Saiba qual é o melhor presente, o que se deve evitar e a embalagem ideal para presentear os orientais
Não errar na escolha de um presente, independente da data festiva, é fundamental em qualquer cultura. Mas, entre os orientais, evitar alguns objetos é imprescindível para não cometer nenhuma gafe e manter a amizade. Junto com as celebrações de final de ano, confraternizações e amigo secreto, chega também o momento de comprar os presentes para os amigos e familiares, e para ninguém deslizar na escolha, a Mundo Ok conversou com alguns especialistas em cultura oriental e preparou uma matéria especial sobre presentes, com dicas e curiosidades para presentear em todas as épocas.
De acordo com a pesquisadora da cultura, etiqueta social e empresarial japonesa, LumiToyoda, os orientais, especificamente os japoneses, seguem alguns rituais no último mês do ano, como a troca de presentes, que acontece durante todo o mês de dezembro. “Os japoneses fazem a troca de presentes, chamados de oseibo, durante todo o mês como uma forma de agradecimento aos favores prestados durante o ano. Tanto empresas e comércios, como particulares seguem esse costume”, conta Lumi.
“Também é comum entre os japoneses quando voltam de uma viagem ou visitam alguém levar um omiyaguê – presente ou lembrança que representa uma região”, explica a professora e bibliotecária da Aliança Cultural Brasil-Japão, HirokoNishizawa.
Alguns amuletos também são presentes comuns entre os japoneses. “O manekineko é uma boa opção para presentear alguém que abra um comércio, já que traz sorte e dinheiro para o presenteado. O darumá é indicado para aqueles que desejam algo, como passar no vestibular ou conseguir um novo emprego”, detalha Hiroko.
“Outras lembranças comuns são aquelas encontradas nos templos religiosos como o omamori, uma mensagem de paz, sorte ou fé, abençoada e guardada em um saquinho de tecido, preso com uma cordinha que permite que seja amarrado em qualquer lugar; o omikuji, sortes escritas em tiras de papel, você um se a sorte for boa leva para casa, se for ruim deixa amarrada no templo para o azar ficar por lá; e o ema, uma plaquinha de madeira onde as pessoas escrevem seus desejos e penduram em uma área reservada própria para isso nos templos”, enumera a professora.
As opções de presentes são inúmeras, mas alguns devem ficar fora da lista. De acordo comLumi, não só neste período, mas sempre que for presentear um japonês, deve-se evitar alguns produtos, como objetos cortantes, que significam algo como “cortar a amizade”.
É recomendado também, segundo Hiroko, evitar presentes com o número 4 e 9 ou nessa quantidade, pois são considerados números de má sorte, já que o 4 é chamado de shi, um homófono (mesma pronúncia) de morte, e o 9 quando pronunciado ku, é homófono de sofrimento.
Lenços brancos ou chá verde também estão na lista dos presentes mal vistos. “O lenço, pois se assemelha ao lenço branco que cobre a cabeça do falecido, no funeral, e o chá porque é a bebida servida nas cerimônias de morte”, enumera a professora.
Vales-presentes também não são boas opções, “pois demonstra que a pessoa não teve consideração e dedicação para procurar um presente especial para o presenteado”, revela Hiroko.
Em casamentos, segundo a professora, não é indicado presentear com produtos de vidro ou espelho – a não ser que os noivos tenham pedido – pois são objetos que podem quebrar e junto com eles, supostamente, quebraria a relação do casal.
Quando a pessoa está internada no hospital “não é de bom tom presenteá-la com um vaso de flores, já que tem raízes, e soa como se você desejasse que a doença crie raízes na pessoa. Algumas flores também não são indicadas, como a cíclame, crisântemo, camélia e hortênsia”, conta Hiroko.
Já quando alguém inaugura um comércio ou abre as portas de sua casa para uma visita não é indicado “presentear com isqueiro, cinzeiro ou objetos semelhantes, pois têm relação com fogo. A mesma explicação para presentear alguém com um buquê de flores vermelhas”, completa a professora.
Muito além do presente
Mas, não são só os presentes que merecem uma atenção especial, é essencial também caprichar na embalagem, principalmente no Japão. “Qualquer presente deve ser muito bem embalado. O objeto a ser presenteado é embrulhado finamente em papel, tecido ou outros materiais”, relata Lumi.
“E caso a pessoa leve pessoalmente o presente para entregar a seu presenteado, é costume, para não sujar a embalagem, proteger o presente embrulhando-o em um lenço para essa finalidade, o furoshiki”, revela a especialista.
Algumas cores devem ser evitadas nas embalagens explica a professora Hiroko: “O embrulho do presente nunca deve ser preto, pela analogia a morte. E só deve ser vermelho se você tem interesse em declarar o seu amor pelo presenteado”, conta.
Os cartões também fazem sucesso na terra do sol nascente, principalmente, no Ano Novo. Segundo Lumi, os cartões desejando prosperidade e coisas positivas são muito comuns na virada do ano, tanto que eles são enviados durante todo o mês de dezembro e ficam armazenados nos correios japoneses e só são distribuídos, todos de uma só vez, no primeiro dia do ano.
Na cultura chinesa
Sendo um dos produtos artesanais mais conhecidos e populares em todo o mundo, o “jie”, nó chinês, é caracterizado por ser entrelaçado numa corda fina unida por diferentes nós que formam desenhos que dão boa sorte. Esseé um dos principais amuletos da China e uma opção de presente sempre muito utilizada pelos chineses.
Cada um dos nós possui um nome específico, de acordo com sua forma e significado, como por exemplo, Ruyjiie, o nó do desejo e Panchangjie, o nó da longevidade. “Todos os nós expressam boa sorte, refletindo antigas crenças assim como a aspiração do povo chinês pela sinceridade, bondade e beleza”, ressalta o secretário geral do Instituto Aliança Brasil-China, o professor SungTien Lo.
Sungexplica que dois amuletos, que formam um dos mais significativos exemplos da cultura milenar chinesa “são a ‘yu’, pedra jade, que no formato da fruta pêssego, tem mais significado ainda, pois simboliza longevidade, presa ao cordão de um nó chinês, completa um forte amuleto da sorte, felicidade e longevidade”, conta. “Os nós e a pedra jade podem ser presenteados em qualquer data. Eu, por exemplo, presenteei um casal de amigo, que comemorava o nascimento do primogênito, desejando vida longa, saudável e felicidades ao pequeno bebê”, completa.
Segundo registros históricos, ainda nos tempos remotos, os ancestrais c
hineses registravam os assuntos com nós nas cordas. Esta tradição foi mantida até o surgimento dos caracteres primitivos.
Eles também são comuns nos casamentos, onde os nós são colocados na cortina do leito do casal, pois impedirá o casal de se separar e vai manter os noivos sempre apaixonados.
Tradições coreanas
Na Coreia, de acordo com informações do Centro Cultural Coreano no Brasil, um dos presentes típicos, principalmente para as crianças é o sebaetdon, presente em dinheiro recebido das mãos dos mais velhos da família, pela reverência de Ano Novo – o do calendário lunar, a data mais importante para os coreanos por se acreditar que seja o primeiro dia da partida do Sol.
Nessa data, os coreanos evitam cometer más atitudes. É nesse dia também, que encontram seus familiares, desfrutam de comidas saborosas, típicas dessa data como o sechan (comidas do Ano) e o seju (bebida do Ano), e realizam a cerimônia Jeongcho (Manhã de Ano Novo), cultuando-se os antepassados. Após a cerimônia faz-se uma reverência frente aos mais velhos da família, em ordem decrescente de idade. Esse primeiro cumprimento do ano novo é denominado sebae (reverência do Ano). Na sequência, tem-se a primeira refeição da manhã com tteokguk (sopa de bolinho feito de arroz), reunindo-se a família e os vizinhos para continuar as comemorações durante o dia.
Essa data é sempre comemorada com alegria, a qual as crianças aguardam ansiosamente, já que além do presente é comum também praticar jogos folclóricos como neolttwigi (pular em uma gangorra baixa com o objetivo de desequilibrar o adversário), yuunnori (jogo de tabuleiro tradicional) e yeonnalligi (soltar pipa).