Hideshima do kaikan de Tucuruvi como expoente maior. Essas lideranças é que foram responsáveis na organização dos “Interkaikans”, que a partir dos anos 90 movimentaram os jovens da comunidade nikkei da capital e arredores. Toyohiro Shimura era um presidente de kaikan tão competente, que em determinado momento dos anos 80, nas festas especiais (Dia das Mães, Final de Ano, etc) o salão já não comportava todos os associados. O kaikan era muito bom, as festas animadas, o nihon-gakou muito eficiente, atividades para todas idades e gostos, daí que o número de associados só crescia. Na Federação da Zona Norte, na época formada por Santana, Tucuruvi, Kiowa, Cachoeira, Campo Limpo, Edu Chaves, Vila Maria e Vila Galvão, a sua liderança era tanta que sua eleição a presidente era feito por aclamação. Porque não havia diretor ou associado desses kaikans que não estivesse satisfeito com o trabalho do sr. Toyohiro Shimura. No início dos anos 90, um pouco por minha insistência, ele trabalhou para que a entidade trocasse o nome para São Paulo Norte. E com este nome ele agregou outros kaikans, transformando esta entidade numa das mais fortes regionais do Brasil. Hoje, mesmo abalado fisicamente, ainda mantém o entusiasmo e um aperto forte de mão, característica dos homens valorosos.

NELSON FUKAI é engenheiro, escritor e analisa questões do presente e passado da comunidade nipo-brasileira. E-mail: nelsonfukai@yahoo.com.br.