Conheça a trajetória de vida e o segredo da longevidade de Makato Yonamine, okinawana de 101 anos
Tamires Alês / Fotos Divulgação
Colaboraram: Cida Guenka e Shinji Yonamine
Uma vida em família regada a muito companheirismo, solidariedade, carinho, amor e, especialmente, união, são os principais ingredientes da história feliz e harmoniosa da okinawana Makato Yonamine. Mãe, avó, bisavó, exemplo de mulher e de vida, que no auge dos seus 101 anos esbanja saúde e disposição para viver ainda muitos e muitos anos.
Makato nasceu em Nishihara Son, na província de Okinawa, em 15 de fevereiro de 1912. Anos depois, em 1935, já com quase 23 anos, resolveu deixar sua terra natal e tentar uma vida melhor em terras tupiniquins, veio a pedido do irmão mais velho, Kamata Kohatsu.
“Resolvi deixar o Japão, devido à difícil vida que levava lá. Cheguei a passar fome e na maioria das vezes comia apenas refugos de batatas, já que as batatas boas eram vendidas. Como o governo japonês estava ajudando as pessoas que queriam vir para o Brasil trabalhar nas lavouras de café, pagando passagens e a refeição dentro do navio, decidi tentar a sorte e buscar melhor condições no Brasil. Meu objetivo era ganhar dinheiro e retornar ao Japão, ajudando assim, meus familiares”, explica a centenária, que como muitos imigrantes japoneses, fixou raízes nas terras verdes e amarelas e fez do Brasil seu novo lar.
Chegando ao Brasil foi direto para Cambará, no Paraná – cidade situada no Norte Pioneiro, cerca de 400 km da capital do estado, Curitiba –, onde vive até hoje. Makato, assim como os 24 mil habitantes da cidade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, já é uma cambaraense, de coração.
Casada com Kamesuke Yonamine, Makato teve 9 filhos: João Koei Yonamine, Irene Shizue Guskuma, Paulo Kossuke Yonamine e Jorge Mitsuo Yonamine, que assim como o marido já faleceram, além de Maria Helena Yonamine, Celso Yukishigue Yonamine, Luiz Shigueo Yonamine, Tereza Kiyoko Goya, e Haruko Kohatsu, que reside no Japão.
Ativa e batalhadora, entre suas atividades preferidas, o trabalho sempre esteve em um dos primeiros lugares. Makato também nunca deixou de ouvir suas músicas japonesas prediletas e cozinhar. Frequentar o Kaikan da região também era uma atividade comum, principalmente, em datas especiais como aniversários, casamentos e na celebração de Ano Novo.
Atualmente Makato vive com a filha mais velha, em Cambará, mas sempre que possível a família toda está reunida. “A distância atrapalha um pouquinho a reunião da família, uma vez que tenho filhos e netos que vivem em Blumenau – Santa Catarina, Rondonópolis – Mato Grosso, no Paraná e no Japão”, conta. Família essa, que está cada dia maior. Além dos filhos, Makato já tem 16 netos e 10 bisnetos.
Após uma vida de muita luta e dedicação a família, o dia-a-dia da disposta senhora atualmente é mais tranquilo, regado a almoços em família e visitas dos filhos, netos e bisnetos, e dos amigos e conhecidos.
Mas, não pense que Makato parou de “trabalhar”. Ela ainda faz questão de lavar suas próprias roupas e sempre que possível, cozinhar. Até hoje é ela que prepara o missô (pasta de soja) e o conhaco (gelatina salgada). Para se distrair, não perde suas novelas, que assiste diariamente, além de sempre que possível, assistir as apresentações das tradicionais danças da cultura japonesa e okinawana.
O segredo para tanta disposição e longevidade, segundo Makato, é nunca parar de trabalhar, tomar chá e comer. Mas não pode ser qualquer alimento, a centenária, indica o que não pode faltar na sua alimentação: shiro-gohan (arroz branco), umbusa (picadinho), tofú (queijo de soja), peixe, conhaco, sopa de subui (abóbora d’água), missoshiro (sopa de pasta de soja), gobo (bardana), kombú (algas marinhas), nabo, inhame, cará, frutas e, principalmente, goya (pepino amargo japonês), um dos seus pratos preferidos.