POLÍTICA: O que pensam os três vereadores eleitos pela comunidade

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Com três representantes na Câmara Municipal, comunidade oriental espera apoio e auxílio dos novos parlamentares

Historicamente, a cidade de São Paulo sempre contou com um representante oriental no legislativo. Nesta última eleição o cenário não foi diferente, pois, no total, três nipo-brasileiros conquistaram o direito de representar a comunidade: o já “veterano” Aurélio Nomura (PSDB), e os “marinheiros de primeira viagem”, George Hato (PMDB) e Masataka Ota (PSB). Do ponto de vista numérico, pode-se dizer que foi um número pequeno, em um cenário com mais de 300 mil descendentes somente no município; já sob a ótica da história, três eleitos é um número bastante expressivo. Em 2008, por exemplo, apenas dois conseguiram a vaga.

A partir de 2013, o trio terá uma grande missão, pois demandas por parte dos nikkeis é o que não faltam. Dos pedidos de obras e infraestrutura nas ruas, passando pela saúde e chegando aos auxílios nas dezenas de festivas que acontecem todos os anos, o trabalho será intenso. Nesse aspecto, Ota, Nomura e Hato sabem que o trabalho na vereança é repleto de cobranças. E, prometem, não deixarão de lado as entidades, associações e grupos que, de uma forma ou de outra, apoiaram.

“Sei o tamanho da minha responsabilidade em relação às pessoas que contribuíram para a minha eleição. Tenham certeza de que o meu mandato será dedicado para lutar por justiça, paz e direitos humanos para todos. Esse tem sido o meu objetivo maior nos últimos 15 anos, desde quando perdi meu filho. Na Câmara vou focar minha atuação em três itens: creche para todas as crianças, educação de qualidade em tempo integral e atendimento psicológico e social nas escolas”, explica Masataka Ota, candidato mais votado pela coligação formada por PT, PSB e PP. No total, foram 62.693 votos. “Gostaria de agradecer imensamente o apoio recebido de toda sociedade e também da comunidade nikkei, colocando desde já o meu mandato à disposição dos interesses de toda a coletividade nipo-brasileira.”

Diferente de Ota, Aurélio Nomura conhece bem os trâmites e projetos na Câmara. Afinal, já vai para o quinto mandato, com um histórico de sempre acompanhar as ações da comunidade. Além da atenção para com os orientais, o parlamentar quer centrar forças para proporcionar mais qualidade de vida à população. Caso da revisão do plano diretor, bem como soluções na área do trânsito. “Pretendo trabalhar com afinco em questões muito importantes para a capital paulista. Adotar um Plano de Mobilidade Urbana para diminuir os caóticos congestionamentos e tornar o transporte público mais eficiente, além da implantação do Anel Hidroviário”, enumera. Sobre a comunidade, Nomura continuará mantendo o apoio aos eventos, bem como o impulso para a reforma do Pavilhão Japonês – no Parque do Ibirapuera – e a efetivação do Boulevard Liberdade, espaço entre a avenida Liberdade e a rua Conselheiro Furtado, que deve incrementar a vocação turística e comercial da região.

Jovem e com muita vontade “de aprender”, George Hato entra em cena com um político que mostra, cada vez mais, sua força de atuação: o pai, deputado estadual Jooji Hato (PMDB).  Com quase 25 mil votos, o médico (também como o pai) espera corresponder à altura os votos depositados nas urnas. “São mais de quatro anos de trabalho para chegarmos a essa eleição. Foi um caminho duro, sem recursos, mas que valeu a pena. Agradeço a sociedade pelo apoio e a comunidade pelo carinho de sempre, e prometo trabalhar duro e aprender bastante, para honrar a confiança concedida pela população”, revela, acrescentando que a aproximação com a comunidade será natural – e necessária. “Fortalecer a cultura japonesa, ajudar na realização dos eventos da comunidade, e investir no esporte – com a reforma de pistas e quadras para as crianças – e na educação são minhas principais metas”, enumera.

Trabalho paralelo – Além dos três, outros dois representantes que tiveram uma votação expressiva, mas que não conseguiram se eleger, foram Ushitaro Kamia (PSD) e Victor Kobayashi (PSD). Com 22.683 e 19.198 votos, respectivamente, ambos devem continuar seu trabalho social. Kobayashi, com as ações do Instituto Paulo Kobayashi, pois “tive 19.198 votos. Pessoas que reconheceram nosso trabalho social e deram seu voto de confiança. Não foram suficientes, mas mostraram que o trabalho social ainda é reconhecido de alguma forma”. Já Kamia, com seu escritório político e apoio aos grupos de confecção, ferragens e boa parte dos okinawanos. Afinal, eleito ou não, quem nasceu para a política sabe que eleição “é uma caixinha de surpresas”. “Com ou sem mandato, vamos em frente. Estar ao lado do povo e auxiliar naquilo que for possível será sempre meu objetivo. Gostaria de agradecer, de coração, a todos que acreditaram. O trabalho não cessa”, destaca Kamia.