Camila Chiba vive Noriko de Amor à Vida e faz a sua estreia no horário nobre da Rede Globo de Televisão
Tamires Alês / Fotos Globo: Raphael Dias e Estevam Avellar
Pelos corredores do agitado hospital San Magno, um dos principais cenários da novela, “Amor à Vida”, a sansei Camila Chiba interpreta a enfermeira Noriko e faz a sua estreia no horário nobre da rede Globo de Televisão. E com um toque especial, a personagem foi um presente do autor Walcyr Carrasco, que escreveu o papel pensando na atriz. Noriko é o terceiro trabalho de Camila nas telinhas, que já atuou em “Morde e Assopra”, sua estreia na TV, em 2011, e em “Amor Eterno Amor”, ambas na Globo.
Para fazer parte da equipe que auxilia os médicos da trama, a atriz vivenciou o dia a dia de um hospital, além de assistir várias séries médicas. “Participei de um workshop junto ao elenco no (hospital) Copa D’or e tive a oportunidade de passar um dia na Coordenação de Emergência Regional Centro, no Rio. Como é um hospital público eu puder ver o trabalho dos bombeiros, médicos e enfermeiros desde a chegada do paciente até a sua transferência. Foi um dia intenso, mas importante na construção da Noriko”, conta a atriz. Segundo ela, o nome da personagem na língua japonesa tem 23 ideogramas, “23 formas de escrita e 23 significados diferentes para o mesmo. Li e reli a sinopse e entre todos escolhi ‘mulher dedicada e respeitosa’, é assim que vejo a personagem”, revela.
Com formação em Artes Cênicas pela Universidade Anhembi Morumbi, Camila começou a atuar desde cedo, ainda na escola, aos 13 anos. “Entrei por curiosidade e nunca mais sai”, afirma. No colégio participava de festivais estudantis de teatro pelo interior e em um deles foi premiada como atriz revelação, interpretando uma portuguesa. “Foi então que passei a dedicar os meus estudos ao teatro e ver as possibilidades que surgiram no meu caminho”, lembra.
Aos 26 anos, a paulista se mudou para o Rio de Janeiro, onde a novela é gravada, “mas quando sobra um tempinho volto a São Paulo, toda a minha família está lá, aí quando bate à saudade, eu corro”, confessa. Em entrevista a Mundo Ok, Camila falou sobre a carreira, a importância da cultura japonesa em sua vida, e os planos e projetos para o futuro. Confira o bate-papo!
Mundo OK: Qual a influência da cultura japonesa no seu cotidiano, tanto em termos pessoais como profissionais?
Camila Chiba: A base da minha educação é japonesa. Sempre vivi em um bairro formado por orientais. Ouço música japonesa, amo comida japonesa e tenho estudado a língua. Meus avós, que vivem no interior, fazem questão de mesclar a cultura japonesa com a realidade brasileira. Misturamos tudo, até as línguas. Se é possível dizer, sem cair no lugar comum, sou uma brasileira com cara e alma de japonês.
MOK: Você pratica alguma arte japonesa?
CC: Na faculdade elaborei um projeto sobre teatro Nô e mergulhei nesse universo. Porém, o resultado veio depois de dois anos onde participei da montagem do espetáculo “Oversized” junto ao Núcleo Hana com a direção de Alice K. Nele fizemos um espetáculo sobre a vida e obra de Anzu Furukawa. Não digo que dancei Butoh, mas tivemos um processo de montagem intenso com as práticas que a Alice K. teve junto a Anzu.
MOK: Quais trabalhos realizou antes de atuar na TV?
CC: Por sorte nunca parei de trabalhar. Depois da faculdade ingressei no backstage dos grandes musicais da Broadway. Entrei na perucaria e em seguida passei para o cargo de stage manager (gerência de palco) e participei de montagens como: “A Bela e a Fera”, “Cats” e “Priscilla: Rainha do Deserto”. Lá eu cresci, amadureci e aprendi a trabalhar em equipe, pois em um musical acabamos lidando com uma engrenagem onde tudo tem que dar certo, se não pode tudo dar errado. Apesar da minha formação como atriz, eu considero o trabalho artístico como um todo. Eu me encontrei como stage manager, mas tenho muitos amigos/artistas que são roteiristas, iluminadores, cenógrafos e por aí vai. O importante é não parar e estar disponível as oportunidades que aparecem.
MOK: Você acredita que o mercado está melhorando para os artistas orientais? Tanto no jornalismo, no cinema e na própria TV?
CC: Com certeza. Em Morde e Assopra eu conheci o Ken Kaneko. O senhor Kaneko está no mercado brasileiro há muito tempo e é um exemplo para todo artista descendente. Ele sim foi um dos primeiros atores orientais que abriu o mercado. Hoje em dia as agências de publicidade já procuram por orientais e independente da sua escolha artística (pintura, escrita, música, dança, arquitetura…), nós temos um mercado efervescente.
MOK: Você já morou no Japão e trabalhou como dekassegui… essa experiência te ajudou a construir a personagem Hoshi, de Morde e Assopra?
CC: Ajudou e muito. Quando eu li a sinopse da novela parecia que tinha sido feito pra mim. Caiu como um luva, principalmente quando estávamos gravando no Japão e o Walcyr colocou muitos questionamentos nas personagens “será que eu volto”, “o que vou fazer no Brasil” e o “dinheiro”. Toda a psicologia da personagem já estava estruturada na minha cabeça. Aí juntou a questão do cosplay e animê que ajudou a dar uma leveza na personagem ao longo da trama.
MOK: Você se identifica com a Noriko? Ou ela é bem diferente de você?
CC: Me identifico com a dedicação dela. Nunca faria enfermagem ou algo na área médica. Admiro os profissionais dessa área e o amor que têm ao próximo, em salvar vidas.
MOK: Pode adiantar o que vai acontecer com a sua personagem ao longo da trama? Ou alguma novidade do núcleo do Hospital San Magno?
CC: Novela é uma obra aberta onde tudo pode acontecer. Como eu faço uma enfermeira eu estou sempre envolvida com os médicos, circulando e por dentro de tudo que acontece lá dentro. O hospital é como uma cidade. A ideia do Walcyr é justamente essa; mostrar e humanizar a vida de cada pessoa que faz parte dessa engrenagem, sem deixar o drama de lado. Agora só ele sabe o que virá pra frente.
MOK: Como é estar diariamente no ar no horário nobre?
CC: É maravilhoso voltar à TV, principalmente em uma novela do Walcyr. Sou grata a ele pela oportunidade e pela confiança que tem em mim. E estar no “horário nobre” é saber que a maioria dos familiares e amigos vão conseguir acompanhar o seu trabalho. Dessa vez eu não preciso gravar toda a novela.
MOK: Tem algum papel especial que gostaria de representar?
CC: Quero fazer tanta coisa… atuar é você estar aberto e disponível para o que vier. Não fico pensando em algo específico, o que eu quero é ter a oportunidade de experienciar diversas mulheres.
MOK: Em toda a sua carreira, que momento elegeria como o mais marcante?
CC: Ainda estou engatinhando. Mas em Morde e Assopra eu realizei o sonho de retornar ao Japão, pois tinha ido aos 19 anos fazer arubaito (programa de trabalho temporário que geralmente é oferecido para estudantes) então eu fui com a passagem financiada e fui trabalhar na fábrica da Sony. Já com a novela foi completamente diferente, fui realizar um trabalho como atriz e tive o suporte de toda uma equipe maravilhosa. Fiquei 15 dias vivendo esse sonho.
MOK: Para finalizar, já tem algum projeto em mente após atuar em Amor à vida?
CC: O artista de televisão está sempre envolvido em vários projetos. A novela tem me absorvido muito, mas quero voltar aos palcos como atriz. Fazer teatro e de preferência comédia. Estou com um texto muito bom, mas a novela vai até o início de 2014, então só vou pensar nisso no final do ano. Até lá quero curtir essa Noriko que o Walcyr me deu de presente.