Como eu havia escrito no mês anteriormente, em agosto, comemora-se o obon do Calendário Lunar. Em Okinawa, este é o calendário mais usado para se realizar o Obon. Este ano, o obon do calendário lunar cairá entre os dias 13 a 15 de agosto.
Não dá para falar de obon sem falar de eisá, uma dança tradicional da ilha de Okinawa. Geralmente, os homens tocam o oodaiko e paranku (tambores grandes e pequenos), enquanto as mulheres, ficam no te-odori (dança com as mãos, vestindo um kimono curto). Em algumas regiões, há também o te-odori masculino. Há grupos em que o te-odori utiliza sanbá e yotsudake (semelhante a castanhola). Em alguns grupos, podemos ver o chondara, um personagem cômico, que geralmente aparece com o rosto pintado de branco e desenhado com linhas pretas. Sua função é animar a plateia, fazendo todos dançarem e caírem na risada. Eles pulam, giram e assobiam durante a apresentação. Há também o hatagashira (espécie de bandeira, bem alta), que além de levar o nome do grupo, precisa se manter no ritmo da música. Acredita-se que esta bandeira seja a ponte entre o Céu e a Terra e também, que as batidas do taiko servem para guiar os mortos até o céu, despedindo-se depois de 3 dias de visita durante o obon na Terra. Os grupos mais tradicionais, tem o jikata (músicos que tocam sanshin e cantam ao vivo).
O eisá varia em cada região. Em Uruma-shi, por exemplo,o grupo Heshikiya Eisá tem mais de 200 anos de história e mantém o estilo de dança tradicional até os dias de hoje. Neste grupo, somente os homens tocam o taiko (tambor), enquanto as mulheres fazem o te-odori.
Já Okinawa-shi, é conhecida por ser a cidade do eisá. Lá, encontram-se grande parte dos grupos de eisá, que geralmente são formados por jovens do seinenkai de cada bairro. Todo o ano, é realizado o Okinawa Zento Eisá Matsuri, um festival arrepiante, que conta com apresentações de danças tradicionais e modernas! Se você for a Okinawa na época de obon, vale muito a pena sair nas ruas e ver os desfiles dos grupos de eisá, chamados de michijune.
Na cidade de Urasoe, acontece o Festival Mundial de Eisá, onde grupos do mundo inteiro participam de uma competição, podendo criar novas coreografias e misturá-las com elementos de vários países.
No Brasil, há dois grandes grupos de eisá moderno: O Ryukyu Koku Matsuri Daiko e o Requios Geino Dokokai, ambos com filiais espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Suas coreografias são cheias de movimentos e energia, com um ritmo de música moderno e mixado.
E em Campo Grande, existe um grupo de eisá tradicional, chamado Kariyushi Daiko, compostos pelos membros do seinenkai da Associação Okinawa Kenjin de Campo Grande.
Seja em Okinawa ou no Brasil, com certeza, você irá se divertir apreciando uma apresentação de eisá! Se você for ao Okinawa Festival, na Vila Carrão, esta é uma ótima oportunidade para prestigiar esses grupos!